Rui Pedroto sobre José Maria Pedroto: «Figura incontornável para a história do FC Porto e do desporto português»

NACIONAL06.01.202518:56

Filho do antigo treinador dos dragões recorda o pai como exemplo de «inteireza e a integridade»

Esta terça-feira, passam 40 anos da morte de José Maria Pedroto, antigo treinador do FC Porto e, para assinalar a data, os azuis e brancos lançam um documentário sobre o técnico. Esta segunda-feira, na antestreia, Rui Pedroto, filho, deixou declarações à imprensa, em que, visivelmente emocionado, destacou a «inteireza e a integridade» do pai, que, afirmou, foi «uma figura incontornável para a história do FC Porto e do desporto português».

«É mais difícil falar de um pai. Estou comovido, como se comprova pelas imagens», começou por dizer Rui Pedroto. «As minhas primeiras palavras são para os órgãos de comunicação social por estarem aqui, a testemunhar a passagem de um documentário sobre uma grande figura do nosso país e do desporto nacional como foi José Maria Pedroto, quando amanhã se completam 40 anos sobre o seu falecimento», continuou.

«É sempre comovidamente que se fala do pai. Estava a ver este documentário e estava a vê-lo como se fosse ontem. Os que nos são mais queridos nunca desaparecem da nossa memória. Enquanto aqueles que o conhecerem estiverem vivos, ele jamais perecerá. Hoje, ficou aqui demonstrado também que ele é uma figura incontornável para a história do FC Porto e do desporto português. Este documentário tem uma particularidade: chama a atenção para aspetos do seu percurso pessoal e profissional que eram desconhecidos para muita gente, que se habitua a olhar para o fenómeno desportivo e do futebol vendo apenas os êxitos e os fracassos de uma equipa e raramente olha para o homem que está por trás do treinador. Acho que o documentário de hoje é um exemplo paradigmático daquilo que me habituei desde muito cedo a admirar no meu pai: a inteireza e a integridade do seu caráter. É a coisa mais importante que me levou, que levou à minha família e acho que levou a todos aqueles que amam o futebol e o desporto», admitiu o filho de José Maria Pedroto.

Sobre a atual fase do FC Porto, diz Rui Pedroto que o pai «está atento ao FC Porto» e «estaria a viver com entusiasmo esta nova época»: «Estaria a torcer por fora para que consigamos revalidar o título de campeões nacionais. Tenho a certeza de que, lá onde estiver, ele estará a repousar eternamente e a desejar que o FC Porto tenha muito sucesso. Sucesso que é de outros mas é como se fosse dele.»

«Este documentário pode representar muito do que é a mística do FC Porto, que ele começou a forjar a partir da sua primeira passagem», afirma Rui Pedroto, que deixa um exemplo: «Quando começa a treinar os júniores do FC Porto, a preocupação social imanente ao treino. Ver, antes do jogador, o homem, ou naquele caso, o jovem ou a criança que se aprestava a treinar e a servir o clube. Foi sempre essa dimensão de humanismo que esteve muito presente na vivência, no seu caráter e na interação que teve, não só com os jogadores, mas também com aqueles com que se cruzou ao longo da vida. Mais que um treinador de exceção e além de um homem de um caráter e de uma integridade extraordinárias, o meu pai era uma pessoa de uma generosidade enorme. Acho que isso transparecia do seu comportamento e todos aqueles cujos depoimentos ouvimos agora neste documentário deixaram essa impressão que a marca que o seu caráter e personalidade deixaram nas suas vidas.»

Segundo o FC Porto, o documentário «tem como ponto de partida um caderno de apontamentos do curso de treinador que Pedroto tirou em França, no ano de 1960, e que, até agora, era desconhecido do público». Diz Rui Pedroto que este documento se trata de «um livro de instruções para a vida de treinador e para a vida»: «Estão ali compendiados apontamentos com quase 65 anos que revelam bem aquilo que, na verdade, são questões que, sendo verdadeiras há 60 anos, são-no também hoje. Tudo o que é de essencial e ao treino e à vivência desportiva está ali compendiado, por um homem muito jovem mas que desde cedo se insinuou como futuro líder, mas que nunca esqueceu a importãncia que tinha a base formativa e a necessidade de aportar conhecimento ao treino, ao jogo e a sua forma de exercer a profissão.» «O meu pai era um homem de uma sagacidade e de uma intuição extraordinárias, mas alicerçadas numa base de conhecimento teórico muito sólida, que ele percecionou desde muito cedo que era fundamental para ter sucesso numa carreira desportiva», concluiu.

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