«O treinador é o mais frágil e está a levar com as culpas todas»
Roger Schmidt no Vélodrome, casa do Marselha. Foto: IMAGO/MAXPPP

«O treinador é o mais frágil e está a levar com as culpas todas»

NACIONAL20.04.202410:46

Opiniões sobre a continuidade de Roger Schmidt no Benfica dividem-se entre adeptos e especialistas

Benfica falhou o objetivo de chegar a uma meia-final europeia, dez anos depois da última, ao ser eliminado pelo Marselha no Vélodrome. Antes, o conjunto encarnado já havia sido eliminado pelo Estoril nas meias-finais da Taça da Liga e pelo Sporting nas meias-finais da Taça de Portugal. A sete pontos dos leões, que seguem na liderança do campeonato, a Supertaça parece ser, cada vez mais, o único título com que as águias vão terminar a época.

Tendo em conta o investimento realizado no plantel e as expectativas criadas pelo desempenho da equipa na época passada, A BOLA falou com António Simões, lenda do Benfica, para perceber se Roger Schmidt deve sair ou continuar no comando das águias na próxima época.

António Simões (Miguel Nunes/ASF)

«Está tudo a perguntar isso, não é? Diria que há uma bola de neve que cresceu, não é de agora, já vem de trás. A questão é o custo que isso implica. Quem tem de resolver isso é quem está no clube. Nós não sabemos muita coisa, só estamos a ver, e o que se vê é uma situação extremamente desagradável. O treinador está a levar com tudo, é o mais frágil e está a levar com as culpas todas. Mas é só o senhor Roger Schmidt o responsável de tudo o que tem acontecido? É uma pergunta que tem de se fazer, mas terá resposta?

No Benfica, aprendi ao longo do tempo que joguei e fui dirigente que há uma cultura de pouca margem para quem não ganha. E assim sendo, claro que depois parece quase um cemitério para os treinadores, e é preciso ter algum cuidado com isso.

Ninguém gosta de ver o insucesso a que estamos a assistir, e tomar decisões sobre o treinador nunca é uma situação agradável, é sempre por razões de insucesso, mas a estrutura que o contratou é que tem de tomar a decisão, não somos nós que estamos de fora, não temos legitimidade para isso. Mas do que vemos, o que os olhos veem é que há qualquer coisa que não está bem.

Neste momento, qual é o benefício do prejuízo? Ou seja, se o Benfica manda Roger Schmidt embora, tem de pagar. Se não tiver condições, que tomem a decisão, mas é uma pressão enorme. No Benfica, aprendi ao longo do tempo que joguei e fui dirigente que há uma cultura de pouca margem para quem não ganha. E assim sendo, claro que depois parece quase um cemitério para os treinadores, e é preciso ter algum cuidado com isso.

Há uma grande diferença do ano passado para este? Sim, mas ninguém ganha sempre. O Guardiola mais uma vez não conseguiu chegar à final da Liga dos Campeões, e não é a primeira vez. Vamos aguardar. Sinceramente, não sei qual é a melhor decisão. Só posso falar do que vejo, e o que vejo é que há uma situação desagradável, porque vê-se que a equipa não está bem.»