Um Rio com armadilhas

Benfica Um Rio com armadilhas

NACIONAL30.03.202311:33

Próxima paragem, Vila do Conde. O regresso competitivo das águias vai passar, no próximo domingo, pelo Estádio dos Arcos, casa do Rio Ave, onde mora uma das equipas mais competitivas da Liga, sobretudo jogando no seu terreno. Prova disso as sete vitórias (num total de nove na Liga) ali conquistadas esta época. A mais sonante de todas, aquela conquistada na quarta jornada a surpreender o FC Porto (3-1).  


O Estádio dos Arcos esconde um rio com armadilhas diversas. Olhando para o histórico (21 vitórias em 32 jogos, com seis empates e cinco derrotas) até pode ficar a ilusão de uma viagem tranquila. Mas ao longo dos tempos não tem sido bem assim.


«Antigamente as equipas ditas mais pequenas do nosso Campeonato tinham mais dificuldades em vencer as grandes. Hoje em dia as coisas estão mais equilibradas.»
Quem o diz é Carlos Brito, um dos históricos treinadores do Rio Ave que ostenta no currículo, por exemplo, a segunda vitória de sempre dos vilacondenses frente ao Benfica para a Liga nos Arcos (ver caixa). Aconteceu a 20 de setembro de 1997: Rio Ave, 3 - Benfica, 1. Era Manuel José o treinador das águias, onde militavam jogadores como Preud’homme, Gamarra, Paulo Madeira, Tiago, Calado, João Vieira Pinto, Nuno Gomes ou Martin Pringle. João Pinto foi o autor do golo encarnado, de penálti, já a fechar a partida (89’), enquanto que para o Rio Ave marcaram três defesas: Marcos, Peu e Nenad.


O Benfica chegou a essa partida já em brasas, depois de derrota em Bastia para a Taça UEFA (0-1). A derrota colocou o Benfica em crise: Manuel José acabou demitido (na jornada seguinte ia jogar-se na Luz o dérbi com o Sporting e acabou por ser Mário Wilson a orientar a equipa) e a Direção presidida por Manuel Damásio também caiu, dando lugar às eleições que colocaram João Vale e Azevedo na presidência e Graeme Souness à frente da equipa.


Avançamos no tempo, até à época 2004/2005. Com Trapattoni no comando, o Benfica volta a ser campeão e a fazer a festa que lhe fugia há 11 anos. Mas, na caminhada para o título, o Rio Ave foi pedra no sapato (empate 3-3 na Luz, com a águia a vencer 3-1 ao intervalo) e houve derrota nos Arcos (0-1, golo de Miguelito aos 90+1’). O treinador do Rio Ave nessa época? Outra vez Carlos Brito (ver caixa).


Até que chegamos aos tempos mais recentes. Em 2015, nova derrota nos Arcos (2-1) num jogo em que Salvio colocou as águias a vencer, mas o Rio Ave, dirigido por Pedro Martins daria a volta, com expulsão de Luisão pelo meio. O Benfica de Jesus, que liderava a classificação, ficou apenas com um ponto de vantagem sobre o FC Porto, mas não deixaria escapar o título; na época seguinte, já com Rui Vitória, à jornada 31 a águia novamente na frente da classificação e jogo decisivo em Vila do Conde. Foi intensa a luta até que Raul Jiménez, assistido por Salvio, colocou os benfiquistas em festa e o título ficou mais perto. Tal como em 2018/2019, com Bruno Lage a liderar o último título de campeão obtido: as águias, que tinham enorme apoio dos adeptos nas bancadas, chegam ao 3-0 (Rafa, João Félix e Pizzi), mas a equipa então orientada por Daniel Ramos faz o 3-2 (Tarantini e Ronan David) e as águias terminam em grande sofrimento, mas ficaram a apenas uma vitória do título. Bruno Lage, que nesse dia festejou o seu 43º aniversário, terminou esse jogo afónico e até viu Samaris e Fábio Coentrão envolverem-se em picardias e o médio helénico (que agora representa o Rio Ave), a ajoelhar-se no final do jogo em oração de agradecimento pela difícil vitória.

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