Reforços, estratégia e «histórias de embalar»: tudo o que disse Rúben Amorim
Rúben Amorim prepara-se para começar a quinta época ao serviço do Sporting. Foto: Miguel Nunes

Reforços, estratégia e «histórias de embalar»: tudo o que disse Rúben Amorim

NACIONAL02.08.202418:35

Treinador dos leões fez a antevisão ao jogo contra o FC Porto, para a Supertaça

Na conferência de imprensa de antevisão ao encontro entre Sporting e FC Porto, para a Supertaça este sábado, às 20.15 horas, Rúben Amorim não abriu o jogo se os reforços serão titulares e voltou a frisar que espera terminar o encontro com 11 jogadores em campo. Espera diferenças no adversário em função da mudança da equipa técnica, mas sabe que algumas características da equipa se vão manter. Respondeu ainda a questões sobre o mercado, a nova regra do capitão, a preparação de Gyokeres e as lesões de St. Juste.

Leia, abaixo, tudo o que disse Rúben Amorim.

— Um comentário sobre o Hjulmand, os sportinguistas sentiram muito que ele já tinha esta capacidade de liderar e agora foi-lhe atribuída essa responsabilidade.

— Em relação ao Morten [Hjulmand], obviamente que ele é um líder, mas é algo natural nele e vimos isso durante a época. Alguém que chega de novo e tem todas as atitudes que ele tem, dentro e fora do campo, foi muito claro para nós. Quando começámos a falar dentro da equipa técnica, com o Seba, o Neto, Hugo Viana, todos disseram que o Morten tinha de ser um dos capitães, depois tivemos de escolher a ordem e pareceu-me claro. Às vezes a liderança não é, digamos, o mais bonito, o que joga mais vezes, mas o que tem uma liderança que, mesmo sem ser capitão, tem algo diferente para dar à equipa. Foi muito claro que o Morten era essa pessoa, mas como ele disse, temos de o ser todos. Saíram pessoas importantes, isto não se faz de um dia para o outro, estamos preparados para precaver saídas importantes, saíram os capitães quase todos e o Morten vai preencher o papel.

— Acha que amanhã será diferente da final da Taça de Portugal? É um jogo mais difícil pela mudança da equipa técnica?

— É uma época e um jogo diferentes, há entusiasmo em Alvalade, mas também no lado do FC Porto, os ciclos são assim. Será importante para eles vencer e para nós também. É importante termos 11 jogadores, às vezes no clássico é difícil, temos de melhorar esse aspeto. Depois, o primeiro toque na bola, primeira jogada, primeiro lance de perigo, têm sempre mais influência que qualquer coisa da pré-época. Estamos preparados, o FC Porto também estará e será um excelente jogo.

— Este título é mais importante para o Rúben Amorim e o Sporting ou para o Vítor Bruno e o FC Porto?

— Não posso falar pelo Vítor e pelo FC Porto, o que posso dizer é que me sinto mais pressionado agora. É algo que antes não entendia. Estamos nos Jogos Olímpicos e às vezes ouvimos pessoas que ganharam muitas medalhas a dizer que a pressão é muito maior e percebo. Poderá ser inconsciência, mas sinto-me mais pressionado agora. Penso que é mais importante para nós porque estamos numa fase diferente. Não o favoritismo, mas a responsabilidade, sinto que está mais do nosso lado. É o sentimento que tenho, mas não posso falar pelo FC Porto.

— Na hora de escolher o ponto forte do adversário, Vítor Bruno disse que o do Sporting era equipa técnica. Como responde ao elogio?

— Relembrando uma conversa com um grande treinador do FC Porto, isso são histórias de embalar. Não me deixo levar por isso. Agradeço o elogio, está lá o Óscar Tojo, aprendemos muito com ele, muitos aqui tiraram o curso com ele. Têm uma equipa técnica muito forte, muita simpatia por parte da família da minha mulher, que é da mesma zona de Coimbra. Desejamos sorte para a carreira, mas não para a Taça.

— Ouvimos ontem Vítor Bruno dizer que os internacionais do FC Porto não chegaram nas condições que ele esperava. Pensa que isto pode ser bluff? Como espera que o FC Porto jogue?

— O nosso foco é outro. As características individuais contam, mas o que mostrámos foi a ideia do FC Porto e isso não mudou durante a pré-época. O Ivan Jaime aparece às vezes na linha, outras é o Galeno, mas o posicionamento dos jogadores foi mais ou menos o mesmo. Em vez de tentarmos adivinhar o11 e as características, que conhecemos, focamo-nos mais no sistema de jogo e nas rotinas, que é o mais importante. Quem jogar vai ser sempre grande jogador, vai ser uma grande equipa e estamos preparados para qualquer eventualidade.

— Na época passada disse que, caso não fosse campeão, deixava o Sporting. O que combinou para esta temporada?

— Não falarei mais sobre o meu futuro. Caio muitas vezes, mas não vai haver qualquer comentário sobre o meu futuro. Sou treinador do Sporting, muito feliz até ao último dia.

