EXCLUSIVO A BOLA Otávio: os €17 milhões que, no final das contas, entraram no negócio entre FC Porto e Al Nassr

Foram deduzidos €8,3 milhões na transferência do médio para o emblema saudita que diziam respeito ao valor que faltava liquidar ao jogador aquando da renovação e que entraram como serviço de intermediação.

Um caso que nunca foi bem explicado pela anterior administração do FC Porto foram os quase €17 milhões (16.945.662 euros) pagos pela renovação de Otávio, atualmente no Al Nassr. Para que fique claro: esse valor foi faturado ao FC Porto e liquidado ao jogador e ao empresário. Para compreender este imbróglio recuemos a 21 de março de 2022, quando o médio acertou a renovação com os dragões até 2025. A polémica explodiu quando foi divulgado o Relatório e Contas Consolidado da temporada 2020/21. Nele constava essa verba de quase €17 milhões, dos quais 14.990.711 euros são referentes a um prémio de assinatura.

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Isso criou muita celeuma na altura, com Israel Oliveira, empresário do internacional português e CEO na Live Soccer Football Company, a afirmar que «nem um euro» o jogador recebeu de prémio de assinatura. O relatório não mente, mas o universo de associados pedia explicações claras que não obteve da parte do antigo CFO da SAD, Fernando Gomes.

O processo só voltou a ser falado quando o Al Nassr comprou os direitos económicos de Otávio, por €60 milhões, em agosto de 2023. As contas não batiam certo. Mesmo pagando €12,7 milhões ao Coimbra Sports, clube que detinha 32,5 por cento do passe do futebolista, o FC Porto teria de encaixar cerca de €47,3 milhões. No Relatório e Contas do primeiro semestre do exercício de 2023/2024, foi possível verificar que entraram nos cofres das SAD €39 milhões.

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A diferença de €8,3 milhões dizia respeito ao valor que faltava amortizar dos €17 milhões acordados aquando da extensão até 2025 do vínculo de Otávio com o FC Porto. Ou seja, da renovação à venda do jogador ao Al Nassr aquele montante foi sendo liquidado, até faltarem os tais €8,3 milhões que foram deduzidos na operação. No comunicado enviado à CMVM sobre a transferência de Otávio para o emblema saudita, o FC Porto, sem mais explicações, informou o regulador que os «encargos associados a esta transação [€60 milhões] já se encontravam imobilizados, aquando da renovação com o jogador em março de 2021.»

Uma forma hábil de confirmar que, efetivamente, os €17 milhões fizeram parte de uma complexa operação cujas ramificações a auditoria em curso no FC Porto poderá descortinar e que os €8,3 milhões que faltavam pagar reduziram o lucro final para €39 milhões, em vez de €47,3 milhões.