O eclipse de Rafa no Benfica
Atacante português não faz golos ou assistências para a Liga há 420 minutos, sete horas de futebol
Pergunta simples, estimado leitor: sabe quem é o melhor marcador do Benfica nesta temporada na Liga? Fácil. A resposta óbvia é Rafa, que mesmo sem ser ponta-de-lança marcou 12 golos, sendo ainda de acrescentar as 11 assistências que leva na prova (neste particular foi ultrapassado por Di María na última jornada, com o argentino a somar 12 passes finais para golo). Mas saberá quem nos está a ler há quantos minutos o avançado de 30 anos, natural de Vial Franca de Xira, não marca nem assiste os companheiros em jogos do campeonato? Pois precisamente há 420 minutos, ou seja, exatamente sete horas completas de futebol!
O último golo de Rafa na Liga
Foi em 25 de fevereiro, quando os encarnados bateram na Luz o Portimonense, por 4-0, em jogo da 23.ª jornada, que Rafa fez abanar as redes contrárias pela última vez e neste caso até em dose dupla, pois apontou os golos que abriram e fecharam a goleada, para lá de ter assistido Di María no lance do 3-0.
Depois do golo conseguido ao minuto 75 já lá vão mais oito jornadas (embora só tenha sido utilizado em cinco delas), com as águias a marcarem por 15 vezes na Liga através de 10 jogadores diferentes (com destaque para Marcos Leonardo e Kokçu, autores de três, e Arthur Cabral, que fez dois) e em nenhum desses golos Rafa teve interferência decisiva.
Até no mais recente compromisso do Benfica diante do SC Braga, o avançado foi rendido aos 70 minutos e seria o seu substituto, Marcos Leonardo, a fazer dois golos determinantes para a reviravolta no marcador, um deles na primeira vez que tocou na bola.
Pelo quadro abaixo, em que a Liga é dividida em setores de oito jornadas, é possível constatar a perda de importância do campeão europeu em 2016, pois para lá de ter participado como titular em todos as partidas nas primeiras 24 rondas - desde aí Rafa só esteve presente em quatro jogos encarnados no campeonato, completando apenas dois -, foi decisivo na construção e marcação de, respetivamente, sete, seis e dez golos dos campeões nacionais, contra um redondo zero nas mais recentes sete jornadas.
E o seu desempenho só não foi por completo nulo porque em abril marcou nos jogos realizados com o Sporting (segunda mão da meia-final da Taça de Portugal) e Marselha (em França para a Liga Europa), que concluíram a participação encarnada nas duas provas.
Tendo iniciado a época aparentemente de cabeça limpa depois da célebre conversa com Rui Costa durante o estágio em Inglaterra e de ter rejeitado, no verão, uma proposta do Catar que lhe poderia valer qualquer coisa como €30 M líquidos em três anos, os 20 golos e 14 assistências no total de todas as competições fazem desta a melhor das oito épocas que leva de águia ao peito em termos de influência nos golos da equipa.
Ultrapassa mesmo 2021/22 quando esteve ligado a 30 golos (marcou 12 e assistiu para 18) mas o Benfica precisa nesta ponta final da época que o eclipse - fenómeno que ocorre quando a luminosidade do Sol é escondida total ou parcialmente pela Lua - de um dos mais importantes jogadores encarnados seja rapidamente ultrapassado e a relação de Rafa com as balizas adversárias volte a ser cintilante.