João Matos e o Mundial: «Não podemos fugir a esse favoritismo»
Capitão da Seleção Nacional não abdica da humildade, mas também não esconde o sonho de voltar a vencer o Mundial. (Foto: A BOLA)

João Matos e o Mundial: «Não podemos fugir a esse favoritismo»

NACIONAL05.08.202419:26

Equipa das Quinas iniciou hoje o estágio de preparação para o Campeonato do Mundo que vai realizar-se no Uzbequistão, de 14 de setembro a 6 de outubro; capitão na turma nacional foi o porta-voz da ambição do grupo; ambição, sim, mas sempre com muito foco no trabalho e respeito pelos adversários

A Seleção Nacional de futsal iniciou, esta segunda-feira, em Rio Maior, o estágio de preparação para o Campeonato do Mundo, que vai realizar-se no Uzbequistão, de 14 de setembro a 6 de outubro, com Jorge Braz a ter todos os jogadores à sua disposição.

Antes do início do treino vespertino, que decorreu no Pavilhão Gimnodesportivo de Rio Maior, situado nas imediações da unidade hoteleira onde a Seleção está concentrada, João Matos falou à Comunicação Social presente e deu conta do estado de espírito que reina no seio do grupo.

Grupo de trabalho aprimora a condição física no arranque do estágio. (Foto: A BOLA)

«O grupo está motivado. Pelo histórico, pelo que a Seleção Nacional tem feito nos últimos anos, sabemos que temos qualidade para ambicionar um Campeonato do Mundo, mas neste momento o foco passa pela preparação, pelo que vamos ter de trabalhar e pelo estudo que teremos de fazer sobre os nossos adversários. Queremos criar bons índices físicos, boas rotinas de grupo, dar continuidade à equipa coesa que temos vindo a formar e focar nesta preparação, que é essencial», referiu.

Na referida competição, Portugal estará integrado no Grupo E, juntamente com Panamá (dia 16 de setembro, às 13.30 horas), Tajiquistão (dia 19, às 16 horas) e Marrocos (dia 22, às 13.30 horas). O capitão nacional dá o mote para esta fase de grupos, na qual os dois primeiros classificados de cada grupos seguem para a próxima fase, o mesmo acontecendo com os quatro melhores terceiros classificados.

«Olhando para a fase de grupos, que são os três jogos que temos garantidos, sabemos que Marrocos é uma equipa extramente forte, dinâmica e intensa. Depois temos o Panamá que, tal como o mister Jorge Braz falou quando foi a convocatória, tem vindo a evoluir muito relativamente ao que apanhámos no Mundial de 2016. Além disso, temos o Tajiquistão, uma equipa que eliminou o Japão e que, por isso, não é uma surpresa. Acaba por ser um grupo difícil, apesar de Portugal ser favorito, não podemos fugir à realidade. No entanto, sabemos que teremos de estar ao mais alto nível nos três jogos da fase de grupos», salientou.

Depois da conquista de dois Europeus (2018 e 2022) e de um Mundial (2021),Portugal parte, naturalmente, como um dos favoritos e João Matos não esconde esse facto. «Há muitas seleções fortes e sabemos que, no desporto, ao mínimo facilitismo podemos cair fora. Logicamente que temos Portugal, Brasil e Espanha nesse lote, mas depois há uma linha com Irão e Marrocos que também são seleções fortes. A Argentina caiu um pouco nos últimos anos, mas não deixa de ter qualidade. Não temos medo de usar a palavra favoritos. Não podemos fugir a esse favoritismo por aquilo que ganhámos, já que fomos bicampeões europeus e campeões mundiais. No entanto, nós nem sequer olhamos a isso. Seja falta de humildade ou humildade em excesso, a grande verdade é que o nosso foco passa mesmo pelo trabalho diário e por criar boas rotinas de grupo. Vivemos muito intensamente o dia a dia da Seleção, trabalhamos muito pensamos, sim, na nossa organização e em como podemos chegar na melhor forma possível ao Mundial», assume, sem rodeios, o capitão.

E João Matos não esconde um dos fatores para o sucesso alcançado pela equipa das Quinas nos últimos anos: «Temos um grupo extraordinário no que toca ao aspeto mental. Apesar de Portugal já ter ganho tudo, não ambicionamos outra coisa que não ganhar tudo novamente. Agora iniciamos mais um ciclo em que teremos muitos dias pela frente e cujo foco está sempre no trabalho diário. A mística e o ADN que foi criado no espaço Seleção tem-nos feito ganhar muitas vezes.»

Aos 37 anos e já com um longo historial ao serviço de Portugal, João Matos diz não pensar no final da carreira e salienta que o importante é conciliar a parte física com mental.

«Quero jogar até quando o meu corpo permitir. São muitos anos, quase 200 internacionalizações, quase 750 jogos pelo clube, são muitos anos de futsal. A rotina pesa mentalmente, como é óbvio, e tem de haver um equilíbrio pelo lado pessoal e familiar. Esta é a minha profissão, o meu ganha-pão. Nós não somos do mundo do futebol e enquanto eu necessitar de conseguir alimentar os meus filhos com o vencimento do futsal é isso que eu vou fazer. Não sei quantos mais anos vou jogar. Sei quanto tempo de contrato tenho e depois logo se vê qual será o rumo. Mas neste momento nem penso, sequer, nisso. Só quero estar bem física e mentalmente, porque só assim é que poderei jogar até quase aos 50 [risos]», confidenciou.

Jorge Braz com o plantel todo à disposição

Já depois da conferência de Imprensa de João Matos, a Seleção Nacional iniciou, então, o trabalho de campo e Jorge Braz não tem qualquer problema no que toca aos aspetos físicos: todos os jogadores estão a treinar sem limitações.

Recorde-se que esta convocatória comporta, para já, 16 elementos, número que será reduzido, depois, aos 14 que marcarão presença na fase final do Campeonato do Mundo.

Guarda-redes: Edu (El Pozo Múrcia), Bernardo Paçó (Sporting) e André Correia (Leões Porto Salvo); Fixos: João Matos (Sporting), André Coelho (Barcelona) e Tomás Paçó (Sporting); Fixo/Ala: Afonso Jesus (Benfica); Alas: Pany Varela (Sporting), Pauleta (Sporting), Bruno Coelho (Benfica), Kutchy (Benfica), Lúcio Rocha (Benfica) e Tiago Brito (SC Braga); Universal: Erick Mendonça (Barcelona); Ala/Pivô: Fábio Cecílio (SC Braga); Pivô: Zicky (Sporting)

Depois deste estágio em Rio Maior, a comitiva portuguesa realiza-se uma outra etapa de preparação em Viseu, sendo que, durante todo este período, vai realizar vários jogos particulares: Uzbequistão (dia 16 de agosto, às 18 horas), Angola (dia 17, às 19.30 horas) - ambos em Rio Maior -, Cuba (dia 22, às 18 horas), Costa Rica (dia 23, às 18 horas), Ucrânia (dia 25, às 18 horas) - todos em Viseu - e, depois disso, duplo confronto com o Paraguai (dias 2 e 4 de setembro, às 19 e 18 horas, respetivamente), novamente em Rio Maior.

Seleção Nacional já trabalha no Pavilhão Gimnodesportivo de Rio Maior. (Foto: A BOLA)