O álbum dourado de Bruno Lage no Benfica

NACIONAL12.11.202407:45

Goleada (4-1) ao FC Porto entra diretamente para a galeria, mas há outros resultados fantásticos ao serviço dos encarnados. Do inferno de Munique ao céu da Luz em quatro dias

Quarta-feira à noite, em Munique, frente ao Bayern, em jogo da 4.ª jornada da fase de liga da Liga dos Campeões, Bruno Lage conheceu o inferno. Não, não foi goleado pelos alemães, mas foi esmagado pelo futebol dos alemães e pela estratégia defensiva que adotou. E, mais do que golos, sofreu críticas. De antigos jogadores e treinadores, a críticos e adeptos, ninguém gostou de ver o Benfica jogar à defesa, para o empate, e foi exigido pela generalidade da família benfiquista uma equipa ofensiva e dominante para o clássico com o FC Porto.

O resultado está à vista: triunfo tremendo, por 4-1, goleada que não era vista há décadas — desde 30 de abril de 1972, então para as meias-finais da Taça de Portugal, quando as águias treinadas por Jimmy Hagan golearam, por 6-0, os dragões, com golos de Nené (2), Vítor Baptista (2), Artur Jorge e Valdemar (autogolo); em relação a jogos para o campeonato, é preciso recuar até 13 de dezembro de 1964, dia em que, com Elek Schwartz no banco, o Benfica superiorizou-se por 4-0: marcaram José Augusto e Eusébio, dois golos cada.

Bruno Lage adicionou, pois, mais um resultado importante à sua galeria, ao seu álbum de ouro, que já tem uma quantidade significativa e bastante variada de marcas assinaláveis no comando técnico dos encarnados. Tudo começou, naturalmente, em 2018/19, com a primeira passagem pela equipa principal do Benfica, para substituir Rui Vitória.

Foi nessa época, à jornada 20, que viajou até Alvalade e viu o Benfica, liderado então em campo pelo talento de João Félix, fazer quatro golos (4-2) na casa do eterno rival Sporting. Era um desfecho importante para a conquista do título de campeão nacional. Na jornada seguinte, 21.ª, regresso à Luz para enfrentar o Nacional e desse duelo sairia um resultado de outros tempos, de dois dígitos: 10-0. Seferovic e Jonas bisaram, Grimaldo, Pizzi, Rúben Dias, Ferro, João Félix e Rafa fizeram os outros golos.

No dia dos namorados, 14 de fevereiro de 2019, outra batalha, mas longe de casa e para outra frente. Em causa, a primeira mão dos oitavos de final da Liga Europa, em Istambul, Turquia, frente ao Galatasaray. Triunfo histórico, o primeiro do Benfica em solo turco, por 2-1, golos de Salvio e Seferovic para os encarnados, primeiro jogo de Florentino Luís como titular da equipa principal do Benfica. A estreia do médio, a partir do banco, acontecera no duelo anterior, o tal como Nacional.

Nessa temporada, ainda um quarto resultado entra sem discussão para a galeria de Lage: à 24.ª jornada, visita ao Estádio do Dragão, para defrontar o FC Porto de Sérgio Conceição. Adrián Lopez colocou os azuis e brancos em vantagem, João Félix e Rafa viraram o jogo e ofereceram ao Benfica uma rara vitória em casa do rival. Lage saía do Dragão ainda mais perto do título de campeão nacional.

Em 2019/20, muita coisa não correria bem ao técnico, que acabaria por deixar o comando técnico antes do final da época, mas o início não poderia ter sido melhor: goleada (5-0) ao Sporting de Marcel Keizer, na Supertaça.

Finalmente, 2024/25. Entrada em grande na fase de liga da Liga dos Campeões, com dois triunfos, o segundo com direito a correr mundo. Goleada, por 4-0, ao duro Atlético de Madrid de Diego Simeone, noite europeia à moda antiga na Luz.

Agora, então sim, o jogo deste domingo, o clássico com o FC Porto. A pressão era enorme, a posição de Bruno Lage estava longe de ser confortável, o Benfica poderia jogar muito do seu campeonato nesta partida, e o desfecho foi perfeito para o treinador e para o clube. E por números que em poucos arriscariam pensar antes da partida. O técnico (e o Benfica) conheceu o céu, depois do inferno de Munique.