Reportagem: O Harry Potter que conhece o Benfica e gosta de Di María e outro que só vibra com Ronaldo

Benfica Reportagem: O Harry Potter que conhece o Benfica e gosta de Di María e outro que só vibra com Ronaldo

NACIONAL12.07.202300:01

A cidade de Burton-upon-Trent ou, simplesmente Burton, apesar de ter perto de 100 mil habitantes é extremamente pacata e bucólica, mas tem à volta de 40 pubs que asseguram diversão. É uma cidade mercantil, que cresceu à boleia das transações feitas através do Rio Trent (o terceiro maior do Reino Unido) e recebeu o seu nome da origem de qualquer coisa como lugar fortificado. É à margem de Burton que o Benfica se treina, isolado, fechado e tranquilo em St George’s Park, casa onde trabalham as seleções inglesas de futebol e também outros emblemas, como é agora o caso do Burton Albion Football Club, que vai competir na League One.


Em Burton e arredores, a presença do Benfica passa completamente despercebida, como, aliás, assim querem que seja os responsáveis das águias para garantir total foco no trabalho, e apenas a presença dos jornalistas portuguesas agita o cenário campestre perfeito.


Mas Burton está perto da fronteira com Derbyshire e a apenas 18 quilómetros situa-se a cidade de Derby, maior, mais agitada (acima de 200 mil pessoas), embora um pouco sombria, suja, até decadente na zona central e histórica; talvez apenas tipicamente britânica, mas que não deixa de entristecer um pouco o espírito mais luminoso português, que aqui, em Derby, dizem-nos, estará representado por uma comunidade de não mais de três centenas, desgarrada, sem locais onde se habitualmente se junte.


Ainda assim, apesar da falta de cor, numa curta visita da nossa reportagem, a zona pedonal estava repleta de jovens e estudantes, eles de fato e gravata azul, elas de saia e casaco azul, como é tradição em muitíssimos colégios no Reino Unido. Dezenas de Harry Potters espalhados por Derby em visita de estudo. Não resistimos a provocar alguns destes ilustres representantes do bruxo de 11 anos que o génio da escritora britânica de ficção J. K. Rowling eternizou. «O Benfica? Conheço, claro. Hum… duas taças dos campeões europeus… A cor? Vermelho!», atira Jakob, tímido confesso amante de futebol que sorriu à notícia de que o internacional argentino Di María iria passar a jogar pelo Benfica. «Pois! Grande reforço? A custo zero, não é?», não terá sido bem a custo zero, mas, sim, o sucesso da contratação de Di María é notável.


O clube pelo qual torce Jakob é o Manchester United, onde Di María também jogou, embora sem grande brilho e o jogador de que mais gosta é o avançado Marcus Rashford, que em Inglaterra se tornou num ídolo dos mais jovens não apenas pelo talento, mas também pelas iniciativas sociais de enorme relevo que patrocina.
Menos entusiasta da modalidade é o colega Hassan. «Nem sigo o futebol, não torço por nenhum clube, mas o meu jogador favorito é o Cristiano Ronaldo, sem dúvida!», exclama. Mas mesmo agora, que CR7 está numa fase de pouco brilho e longe, a jogar na Arábia Saudita? «Sim, sim, ele faz vibrar os adeptos, é mesmo o jogador de que mais gosto», sorriu Hassan, convicto. Ronaldo continua, para ele, a ser um dos melhores do Mundo.


Se o Harry Potter, multiplicado, se passeava por Derby de mala às costas, num dos passeios do trecho da estrada que liga a Osmaston Road à Burton Road estava Lara Croft.


A heroína dos videojogos, arqueóloga caçadora de tesouros e estrela a série de filmes Tomb Raider, está imortalizada numa estrela gravada em lápide e dá nome à rua (depois de uma votação entre várias alternativas propostas aos habitantes), pois foi em Burton que ela nasceu, criada em 1996 pela empresa Core Design, baseada na cidade.


Derby cravou por toda a zona central placas com imagens de personalidades ilustres da cidade ou empresas que de alguma forma se destacaram em nome da cidade.