Varandas pondera recandidatura no Sporting

Plano estratégico a dez anos 'pede' continuidade. Presidente ou alguém da atual estrutura para liderar projeto que pretende duplicar receitas de negócio até 2034, atingindo os 170 milhões de euros

O Sporting apresentou anteontem um plano estratégico para o clube, linhas mestras para consolidar o emblema de Alvalade na liderança do futebol nacional. Um projeto a dez anos, portanto, muito para lá de 2026, altura em que termina o segundo mandato de Frederico Varandas como presidente dos leões. Por isso, para garantir este plano, o líder leonino pondera recandidatura nas eleições de 2026 para mais um mandato até 2030. Uma decisão a ser maturada, que a dois anos de distância das eleições não está tomada e que naturalmente dependerá de vários fatores. Mas a possibilidade está em cima da mesa e a ganhar forma. Sendo certo que, em alternativa, haverá sempre alguém ligado à atual estrutura pronto para avançar e levar o projeto em frente.

Eleito pela primeira vez em setembro de 2018 e pela segunda em março de 2022, Varandas está na segunda metade do segundo mandato e com o clube a viver um dos seus melhores momentos. No futebol defende o título nacional, o segundo da era Varandas (o outro foi em 2020/2021), com entrada de leão na nova época e na Liga dos Campeões. E fora de campo o avançar para um projeto que contempla a remodelação do Estádio José Alvalade, já em marcha; que já garantiu princípio de acordo para a compra do Centro Comercial Alvaláxia, desde 2006 fora da alçada do clube devido à venda do património não desportivo para resolver o endividamento; que pretende duplicar as receitas de negócio (rendimentos e ganhos operacionais sem transações com jogadores) até 2034, atingindo os 170 milhões de euros — em 2023/2024 foram de 85,2 milhões de euros; que abre a porta à entrada a investidor minoritário.

Uma tarefa entusiasmante e ambiciosa, árdua, e que leva o selo da atual Direção, que termina o mandato em 2026. Por isso, este plano estratégico a pedir a continuidade, uma recandidatura que naturalmente, da parte de Varandas, terá de ter em conta a família e o momento... porque no futebol tudo pode mudar num instante. O  líder leonino pondera, a distância para as eleições permite uma reflexão com tempo, mas com a certeza de que em 2026 se não avançar haverá algum elemento da atual estrutura ou dela próxima que possa garantir a implementação de um projeto para uma década, até 2034.

A MENSAGEM DO LÍDER

A apresentação do plano estratégico esteve a cargo de André Bernardo, vice-presidente com o pelouro da comunicação, do marketing e das infraestruturas, um dos elementos mais preponderantes desta Direção, como Salgado Zenha nas finanças. Mas no documento, Frederico Varandas deixa uma mensagem aos sócios.

«Desde 1906 até hoje, o mundo mudou por completo e entrou numa nova era, designada de 4.ª Revolução Industrial. Existe uma nova visão do mundo, o nosso quotidiano está a mudar a um ritmo sem precedentes e com inovação tecnológica contínua. A palavra de ordem é adaptação», introduz o presidente do Sporting e continua: «Mais do que nunca, a capacidade de resiliência e aprendizagem que indivíduos e organizações têm que ter para se adaptarem à nova realidade, e muito rapidamente, será determinante para a sua sobrevivência.»

André Bernardo, vice-presidente do Sporting, foi quem fez a apresentação do plano estratégico dos leões

Após esta nota de entrada, a explicação de que «o documento de visão estratégica» apresentado «emerge dos fundamentos que criaram o clube». «Daquilo em que se tornou desde então fruto de uma História de 118 anos de consolidação, do atual contexto, e ainda dos passos que vamos dar para que o futuro que visionámos seja cada vez mais presente. É resultado do trabalho de seis anos, em que construímos as pontes para que o Sporting Clube de Portugal tivesse condições quer de internamente atravessar o caminho para a sua própria nova era, quer de externamente fazer face aos desafios de contexto, em particular aqueles que o sector do atravessa», conta Varandas, lembrando que o Sporting nasceu «com a ambição de ser tão grande como os maiores da Europa». «Mas, acima de tudo, nascemos e crescemos com um conjunto de valores que formam o nosso ADN, que pautam o nosso comportamento quotidiano, e que constituem, por isso, um legado na marca que deixamos aos demais, e que nos torna distintivos», aponta.

Frederico Varandas logo explica o que pretende com o projeto: «A nossa visão tem a ambição de estabelecer eixos estratégicos condutores de um longo prazo em perpetuidade do Sporting, assegurando constância de competitividade e resiliência face às imprevisíveis conjunturas. Tão importante como a estratégia em si é a nossa capacidade de eficazmente comunicá-la, exercício que quisemos assegurar com este documento.»

«A nossa visão tem a ambição de estabelecer eixos estratégicos condutores de um longo prazo em perpetuidade do Sporting, assegurando constância de competitividade e resiliência face às imprevisíveis conjunturas. Tão importante como a estratégia em si é a nossa capacidade de eficazmente comunicá-la, exercício que quisemos assegurar com este documento.»

«Partimos dos fundamentos da nossa origem, transmitindo de geração em geração o nosso código genético e escrevendo a cada dia o nosso próprio futuro. Seremos mais fortes sempre que formos sustentáveis, colaborativos e com foco, a cada dia, na melhoria da nossa performance», acrescenta, para um futuro que pode mesmo ter o atual presidente por mais um mandado, assim vença de novo as eleições a que pondera candidatar-se.