Surfista recordou o dia em que encontrou (e impressionou) um dos maiores nomes da história da modalidade
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Entrevista A BOLA «O Kelly Slater partiu a prancha ao meio, eu vinha atrás e fiz a minha melhor onda do dia»

SURF19.12.202408:00

João Kopke esteve à conversa com a A BOLA, onde falou sobre a série 'Movimento', sustentabilidade ambiental e o amor ao surf e ao mar

Surfista. Músico. Cantor lírico. Criador de conteúdos. Contador de histórias. João Kopke é tudo isto e muito mais. Aos 29 anos, acaba de lançar mais uma série documental, denominada 'Movimento', que será transmitida n'A BOLA TV, onde junta duas das grandes paixões da sua vida, o mar e o surf, ao mesmo tempo que conta histórias de pessoas que procuram fazer a diferença, em termos de sustentabilidade ambiental.

João Kopke a fazer o que ama: surfar

«O mar e o surf são indissociáveis da sustentabilidade, porque nós dependemos de um dos meios mais ameaçados de todos. E dependemos não só a um nível muito prático, porque surfamos todos os dias, precisamos de ondas, precisamos das tempestades e da regularidade dos padrões, como também a um nível muito emocional. O mar deixa de ser só este lugar bonito e passa a ser algo que pertence aos nossos corações, que faz parte da nossa vida, com o que sonhamos todos os dias. É quase família, é estranho o sentimento. Falo do mar como quem fala de um irmão ou como quem fala de um parente muito querido», disse, à conversa com a A BOLA.

João Kopke, em declarações a A BOLA
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«Só que de repente olhas e vês que, não só no surf, à tua volta, os materiais que nós usamos, a capacidade que nós temos de fazer algo, podia ir mais longe. Mas, ao mesmo tempo, vês que há gente que decidiu não ficar parada, que decidiu avançar. Muitas vezes, estamos dependentes das decisões de uma outra pessoa ou entidade e achamos não conseguimos fazer nada individualmente. Eu quis desafiar um pouco essa ideia, quis desafiar essa ideia do meu lado. Ou seja, o meu movimento foi mostrar que isto existe e não é preciso esperar», continuou, acrescentando, de seguida: «Eu consigo começar a mostrar o que está perto de mim e o que está perto de mim são estas pessoas que não esperaram um milagre, que não esperaram o Estado, que não esperaram as empresas.... Da mesma maneira que eu tenho a paixão pelo mar, estas pessoas têm outras paixões, às vezes pela culinária, há surfistas na série também, apicultores, mergulhadores, pessoas que já faziam algo e disseram: ‘vamos fazer, vamos mudar aqui qualquer coisa, mostrar que é possível mudar aqui qualquer coisa.’ E começaram, pelos meios delas, pelas mãos delas.»

«Então é uma mistura interessante entre a aventura que se vive na viagem à procura de ondas, e o movimento tem isso, a procura por ondas, por surf e por lugares que nos permitem fazer isso, mas, ao mesmo tempo, essa viagem leva-nos a conhecer estas pessoas que são heróis locais, que são os heróis do dia a dia», referiu.

Sobre o tema da sustentabilidade ambiental, abordado ao longo de todo a série, João Kopke procurou não falar do assunto de uma forma «pessimista» e, sim, oferecer soluções e incentivar as pessoas a agirem: «Eu prefiro ser quem está a mostrar que também existem soluções, que podem não ser soluções totais, que podem não ser soluções completas, que podem não ser as soluções perfeitas, mas que são soluções e que, mais do que serem soluções práticas, são soluções ao nível da mentalidade.»

«Olhar para o que estas pessoas fazem é muito inspirador, porque percebes que é possível te envolveres nisto. Essa era a mensagem que eu queria passar e foi dessa maneira que a série me mudou também, que é não preciso esperar por ninguém, que há coisas que dependem só de mim e foi isso que estas pessoas me ensinaram e que eu espero que seja isso que esta série ensina a quem a vê», afirmou.

João Kopke aborda a mensagem da série 'Movimento', que será transmitida n'A BOLA TV
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«O surf deu-me muito e, agora, eu queria dar um bocadinho ao surf»

Apaixonado pelo mar «desde sempre», João começou a fazer surf aos 8 anos, em Carcavelos, incentivado pela mãe. Campeão nacional em sub-14, sub-16 e sub-18, participou no circuito mundial e no campeonato nacional, já como sénior. Atualmente, a competição já não é uma prioridade ,mas o surf continua a assumir papel importante na sua vida: «Eu penso e sinto, quando estou dentro de água, numa terça-feira ou numa quarta-feira às dez da manhã, que é uma sorte gigante eu ter esta vida e poder fazer isto, que é uma coisa que me preenche tanto. Há muita gente que ainda não encontrou isso e eu encontrei muito cedo e não larguei e acho que não vou largar.»

«Daí querer tanto viabilizar o surf e levar o surf para um bocadinho mais longe. Hoje em dia, também tenho muito a sensação de que o surf deu-me muito e, agora, eu queria dar um bocadinho também ao surf, mostrar que o surf não é só esta coisa de dar 'pauladas' e 'aéreos', coisas que as pessoas fora do surf não compreendem, mas elas conseguem, seguramente, compreender a paixão e o amor que alguém possa ter pelo surf e mostrar tudo o resto, que é o que é incrível nisto» confessou.

João Kopke fala do amor ao surf e do que sente quando está dentro de água
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João Kopke venceu títulos de campeão nacional nos escalões jovens

Amante de todas as praias, não resistiu a destacar Carcavelos, Nazaré, Peniche, Indonésia e Namíbia, onde viveu uma história curiosa com uma das maiores figuras de sempre do surf mundial: «Estava a luz quase a acabar e eu ainda não tinha feito nada no primeiro dia. É uma das melhores ondas do mundo, mas é uma onda muito difícil. Já não havia quase ninguém na praia, eu mandei-me para dentro da água e só estava uma pessoa no sítio onde eu entrei. Cheguei lá e era o Kelly Slater que estava lá, sozinho.»

Kelly Slater (Imago)

«E eu: ‘Como é que é? Está tudo bem?' E ele diz: ‘É difícil a onda, não é?’ E eu pensei que se o Kelly Slater estava a dizer isto, pelo menos é sinal de que eu não era o único com dificuldades dentro de água. Depois, ele arrancou na primeira, partiu a prancha ao meio, eu vinha atrás e fiz a minha melhor onda do dia. Passei por ele dentro do tubo. Foi uma história gira» recordou.

Surfista recordou o dia em que encontrou (e impressionou) um dos maiores nomes da história da modalidade
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Por fim, falou do estado da modalidade em Portugal: «Acho que está numa trajetória ascendente, a acompanhar a trajetória de todo o mundo. O que significa que Portugal vai lançando uns mega talentos, e acho que temos um ou dois agora mesmo fortes, mas que como um todo, Portugal, na minha opinião, não está muito melhor do que há uns anos.»

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«O mundo do surf em Portugal evoluiu muito, mas evoluiu muito mais no sentido de, agora, termos muitas pessoas de fora a morar cá por causa do surf, e acho que muita gente soube explorar isto muito bem, mas isto não se traduziu necessariamente num aumento de atletas», considerou.