Paralímpicos: Luís Costa, como o Vinho do Porto!
Paraciclista português de 51 anos conquista medalha de bronze no contrarrelógio (H5) e define-se com a analogia de 'quanto mais velho melhor'. Por esse motivo, ainda pensa em competir em Los Angeles-2028: «E se aos 60 sagrar-me campeão paralímpico?»
Aos 51 anos, o corredor em cadeira de rodas Luís Costa disse que se sente «como o Vinho do Porto» [quanto mais velho melhor], depois de conquistado, quarta-feira, a medalha de bronze em ciclismo, no contrarrelógio da classe H5, nos Jogos Paralímpicos. É a primeira medalha do ciclismo português em Jogos Paralímpicos, a quarta da representação lusa em Paris-2024, a segunda de bronze que se soma a também de ouro. No entanto, para Luís Costa era a que lhe faltava.
«À terceira foi de vez, faltava-me esta medalha no currículo, depois de ter conseguido outras em europeus e mundiais. Foi para isto que trabalhei», afirmou no final da prova, junto da companheira e dos dois filhos.
«Tem sido sempre a subir, a idade vai avançando e os resultados vão melhorando. Sinto-me como o vinho do Porto. Até tenho medo de se continuar até aos 60 anos ainda me sagrar campeão paralímpico ou coisa parecida. Se calhar, é melhor parar em Los Angeles, se lá chegar», afirmou o atleta amputado da perna direita e o mais veterano da comitiva portuguesa nestes Jogos.
O alentejano de Castro Verde percorreu os 28,3 quilómetros do contrarrelógio em 44.26,32 minutos, mais 3.24,73 minutos do que vencedor, o neerlandês Mitch Valize, e admitiu-se surpreendido com o «andamento» que imprimiu na prova. «Vinha para chegar às medalhas, sabia que ganhar era difícil, mas a verdade é que fiquei um pouco surpreendido com o andamento que tive. É sinal de que fiz uma boa preparação, de que tive um bom acompanhamento médico, do treinador, do mecânico, de toda a equipa», destacou.
«Quando terminei a primeira volta, pensei: Vou acima do meu limite, não sei se faço outra volta assim, mas olha vou até rebentar, sempre no red line», contou, antes de passar às dedicatórias. «Esta medalha é para dedicar ao meu pai que está lá em cima, sei que se ele estivesse cá hoje teria muito orgulho em mim; e à minha família, que está aqui, e que tantas vezes sobrecarrego para me dedicar a isto».
Depois de um sexto lugar em Tóquio-2020, e de um oitavo no Rio-2016, Luís Costa diz que o despertar de uma noite bem dormida contribuiu para o sucesso. «Acordei focado e pensei: ‘hoje é um dia bom para tentar ganhar uma medalha’. Mas sabia que para isso tinha de me superar», realça.
Com o bronze de Luís Costa, que se junta ao do nadador Diogo Cancela nos 200 metros estilos, e aos ouros de Miguel Monteiro no lançamento do peso, e de Cristina Gonçalves no torneio individual de boccia BC2, Portugal iguala o número de medalhas conquistada no Rio-2016 e elevou para 98 o número de pódios conseguidos por Portugal na competição em 11 participações.
Baldé: diploma e recorde
No Stade de France, Mamudo Baldé qualificou-se para a final dos 100 metros T54 com novo recorde nacional, marca que lhe teria garantido a prata, mas o velocista, de 19 anos, terminou em quinto, com diploma. Diogo Cancela, bronze nos 200 metros estilos, voltou à piscina, mas ficou fora da final dos 400 livres, com 10.º tempo. Telmo Pinão terminou na 9.ª posição o contrarrelógio C1, após ter sofrido percalço mecânico (queda de corrente da bicicleta).