Internacional luso reconhece as dificuldades que Portugal terá pela frente, mas acredita que o grupo tem todas as condições para repetir o sucesso; noção real da conquista de um título desta dimensão só deverá ser possível de ter após o final da carreira, quando estiver «na bancada»
Portugal está pronto para lutar por mais um título mundial. A Seleção Nacional está, desde segunda-feira, em Rio Maior, no estágio de preparação para o Campeonato do Mundo que vai realizar-se entre os dias 14 de setembro e 6 de outubro, no Uzbequistão, e as sensações no grupo são as melhores.
Depois de ontem ter sido João Matos o porta-voz da ambição lusa, hoje foi a vez de Tiago Brito assumir as ambições do grupo. E depois da proeza alcançada em 2021, algo que, refere, só terá o verdadeiro reflexo emocional depois de terminada a carreira, a equipa das Quinas está focada no trabalho para tentar repetir o sucesso.
Equipa das Quinas iniciou hoje o estágio de preparação para o Campeonato do Mundo que vai realizar-se no Uzbequistão, de 14 de setembro a 6 de outubro; capitão na turma nacional foi o porta-voz da ambição do grupo; ambição, sim, mas sempre com muito foco no trabalho e respeito pelos adversários
«É difícil expressar o sentimento [de ser campeão do mundo], principalmente os minutos pós apito final, mas acho que só vamos ter a noção quando, um dia, deixarmos e ficarmos na bancada a ver. Aí vamos ter bem mais noção do que é ser campeão mundial. Neste momento resta-nos trabalhar para tentarmos ser outra vez campeões, algo que é muito difícil, mas esta equipa vai, certamente, dar a cara e a vida por isso», promete.
E ainda na ótica do que Portugal pode fazer na competição, Tiago Brito assume, humildemente, que há outras seleções com muita qualidade: «Não aponto ninguém como candidatos, uma vez que nos últimos anos os grandes candidatos não foram os que venceram. Aponto sempre para as equipas que são muito eficazes na sua tarefa de jogo a jogo. As que colocam sempre objetivos curtos, mas conscientes, são certamente as que conseguem ir longe. E nós, como somos uma seleção humilde, como sempre fomos, não vamos fugir a essa regra. É lógico que é o que ambicionamos, mas também temos noção da grande dificuldade que nos espera. Não é algo que seja novo para estes jogadores, mas é algo que será muito mais trabalhoso do que foi no passado. Por isso, vamos entregar-nos muito diariamente para que possamos vencer a competição. Mas, repito, não é esse o foco que temos neste momento porque precisamos de uma grande preparação para podermos pensar nesse hipotético sonho de jogar uma final.»
Mas para poder ambicionar os altos voos que se desejam, Portugal tem de pensar em dar um passo de cada vez. E, em primeira instância, estará a fase de grupos.
«Vão ser jogos extremamente competitivos. É uma falsa humildade se não disser que Portugal não é candidato grande a passar a fase de grupos. É uma obrigação nossa, mas serão jogos em que teremos de estar no máximo das nossas capacidades para poder vencê-los porque são seleções extremamente ambiciosas, muito dotadas tecnicamente e só Portugal ao seu melhor nível conseguirá atingir esse objetivo de uma forma clara», projeta.
O experiente jogador nacional destaca também o bom ambiente que se vive no seio da Seleção e está preparado para dias de grande trabalho durante os estágios em Rio Maior, primeiro, e Viseu, depois.
«Em termos de construção de grupo, já tem sido feito nos últimos anos. É um apanágio deste espaço de Seleção A e, por isso, não creio que seja uma dificuldade essa construção de grupo. Em relação a sermos candidatos ou não, neste momento o nosso grande foco é mesmo a preparação. É uma preparação longa, difícil em termos físicos, técnicos e táticos, que vai exigir muito de nós. Estamos muito muito focados nisso porque se fizermos uma boa preparação depois, certamente, poderemos olhar com outros olhos os jogos que iremos ter na fase de grupos», nota também.
O grupo é, atualmente, constituído por 16 elementos, mas a convocatória final para o Mundial será reduzida a 14. Tiago Brito diz que não há lugares cativos e que todos os jogadores têm de estar no seu melhor. Até porque, acrescenta, qualidade não falta: «O mister diz sempre que o maior requisito para estar nesta seleção é a qualidade, por isso, todos começam do mesmo patamar e todos têm de lutar pelo seu lugar sempre com a mente num bem comum, que é a seleção. Todos são bem-vindos, todos acrescentam as suas qualidades ao grupo e essas são as diferenças que fazem com que possamos construir uma equipa grande, que é isso que queremos. Iremos todos trabalhar para dificultar ao máximo a vida do mister Braz, sendo que infelizmente dois não poderão continuar connosco. Mas o grupo de trabalho é muito mais do que os 16 que estão aqui. Existem cada vez mais, e isso é ótimo para o futsal português, um leque grande de jogadores com capacidade e qualidade para estarem na Seleção.»
Recorde-se que Portugal estará inserido no Grupo E do Campeonato do Mundo, tendo como adversários, na fase de grupos, Panamá (dia 16 de setembro, às 13.30 horas), Tajiquistão (dia 19, às 16) e Marrocos (dia 22, às 13.30 horas).
Antes disso, porém, Jorge Braz estipulou vários jogos de caráter particular: Uzbequistão (dia 16 de agosto, às 18 horas), Angola (dia 17, às 19.30 horas) – ambos em Rio Maior -, Cuba (dia 22, às 18 horas), Costa Rica (dia 23, às 18 horas), Ucrânia (dia 25, às 18 horas) – todos em Viseu -, Paraguai (dias 2 e 4 de setembro, às 19 e 18 horas, respetivamente), novamente no Pavilhão Gimnodesportivo de Rio Maior.