Pontos perdidos pelo adversário num Benfica onde todos contam, o filho de 9 anos que ficou sem treinador: tudo o que disse Bruno Lage

NACIONAL06.12.202415:15

A conferência do treinador do Benfica antes do jogo com o V. Guimarães, num momento em que a liderança está apenas à distância de não falhar

O Benfica joga com Vitória de Guimarães este sábado na Luz e pode encurtar distância nos lugares da frente da Liga. Bruno Lage alerta que o importante é olhar para o que a equipa tem de fazer, ou seja vencer, pois só assim pode beneficiar com os pontos perdidos pelo Sporting.

Tendo em consideração aquilo que o Vitória tem feito no Campeonato e na Europa, que adversário espera na Luz?

Um adversário muito competente. Realmente é fantástico o trabalho que o Vitoria tem feito esta época, quer na Liga quer nas condições internacionais. Tive a oportunidade de ver alguns jogos, e é uma equipa de enorme qualidade, quer individual, quer coletivamente. Jogar com uma equipa com nomes como Bruno Varela, Bruno Gaspar, Tiaguinho. Tiaguinho não, agora é Tiago Silva, já é capitão da equipa e tudo, mas será sempre o nosso Tiaguinho…. O Nuno Santos, o Nélson Oliveira… Isso por si só revela a qualidade individual da equipa. E depois aquilo que são os processos. É uma equipa muito bem organizada, uma equipa com uma grande dinâmica. Espero um adversário difícil, que nos obriga a estar no nosso melhor. Tivemos uma semana muito boa de treinos, por isso estamos confiantes que a equipa se apresente no seu melhor. Em particular gostamos de jogar em casa, contando com o apoio dos nossos adeptos, e pelas informações que tenho teremos casa cheia.

No Mónaco disse que um dos objetivos que tinha para a equipa era até o final do ano aproximar-se do primeiro lugar do campeonato. Tendo em conta as circunstâncias, esse objetivo alterou-se e passa por passar o ano no primeiro lugar?

Ainda agora começámos o mês de dezembro, ainda temos alguns jogos pela frente e ainda temos 12 pontos para disputar até chegar ao jogo com o Sporting. Por isso, aquilo que é importante neste momento, principalmente para nós, é percebermos que de nada adianta, ou de nada vale, os nossos adversários perderem pontos se nós não conquistarmos os nossos pontos. E esse tem de ser o nosso foco. O nosso foco tem de ser no jogo de amanhã, naquilo que nós temos vindo a fazer para vencer o jogo.

É mais fácil trabalhar agora, do que há um mês, quando ninguém pensava que ia haver esta contestação que existe no Sporting, ou no FC Porto, e que o Benfica estaria apenas a depender de si para chegar ao primeiro lugar do campeonato.  Qual é o sentimento do treinador Bruno Lage hoje?

É não pensar nisso, é pensar e olhar para aquilo que é nosso, a evolução que nós temos de fazer na equipa. Aquilo que é determinante neste momento é nós percebermos isto. De nada vale os nossos adversários perderem pontos se nós não ganharmos os nossos. Mantenho a ambição do que disse recentemente, é para isso que trabalhamos, mas temos de nos manter muito humildes e foco tremendo no jogo de amanhã.

O Kökçü está castigado e não vai jogar, como vai funcionar o meio-campo? E já agora nesta época natalícia, que vai pedir de prendas ao presidente?
Para nós o importante é percebemos o momento de cada jogador, o momento da equipa e tentar antecipar qual o melhor onze para fazermos uma boa exibição. Fizemos uma boa semana de treinos, o que também é importante para conhecermos os jogadores menos utilizados e estamos muito satisfeitos com aquilo que vamos fazer e com todas as oportunidades que os jogadores vão ter para jogar e para treinar.

Quando o Bruno Lage chegou ao Benfica, a equipa estava a 5 pontos do líder Sporting. À data de hoje, a equipa depende apenas de si própria para chegar à liderança. O Bruno sabe bem o que é recuperar estas vantagens, já assim foi campeão. Acredita que pode repetir este feito novamente? Depois no lado inverso, quando estava no Botafogo também ficou a saber o que é desperdiçar uma desvantagem pontual...

Já ganhei uma aposta por causa com essa pergunta (Risos) As pessoas podem já não se lembrar, mas nós, quando saímos do Botafogo, deixámos a equipa em primeiro lugar com 8 pontos de avanço. Por isso não fomos nós que desperdiçámos a oportunidade. Mas, eu não fujo à responsabilidade daquilo que nós vivemos durante dois meses e meio. Foi uma experiência fantástica para todos nós. Aquilo que é importante neste momento é perceber que o Botafogo cresceu muito desde esse momento e aproveito para dar os parabéns pela conquista da Libertadores e por estar a um ponto de vencer o campeonato. Sobre nós, vou repetir aquilo que disse anteriormente. Nós temos a nossa ambição, é por isso que trabalhamos. Sabemos o que queremos, mas neste momento o foco é o jogo de amanhã.

Já houve oito trocas de treinadores nesta Liga. O que é que isso significa para o campeonato português?

Na verdade, não é o campeonato português, é o futebol português. O meu puto tem nove anos e joga numa equipa que em cinco ou seis jogos só venceu um, e o treinador também foi substituído. Estamos a falar de uma equipa de miúdos de 9 e 10 anos. Por isso, isto é o futebol português. O mais importante é aquilo que fazemos a cada momento. A nossa experiência leva-nos a isso. Não vamos olhar para trás e olhar para recordes ou para títulos já conquistados. Não vale a pena olhar muito mais à frente do que aquilo que é o jogo seguinte. Aquilo que pretendemos é juntar mais exibições boas a esse bom momento. E é nesse foco que nós temos de estar atentos. O momento do futebol português é já o jogo de amanhã.

Na primeira passagem pelo Benfica utilizava muito a palavra reconquista. Continua a ser essa palavra o mote de agora?

Não sei se há palavra ou não, mas aquilo que sentimos é que há um trabalho de equipa muito grande. E eu tenho dito isso. Aquilo que os nossos jogadores devem sentir é que todos contam. E todos têm contato, todos têm contribuído para o nosso momento. Os nossos atletas têm sido incansáveis, mas também eles contam para nos ajudar.  O almoço que tiveram, há uns dias, é um sentimento de união e de que todos contam. É esse o sentimento que eu quero.

Encontra neste momento um balneário mais motivado? Como é que se consegue, de certa forma, travar alguma euforia que possa existir?

Os jogadores têm experiência suficiente para viver momentos menos bons e momentos melhores. Tem de haver sempre um equilíbrio. As coisas dentro de uma equipa de futebol acontecem tão rápido… A competir de três em três dias não há muito espaço, nem tempo, para pensar o que é que se passa lá fora. A importância é aqui. Temos ainda um caminho para fazer, para que eu sinta que a equipa jogue e controle alguns momentos do jogo como eu gosto. Tivemos a oportunidade de fazer dois treinos, entre quarta e quinta, que deu para trabalhar algumas coisas em que eu sinto que nós podemos ser melhores. Por isso, é esse o caminho que nós temos de fazer. Temos de nos focar na tarefa, focar no trabalho, focar na evolução da equipa, é nisso que nós temos que nos orientar. Porque é assim que vamos ganhar mais vezes e podemos chegar aos objetivos que nós temos.