— Como está a ser a integração dos reforços Kovacevic e Debast, estão prontos para serem titulares? Já têm noção do que é o clássico?

— Penso que sim, porque vêm de países de futebol, conhecem estes ambientes. Estão preparadíssimos, são jogadores de grande qualidade, o scouting voltou a acertar. São mais duas opções, veremos se são titulares.

— Em relação ao St. Juste, não acha que já são lesões a mais para um jogador só? Em relação a Gyokeres, está em condições de aguentar um jogo de alto nível? E uma vez que se tem falado tanto em cláusulas de rescisão nos últimos dias, tem a garantia da direção de que só sai pela cláusula?

— Deixo essas coisas para o Hugo Viana, sabemos quem queremos manter, estamos a fazer o esforço e está a funcionar.

— Mas a época passada disse que tinha essa garantia, e esta?

— Vou-me focar no que posso controlar. Temos os nossos jogadores mais importantes referenciados, não os queremos vender. Em relação ao St. Juste, também passei por muitas lesões, o importante é ver que o jogador se cuida bem, treina-se bem e fica desesperado quando se volta a lesionar. Se estivesse de férias, treinasse devagarinho e não fizesse qualquer tipo de trabalho, aí seria um problema para nós. Agora, um jogador que faz tudo o que pode, que sofre… enquanto quiser, vai ter ajuda de toda a gente aqui. Vamos ter de o gerir melhor, ele fez piques atrás de piques esta pré-época, cabe-me a mim gerir essa parte. Lesões a mais ou a menos, todos os jogadores passam por essas fases.

Em relação ao Viktor, é um jogador especial fisicamente, não vai estar no seu máximo físico, mas vai aguentar o jogo. Agora tem de construir os seus dados físicos. Número de sprints e isso. Mas nestes momentos e finais, a cabeça às vezes conta mais que o físico.

— Sobre o mercado, o plantel dá garantias ou há lacunas? Falava-se da vinda de um avançado e de um ala esquerdo.

— Todos os planteis têm lacunas. Agora, entre o incerto e o certo escolhia o certo, que é fechar já o mercado. Todos os planteis podem melhorar. Em relação aos jogadores, temos de ver o que podemos evitar, o resto não controlamos e vamos tentar acabar o jogo com 11.

— O que acha da nova regra do capitão?

— Eu gosto da regra do capitão, quase que mudei para o Nuno Santos quando soube, para ele não ser expulso [risos]. Vai custar um bocadinho, mas penso que estamos no rumo certo. Vou tentar não refilar muito com o arbitro também [mais risos].

— Sporting marcou muitos golos a época passada, mas também sofreu bastantes. A meio da época conseguiu garantir estabilidade. O líder das quatro linhas, Coates, saiu. Vai ser mais difícil a preparação deste jogo sem Coates? Muda a estratégia?

— Sim, temos de mudar, mas era essa a evolução que queríamos fazer. Defender perto da área agora é mais perigoso. Coates controlava bem esse aspeto, era muito inteligente e tinha um grande jogo aéreo. Temos de nos adaptar a isso. Todos os treinadores fazem essa adaptação de acordo com as características dos jogadores. Dissemos que o Sporting tinha de evoluir e vamos tentar aproveitar isso. Bolas paradas são outra situação, agora temos de marcar e defender de outra forma. Vamos tentar encontrar o equilíbrio. Também acho que sofremos muitos golos no início, mas depois conseguimos ter muitos jogos sem sofrer no fim, fomos crescendo e depois fomos quase a melhor defesa. Era pior se tivéssemos uma primeira parte a sofrer menos golos e depois sofrêssemos mais na segunda parte da época.

— O Kovacevic foi o primeiro reforço a chegar, mas não aparece inscrito na Liga de clubes, houve algum problema?

— Não faço ideia, dizem-me que está apto para jogar, é o mais importante. Poderá ser o problema dos vistos, não sei.

— Se olharmos para o último 11 da temporada passada, final da Taça contra o FC Porto, a maior parte da equipa mantém-se, à exceção de Coates. Do lado do FC Porto também. Pergunto se usa como exemplo essa partida na preparação para este jogo? Ou olha, por exemplo, para a equipa do FC Porto de outra forma devido ao contexto? Está mais renovado, diferente?

— Não usamos muito esse jogo com exemplo porque o jogo muda a partir da expulsão. Podemos tirar algumas coisas, o posicionamento de um médio, que não vou dizer qual, pode melhorar. Tivemos dificuldade no início da construção, controlámos mal a profundidade. Tirámos alguma coisa, mas não dá para tirar muito porque a partir da expulsão é um jogo completamente diferente. Vamos tentar jogar mais longe da nossa baliza O FC Porto continua com algumas coisas, é muito competitivo, está habituado a ganhar. O treinador já lá estava, as rotinas não mudam muito. Espero que o resultado seja diferente e que sejamos melhores durante aqueles 20 e tal minutos.