Passagem do lateral pelo Sporting tem momento marcante, a goleada sofrida com o Ajax e lance com Antony
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Entrevista A BOLA Sporting: «Jogo com o Ajax marcou mais as pessoas do que a mim», diz Rúben Vinagre

NACIONAL26.03.202509:30

Lateral viu o Legia acionar compra em janeiro, por 2,5 milhões de euros. Esteve na redação de A BOLA e recordou a passagem por Alvalade, Ruben Amorim e 'famoso' duelo da Champions com os neerlandeses em 2021

Rúben Vinagre começou a época cedido ao Legia mas em janeiro viu os polacos exercerem opção de compra. Vive um dos melhores momentos da carreira, explica por que não vingou em Alvalade e nesse capítulo recorda aquele jogo da Champions em 2021 que acabou por ficar na memória coletiva pela goleada e pelo duelo do lateral-esquerdo com Antony. Conta ainda sobre lesão mal curada no Sporting e elogia, e muito, Ruben Amorim. Foi por ele que voltou ao clube leonino.

— O Legia exerceu a cláusula de compra do seu passe em janeiro, foi inesperado?

— Sim, foi inesperado porque... 

Polacos compraram o passe do lateral por 2,5 milhões de euros
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— Porque o valor de €2,5 M também não é muito normal no clube…

— Exatamente. Foi a primeira vez na história do clube. Claro que, na realidade, no futebol hoje em dia 2,5 milhões não é um valor muito elevado mas na Polónia é. Foi uma situação inesperada porque lembro-me que em janeiro falou-se de muita coisa, lembro-me que durante a primeira fase da época falou-se também muito que iam ativar a cláusula… Eu sabia que ia acabar por acontecer. 

— Era já isso que desejava na altura? 

— Sabia que era difícil, porque eles, quando me contrataram, disseram que era um valor muito alto, que não seria fácil. Só que em janeiro surgiram muitos interessados e acho que isso também pode ter acelerado um bocadinho o processo.

Rúben Vinagre com a família, o pequeno Santiago e a mulher Rita, nas instalações de A BOLA (MIGUEL NUNES)

— Mas era o que queria?

— Sinceramente, era o que eu queria quando fui para lá.

— Porquê? 

— Porque senti-me bem, senti que foi um clube que me deu a oportunidade de ser feliz a jogar outra vez e de me divertir. 

— Mas estamos a falar do mercado de inverno, uma altura em que se falou também da possibilidade de regressar a Alvalade. Houve alguma coisa?

— Sinceramente, não faço ideia se houve ou não. A única coisa que posso dizer é que sempre disse ao meu empresário que queria fazer esta época até o fim no Legia, independentemente do que acontecesse em janeiro, do que aparecesse. Portanto, desde o início a minha ideia foi acabar a época no Legia.

Lateral fala sobre a possibilidade de ter voltado ao Sporting em janeiro
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— E nunca pensou num regresso ao Sporting, mesmo tendo em conta possível fim de ciclo de Amorim? 

— Sinceramente, não. Já achava muito difícil regressar, eram já muitos anos a ser emprestado e depois as coisas começaram a correr bem no Legia e acreditava já que o regresso ia ser muito complicado. 

— Recuemos um pouco mais no tempo até 2021, quando voltou ao Sporting, clube onde passou nos escalões de formação antes de ir para o Mónaco, ainda muito jovem. Foi Ruben Amorim o responsável por ter voltado? 

— Sim, sem dúvida. Até me lembro que quando fui para o Famalicão em janeiro já havia muitas indicações de que poderia ir para o Sporting

— Então já tinha essa esperança nessa altura?

— Eu sabia que podia acontecer mas queria fazer a minha época. Gosto de ver as coisas no presente, não quero pensar no futuro e por isso fiz a minha época e as coisas foram acontecendo, foram surgindo clubes e depois o Sporting começou a fazer alguma pressão. 

— E apareceu Ruben Amorim…

— O mister falou comigo umas quantas vezes e o diretor desportivo [Hugo Viana] também.

— Então, explique-nos lá o que é que Ruben Amorim diz aos jogadores que os convencer sempre. Veja-se o caso de Gyokeres...

— Não é difícil, os jogadores veem o trabalho dele, veem que as equipas são dominadoras, todos veem a forma como ele comunica, que é importante. Ele transmite uma grande confiança aos jogadores e acho que os jogadores depois veem a qualidade dele como treinador e acabam por ir, por se juntar às equipas dele por causa disso.

Ex-leão explica como o treinador conseguiu convencer muitos jogadores a irem para o Sporting
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— É um trunfo para qualquer clube ter um treinador como ele? 

— É. É muito bom treinador, muito bom comunicador e acho que isso ajuda bastante. 

— E como é que vê agora a tarefa dele no Manchester United

— Não tem uma tarefa fácil mas sinceramente eu acho que vai acabar por correr bem.

— Na Polónia seguem-no?

— Olhe, lá na Polónia perguntaram-me muitas vezes, como sabiam que eu tinha trabalhado com ele, o que é que eu achava. Disse sempre que era o treinador certo para o projeto do United, porque é muito parecido ao projeto de quando ele chegou ao Sporting. Agora numa dimensão diferente, numa liga muito difícil, muito competitiva. Vai precisar do seu tempo.

