Shéu sobre Eriksson: «Não encontrámos um homem derrotado, foi uma jornada de grande inspiração»
Eriksson e Shéu, num hotel de Lisboa, antes da partida para o Estádio da Luz. Foto: SL Benfica

Shéu sobre Eriksson: «Não encontrámos um homem derrotado, foi uma jornada de grande inspiração»

NACIONAL13.04.202410:30

A filosofia inspiradora de Eriksson, perante a doença terminal, tocou Shéu Han profundamente; e deixou-lhe uma certeza: «Foi realmente extraordinário»

Shéu Han, que recebeu uma das maiores ovações da Luz na noite da passada quinta-feira, tentou, 24 horas volvidas, fazer um balanço de tudo o que aconteceu.

Começou por lembrar: «Começámos o dia de uma forma e terminámo-lo de outra. Aliás, tínhamos falado dos receios que sentíamos perante o que íamos encontrar, antes de sairmos da Luz para o hotel. Mas a verdade é que acabei por ir para casa com muito para pensar.» E foi com profunda admiração que, no discurso pausado e pensado que o caracteriza, foi direito ao paradoxo vivido: «Depois de Eriksson ter feito o anúncio que fez, podíamos esperar encontrar um homem derrotado, mas não, ele mostrou-nos exatamente o contrário, e aquela jornada acabou por ser de grande inspiração.» O inferno da Luz esteve ao rubro durante a homenagem ao treinador sueco, e Shéu lembrou: «Muitos adeptos do Benfica não acompanharam ao vivo a transformação que Eriksson fez, muitos não eram sequer nascidos. Mas a história fez-se para ser contada, e em parte foi por saberem quem ele é, e o que representa, que os benfiquistas reagiram daquela forma no estádio da Luz.» E assume, também: «Sven-Goran Eriksson deixou em cada um de nós a sua influência, profissional e pessoalmente, e, para ser franco, ando desde a noite de quinta-feira à procura de uma explicação para as reações, dele e nossa, e não consigo, porque a verdade é que estivemos perante uma situação limite, com alguém que para nós é uma referência.»

Dos 21 jogadores do Benfica campeões no ano da chegada de Eriksson à Luz, já lá vão 42 anos, quatro já faleceram (Bento, Frederico, Chalana e Pietra), outros quatro não tiveram qualquer possibilidade de marcar presença (Nené, José Luís, César e Stromberg) e os outros 13 estiveram com o técnico sueco na quinta-feira. «Apesar de todos os balneários terem problemas, e aquele não era exceção, até porque não há balneários assépticos, a presença massiva dos jogadores, mais de quatro décadas depois, com Eriksson, também revela como éramos dentro do campo, unidos e a trabalhar uns pelos outros», partilha Shéu. A terminar, novamente uma reflexão: «Cada um deve tirar as suas próprias ilações do que aconteceu na quinta-feira, com uma certeza apenas: foi realmente extraordinário.»

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