2 março 2025, 16:16
Rúben Vinagre estreia-se a marcar na vitória do Legia
Equipa orientada por Gonçalo Feio continua a sonhar com o pódio
Lateral viu o Legia acionar compra em janeiro, por 2,5 milhões de euros. Esteve na redação de A BOLA e recordou a passagem por Alvalade, Ruben Amorim e 'famoso' duelo da Champions com os neerlandeses em 2021
Rúben Vinagre começou a época cedido ao Legia mas em janeiro viu os polacos exercerem opção de compra. Vive um dos melhores momentos da carreira, explica por que não vingou em Alvalade e nesse capítulo recorda aquele jogo da Champions em 2021 que acabou por ficar na memória coletiva pela goleada e pelo duelo do lateral-esquerdo com Antony. Conta ainda sobre lesão mal curada no Sporting e elogia, e muito, Ruben Amorim. Foi por ele que voltou ao clube leonino.
— O Legia exerceu a cláusula de compra do seu passe em janeiro, foi inesperado?
— Sim, foi inesperado porque...
— Porque o valor de €2,5 M também não é muito normal no clube…
— Exatamente. Foi a primeira vez na história do clube. Claro que, na realidade, no futebol hoje em dia 2,5 milhões não é um valor muito elevado mas na Polónia é. Foi uma situação inesperada porque lembro-me que em janeiro falou-se de muita coisa, lembro-me que durante a primeira fase da época falou-se também muito que iam ativar a cláusula… Eu sabia que ia acabar por acontecer.
— Era já isso que desejava na altura?
— Sabia que era difícil, porque eles, quando me contrataram, disseram que era um valor muito alto, que não seria fácil. Só que em janeiro surgiram muitos interessados e acho que isso também pode ter acelerado um bocadinho o processo.
— Mas era o que queria?
— Sinceramente, era o que eu queria quando fui para lá.
— Porquê?
— Porque senti-me bem, senti que foi um clube que me deu a oportunidade de ser feliz a jogar outra vez e de me divertir.
— Mas estamos a falar do mercado de inverno, uma altura em que se falou também da possibilidade de regressar a Alvalade. Houve alguma coisa?
— Sinceramente, não faço ideia se houve ou não. A única coisa que posso dizer é que sempre disse ao meu empresário que queria fazer esta época até o fim no Legia, independentemente do que acontecesse em janeiro, do que aparecesse. Portanto, desde o início a minha ideia foi acabar a época no Legia.
— E nunca pensou num regresso ao Sporting, mesmo tendo em conta possível fim de ciclo de Amorim?
— Sinceramente, não. Já achava muito difícil regressar, eram já muitos anos a ser emprestado e depois as coisas começaram a correr bem no Legia e acreditava já que o regresso ia ser muito complicado.
— Recuemos um pouco mais no tempo até 2021, quando voltou ao Sporting, clube onde passou nos escalões de formação antes de ir para o Mónaco, ainda muito jovem. Foi Ruben Amorim o responsável por ter voltado?
— Sim, sem dúvida. Até me lembro que quando fui para o Famalicão em janeiro já havia muitas indicações de que poderia ir para o Sporting…
2 março 2025, 16:16
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— Então já tinha essa esperança nessa altura?
— Eu sabia que podia acontecer mas queria fazer a minha época. Gosto de ver as coisas no presente, não quero pensar no futuro e por isso fiz a minha época e as coisas foram acontecendo, foram surgindo clubes e depois o Sporting começou a fazer alguma pressão.
— E apareceu Ruben Amorim…
— O mister falou comigo umas quantas vezes e o diretor desportivo [Hugo Viana] também.
— Então, explique-nos lá o que é que Ruben Amorim diz aos jogadores que os convencer sempre. Veja-se o caso de Gyokeres...
— Não é difícil, os jogadores veem o trabalho dele, veem que as equipas são dominadoras, todos veem a forma como ele comunica, que é importante. Ele transmite uma grande confiança aos jogadores e acho que os jogadores depois veem a qualidade dele como treinador e acabam por ir, por se juntar às equipas dele por causa disso.
— É um trunfo para qualquer clube ter um treinador como ele?
— É. É muito bom treinador, muito bom comunicador e acho que isso ajuda bastante.
— E como é que vê agora a tarefa dele no Manchester United?
— Não tem uma tarefa fácil mas sinceramente eu acho que vai acabar por correr bem.
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— Na Polónia seguem-no?
— Olhe, lá na Polónia perguntaram-me muitas vezes, como sabiam que eu tinha trabalhado com ele, o que é que eu achava. Disse sempre que era o treinador certo para o projeto do United, porque é muito parecido ao projeto de quando ele chegou ao Sporting. Agora numa dimensão diferente, numa liga muito difícil, muito competitiva. Vai precisar do seu tempo.
— Naquela altura, quando voltou ao Sporting, era a única opção?
— Não.
