Fábio Paim: «Não sou um bandido, sou um bom rapaz»
Fábio Paim (Foto: Miguel Nunes)

ENTREVISTA A BOLA Fábio Paim: «Não sou um bandido, sou um bom rapaz»

A verdade é que durante muitos anos, falou-se sempre dele. Ou porque tinha muita qualidade e ia ser um grande jogador, ou porque tinha qualidade a mais e cabeça a menos.

Nem sempre tomou as decisões certas quando era jogador. E ele sabe isso. Hoje continua a dar que falar, mas já não joga há muito. Já nos deu entrevistas em todas as fases da vida. Só não tínhamos falado com ele de sexo e agora a razão desta conversa tem a ver precisamente com o facto de ser falado como uma possível promessa de ator pornográfico, depois de ter filmado um filme para adultos.

Levámo-lo a um campo de futebol, mais precisamente ao Estádio Nacional, que amavelmente abriu as portas para esta entrevista d’ A BOLA a Fábio Paim, que nunca se esquece da grande paixão: o futebol. Foi no futebol que se deu a conhecer, é no futebol que se tornou símbolo e é ao futebol que é sempre ligado, mesmo nesta nova fase da vida.

Como te sentes Fábio?

Primeiro de tudo quero agradecer-te, mais uma vez, a oportunidade de estarmos a falar. Já passaram quatro anos e meio desde a nossa última entrevista. Quando saí da prisão, há quatro anos e meio, foste a primeira pessoa a dar-me a oportunidade de falar, de me explicar e ajudaste-me. Por isso, sempre que precisares, conta comigo para falar contigo.

Obrigada, Fábio. Foi com todo o gosto que quis ouvir-te no dia a seguir a saíres da prisão, de Caxias, aqui bem perto onde estamos. Hoje estamos perto da prisão, mas não é de cadeia que vamos falar, vamos falar desta outra vida.

São situações completamente diferentes, agora, graças a Deus.

Estás diferente daquela altura?

Sim, estou diferente porque eu não tinha nada em mente quando saí da prisão. Foi um ano muito complicado na minha vida, mas há males que vêm para o bem. Já passou, graças a Deus, e agora a vida está a sorrir-me e tenho de aproveitar todas as oportunidades para fazer melhor.

Eu não sou um bandido, sou um bom rapaz, e sei fazer as coisas pelo lado certo.

Fábio Paim (Foto: Miguel Nunes)

Esse pós-cadeia para ti foi tramado? Ficaste sem trabalho, dizias-me que não querias voltar ao mundo da marginalidade. Dizias-me sempre que não ias voltar para a cadeia…

Foi como eu te disse e estou a cumprir. Eu não sou um bandido, sou um bom rapaz, e sei fazer as coisas pelo lado certo. Acho que tenho demonstrado isso, apesar das oportunidades não terem sido muitas. As poucas oportunidades que tive, tenho-as agarrado. Como tu disseste foi o futebol que me fez ser conhecido e é uma paixão que eu tenho. Agradeço ao futebol por ter vivido tantas alegrias, também algumas tristezas, mas isso é como tudo na vida… Agora é continuar, porque depois do futebol, nós temos muita coisa para fazer.

Surgiu a oportunidade para fazer filmes para adultos, e não é um vídeo que eu filmei com o meu telemóvel. É um filme que é vendido, só vai ver quem quer, porque está caro.

A verdade é que agora fala-se de ti por causa de um filme pornográfico que fizeste. Aproveitaste a oportunidade como uma forma de ganhar dinheiro?

Sim, um filme para adultos. As pessoas gostam de criticar, mas ajudar, ninguém gosta. Eu estou aqui para me fazer à vida, para ajudar os meus filhos, que eu tenho filhos, e para me ajudar a mim, pois também sou um gasto muito grande. Surgiu a oportunidade para fazer filmes para adultos, que não é um vídeo que eu peguei no telemóvel e filmei para toda a gente ver. Não foi isso. É um filme que é vendido, só vai ver quem quer, porque se compra e está caro. Tivemos o cuidado de meter o filme caro porque as pessoas que compram são as que querem ver. Foi uma oportunidade que eu tive e graças a Deus as pessoas receberam bem pois está entre os vídeos mais vendidos. Deu certo. Não digo que sou um ator porno, mas tive curiosidade e fiz uma brincadeira para ver se dava certo. E deu. É bom fazer sexo e se ainda se pagam, melhor.

Foste uma promessa do futebol. Vais ser uma promessa de ator porno?

Não. Temos de agarrar as oportunidades que a vida nos dá. Se me surgiu essa oportunidade, eu não vejo mal nenhum, porque sexo toda a gente faz. Nós para estarmos aqui viemos do sexo.

Depois de tudo o que eu passei, estar aqui e ainda ter vontade de fazer as coisas não é fácil.

Fábio, avaliei a tua prestação enquanto jogador várias vezes, mas não tenciono avaliar a tua prestação enquanto promessa de ator de filmes para adultos. Quero sim perceber o que é que te deu na cabeça para, nesta fase da vida, gravares o filme?

Eu gosto de fazer as pessoas felizes. Fiz as pessoas felizes enquanto jogador, faço as pessoas felizes com a minha música, com o meu filme e também com as minhas palestras, para ajudar os miúdos. É algo que eu nunca vou deixar, apesar das pessoas não me darem tanto valor como eu merecia. Depois de tudo o que eu passei, estar aqui e ainda ter vontade de fazer as coisas não é fácil. Esforço-me para ser uma pessoa diferente, para ser um Fábio diferente, porque é isso que faz de mim a pessoa que eu sou… Há quem pergunte porque é que me dão tanta visibilidade mas, isso acontece pela pessoa que sou e pelo que transmito.