Entrada à Ronaldo e o sonho da medalha portuguesa chutado para LA
Vasco Vilaça em prova na estafeta do triatlo (Hugo Delgado/Lusa)

Entrada à Ronaldo e o sonho da medalha portuguesa chutado para LA

JOGOS OLÍMPICOS05.08.202412:06

Quinto lugar na estafeta mista, com atletas muito jovens, abre perspetivas de excelência daqui a quatro anos

PARIS – A entrada da equipa de estafeta mista portuguesa para a prova de triatlo foi feita em grande estilo. E a saída não desiludiu também. Depois de grande parte da prova ter sido feita na perseguição aos lugares de medalha, o quinto lugar final confirma as excelentes indicações das provas individuais masculina e feminina e vale o terceiro diploma olímpico da modalidade em Paris 2024.

Mas mais do que as certezas do presente, fica no ar uma esperança de futuro.

Afinal, o quarteto constituído por Ricardo Batista, Melanie Santos, Vasco Vilaça e Maria Tomé têm 23, 29, 24 e 23 anos, respetivamente.

E são os próprios triatletas a confirmarem que esse terá de ser um objetivo em Los Angeles, quando so Jogos Olímpicos ali se disputarem em 2028.

Aliás, aquela entrada estilosa, com o «SIIIII» popularizado por Cristiano Ronaldo, teve também um movimento típico do futebol americano e essa foi só mais uma vez que o quarteto pareceu chutar o sonho para Los Angeles.

«Saímos muito satisfeitos com o diploma. Mas a meio da prova acreditava numa medalha. Foi uma prova bastante boa de todos os elementos da estafeta. Não podíamos pedir melhor nesta estreia da estafeta de Portugal em Jogos Olímpicos. Saímos daqui muito contentes e a pensar num melhor resultado daqui a quatro anos», começou por dizer Ricardo Batista.

«Acabámos de sair quase todos do escalão de juniores», acrescentou, arrancando um sorriso irónico a Melanie Santos, a mais velha do quarteto. «Ela também ainda é uma jovem. E tudo aponta que vamos melhorar a nossa forma e lutar por lugares melhores em LA daqui a quatro anos».

A mesma ideia foi repetida por Vasco Vilaça, que já após o quinto lugar na prova individual tinha falado pela primeira vez sobre a ambição de medalha.

«Desde o início que sonhávamos com a medalha. Porque a nossa equipa está com o moral muito em alta e acreditamos sempre até ao fim. E vamos acreditar que em Los Angeles, estejamos lá nós, ou outra equipa de triatlo, Portugal vai continuar a sonhar», declarou aquele que é o mais reconhecido triatleta luso da atualidade, razão pela qual demorou mais tempo a chegar junto dos jornalistas lusos.

A quatro anos de Los Angeles, porém, Vilaça enaltece aquilo que foi alcançado em Paris.

«É muito bonito, não só o triatlo chegar ao terceiro diploma, mas sairmos os quatro daqui com diploma. Deixa-me muito feliz e orgulhoso do nosso trabalho», revelou.

«Vanessa Fernandes é o nosso ídolo, sem ela seria impossível»

Passaram-se 16 anos desde que Vanessa Fernandes conquistou a medalha de prata no triatlo dos Jogos Olímpicos de Pequim, mas esse momento valeu o nascimento de uma geração de ouro na modalidade.

E agora, Portugal começa a colher os frutos, sob a forma de três diplomas olímpicos em Paris. No final da prova, Vasco Vilaça fez questão de voltar a falar da antiga triatleta e do quão importante ela foi para colocar o triatlo no mapa nacional.

«Espero que ela tenha voltado a ficar orgulhosa. É o nosso ídolo. Sem ela não estaríamos cá, porque nem haveria esta estafeta. Depois da prova [individual], vi que ela tinha deixado palavras de agradecimento, porque tinha ficado em lágrimas. E isso mexe muito connosco. Não estávamos à espera de que ela se comovesse com o que dizemos, ou com o que estamos a fazer. É muito bonito sentir esse apoio de volta da parte dela», declarou

«Portugal tem de estar orgulhoso»

Melanie Santos, que na prova individual foi a portuguesa que teve o resultado mais baixo (45.º) mostrou-se muito mais satisfeita com a exibição nesta estafeta, não só por ela, mas por toda a equipa.

«Fizemos uma competição incrível. Foi um grande dia de prova, estivemos muito bem, um diploma olímpico na nossa estreia é incrível e acho que Portugal tem de estar orgulhoso», disse.

Já Maria Tomé, que teve a responsabilidade de fechar a prova lusa, diz esperar que aquilo que a equipa de triatlo fez na capital francesa consiga… inspirar.

«Espero que a equipa tenha conseguido inspirar muita gente a praticar desporto. Como li algures, o desporto pode mudar o mundo. E isso é super-importante», resumiu.