— Pois, falou-se muito de outras possibilidades, até no Benfica…
— Havia, sim, o Benfica. E havia clubes do estrangeiro também. E o regresso ao Wolves.
— Que outros clubes eram esses?
— Não vale a pena referir, porque nunca sei o que é que vai acontecer, mas havia bastantes coisas na altura.
— E na altura optou pelo Sporting porquê? Por causa de Ruben Amorim, foi o grande responsável por ter voltado a Sporting?
— Sem dúvida.
— Mas coisas acabam por não correr muito bem. Porque é que isso aconteceu? Revisita esse momento?
— Não, não é uma preocupação que tenho. Sinceramente, é o que é. Cresci com isso, aprendi com isso. Se calhar hoje sinto-me mais preparado para o futuro do que na altura do Sporting, embora sentisse que também estava preparado para o Sporting. E até comecei muito bem a época, lembro-me que fiz oito jogos bastante bons. E depois tenho um jogo menos bom.
— Era isso mesmo que ia perguntar: esse jogo, que foi com o Ajax, em que Sporting é goleado (1-5) em casa e há um golo sofrido em que o foco está muito em si. Isso deixou-o marcado para sempre?
— Se fiquei marcado ou não, não sei. O certo é que depois disso, claro, os meus minutos reduziram muito... Mas depois tive uma lesão que ainda reduziu mais, que me tirou dois meses. Foi muito por o acumular disso, esse jogo ter ficado como uma das últimas imagens antes da lesão, que depois tirou-me a capacidade de mudar essa imagem que se calhar a equipa técnica criou ali daquele jogo... Acho que pode ter sido um bocado por causa disso.
— Pode dizer-se que Antony, que esteve nesse lance, é um bocado responsável pelas coisas não terem corrido tão bem?
— Não, sinceramente não acho. Porque, se não me engano, eu saí e o resultado estava 1-2. O Antony é um grande jogador, mas joguei contra jogadores muito mais fortes e bastante melhores. Simplesmente é normal haver jogos maus. Acho que esse jogo marcou mais as pessoas do que a mim. Na altura sim, hoje em dia não. São coisas que acontecem. Um jogo que me senti mesmo mal foi esse.
— A equipa também vinha de título nacional mas era uma equipa até inexperiente a nível europeu...
— Não, eu acho que não. Era uma equipa muito forte, com muito talento e tínhamos um treinador muito bom a crescer connosco. Simplesmente foi um jogo que correu mal, mas não foi só a mim, correu mal à equipa.
— Há outro aspeto, se calhar até são os adeptos que mais falam disso, que é facto de ter custado 10 milhões de euros por 50% do passe… Também pesou?
— Em mim posso dizer que não pesou, porque gosto de ter essa responsabilidade. Só tem essa responsabilidade quem é bom. E, na minha opinião, é simples: só quem tem pressão é quem é bom. Se eles meteram essa pressão em mim é porque acreditaram que eu era bom. Se depois pesou no que se passou, isso não faço ideia. Senti que no Sporting, depois da lesão, nunca pude lutar para voltar a mostrar o meu verdadeiro valor.
— Por que diz isso?
— Porque a lesão não ficou bem tratada, acabei por ser operado depois, mais tarde, no ano a seguir. Só depois dessa operação é que senti, ok, estou a voltar ao meu nível.
— E a lesão não ficou bem tratada porquê?
— Porque na altura decidiu-se não operar e, mais tarde, depois de perceber que tinha muitas dificuldades a fazer muita coisa, falei com especialistas no Everton e todos disseram que tinham de operar. Operaram e foi a melhor coisa que fiz na minha vida, porque mesmo a andar...
— Decisão de não operar foi do departamento médico do Sporting?
—Não, foi em conjunto comigo. Achámos que era o melhor, porque para ir para uma operação têm de haver muitos fatores e tem de haver algum tempo. Tentámos pelo meio conservador.
— Esta época o Sporting tem tido muitas lesões….
— As pessoas não estão por dentro e criticam, que pode haver alguma responsabilidade. Não, o departamento médico do Sporting é muito bom. O problema não há de ser isso.
— O que pode ser então?
— É troca de treinadores, muito volume de jogos. É normal, é sempre complicado para os jogadores.
— Os jogadores sentem isso? A troca de treinadores, o método de trabalho, isso pesa depois nas pernas e na condição física?
— Pesa, claro que pesa. Eles estavam com o Amorim há muito tempo e de repente mudou o trabalho. E mesmo o Ruben já estava com muitos jogadores lesionados, é verdade, mas, por exemplo, o Nuno Santos é uma lesão que não há nada que se possa fazer para prevenir aquilo, não é trabalho do departamento médico. Às vezes são coisas que acontecem. O departamento médico é bom.
Estes jornaleiros da Bola estão sempre a deitar abaixo o Sporting. Façam uma entrevista ao Picanha ou ao Morato.