O fatídico jogo

— Naquela altura, quando voltou ao Sporting, era a única opção? 

— Não.

— Pois, falou-se muito de outras possibilidades, até no Benfica… 

— Havia, sim, o Benfica. E havia clubes do estrangeiro também. E o regresso ao Wolves.

— Que outros clubes eram esses?

— Não vale a pena referir, porque nunca sei o que é que vai acontecer, mas havia bastantes coisas na altura. 

— E na altura optou pelo Sporting porquê? Por causa de Ruben Amorim, foi o grande responsável por ter voltado a Sporting?

— Sem dúvida. 

— Mas coisas acabam por não correr muito bem. Porque é que isso aconteceu? Revisita esse momento? 

— Não, não é uma preocupação que tenho. Sinceramente, é o que é. Cresci com isso, aprendi com isso. Se calhar hoje sinto-me mais preparado para o futuro do que na altura do Sporting, embora sentisse que também estava preparado para o Sporting. E até comecei muito bem a época, lembro-me que fiz oito jogos bastante bons. E depois tenho um jogo menos bom. 

— Era isso mesmo que ia perguntar: esse jogo, que foi com o Ajax, em que  Sporting é goleado (1-5) em casa e há um golo sofrido em que o foco está muito em si. Isso deixou-o marcado para sempre?

— Se fiquei marcado ou não, não sei. O certo é que depois disso, claro, os meus minutos reduziram muito... Mas depois tive uma lesão que ainda reduziu mais, que me tirou dois meses. Foi muito por o acumular disso, esse jogo ter ficado como uma das últimas imagens antes da lesão, que depois tirou-me a capacidade de mudar essa imagem que se calhar a equipa técnica criou ali daquele jogo... Acho que pode ter sido um bocado por causa disso.

— Pode dizer-se que Antony, que esteve nesse lance, é um bocado responsável pelas coisas não terem corrido tão bem? 

— Não, sinceramente não acho. Porque, se não me engano, eu saí e o resultado estava 1-2. O Antony é um grande jogador, mas joguei contra jogadores muito mais fortes e bastante melhores. Simplesmente é normal haver jogos maus. Acho que esse jogo marcou mais as pessoas do que a mim. Na altura sim, hoje em dia não. São coisas que acontecem. Um jogo que me senti mesmo mal foi esse.

Rúben Vinagre com Antony, no jogo em Alvalade em 2021 (A BOLA)

— A equipa também vinha de título nacional mas era uma equipa até inexperiente a nível europeu... 

— Não, eu acho que não. Era uma equipa muito forte, com muito talento e tínhamos um treinador muito bom a crescer connosco. Simplesmente foi um jogo que correu mal, mas não foi só a mim, correu mal à equipa.

Os 10 milhões e a lesão

— Há outro aspeto, se calhar até são os adeptos que mais falam disso, que é facto de ter custado 10 milhões de euros por 50% do passe… Também pesou?

— Em mim posso dizer que não pesou, porque gosto de ter essa responsabilidade. Só tem essa responsabilidade quem é bom. E, na minha opinião, é simples: só quem tem pressão é quem é bom. Se eles meteram essa pressão em mim é porque acreditaram que eu era bom. Se depois pesou no que se passou, isso não faço ideia. Senti que no Sporting, depois da lesão, nunca pude lutar para voltar a mostrar o meu verdadeiro valor. 

Lateral-esquerdo lembra tempos de Alvalade e lamenta lesão «que não ficou bem tratada»
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— Por que diz isso? 

— Porque a lesão não ficou bem tratada, acabei por ser operado depois, mais tarde, no ano a seguir. Só depois dessa operação é que senti, ok, estou a voltar ao meu nível. 

— E a lesão não ficou bem tratada porquê? 

— Porque na altura decidiu-se não operar e, mais tarde, depois de perceber que tinha muitas dificuldades a fazer muita coisa, falei com especialistas no Everton e todos disseram que tinham de operar. Operaram e foi a melhor coisa que fiz na minha vida, porque mesmo a andar... 

— Decisão de não operar foi do departamento médico do Sporting

—Não, foi em conjunto comigo. Achámos que era o melhor, porque para ir para uma operação têm de haver muitos fatores e tem de haver algum tempo. Tentámos pelo meio conservador. 

— Esta época o Sporting tem tido muitas lesões….

— As pessoas não estão por dentro e criticam, que pode haver alguma responsabilidade. Não, o departamento médico do Sporting é muito bom. O problema não há de ser isso.

— O que pode ser então?

— É troca de treinadores, muito volume de jogos. É normal, é sempre complicado para os jogadores. 

— Os jogadores sentem isso? A troca de treinadores, o método de trabalho, isso pesa depois nas pernas e na condição física? 

— Pesa, claro que pesa. Eles estavam com o Amorim há muito tempo e de repente mudou o trabalho. E mesmo o Ruben já estava com muitos jogadores lesionados, é verdade, mas, por exemplo, o Nuno Santos é uma lesão que não há nada que se possa fazer para prevenir aquilo, não é trabalho do departamento médico. Às vezes são coisas que acontecem. O departamento médico é bom.