Benfica: um problema para resolver, outro por antecipar

Águias têm um problema na lateral direita para resolver já, na reabertura do mercado, e outro para tentar antecipar, relacionado com a influência do capitão

Atempadamente combinada com o Benfica, a dispensa de Bah da seleção dinamarquesa parece mais prevenção do que apreensão, mas remete para um problema que deveria ser resolvido na reabertura do mercado, dentro de mês e meio.

O antigo jogador do Slavia, que teve uma paragem de três meses na época passada, já falhou quatro jogos da presente campanha devido a lesão, e continua a merecer cuidados especiais por parte do departamento médico.

Não é de agora que o Benfica precisa de um lateral que possa colocar em causa a titularidade de Bah, mas ao invés de ter uma opção válida para discutir o lugar com o dinamarquês, o plantel tem uma alternativa que não oferece garantias sequer para colmatar as ausências do habitual dono do lugar. Kaboré, também dispensado da seleção (do Burkina Faso), foi utilizado em seis jogos do Benfica, mas apenas dois como titular, deixando sempre a ideia de que não está (pelo menos para já) preparado para a exigência das águias. A imaturidade competitiva também contribuirá para estas interrogações, mas fica difícil perspetivar que o jogador cedido pelo Manchester City possa, a curto prazo, passar de problema a solução.

Sem respostas imediatas na equipa B — apesar da qualidade de Diogo Spencer —, e com Aursnes imprescindível a meio-campo, o melhor que o Benfica pode fazer é atacar o mercado. Nesse cenário, talvez faça sentido para Bruno Lage — que entrou já depois das compras de verão — ter um lateral com um perfil diferente, porventura mais associativo e cerebral, do que atlético e veloz.

Tomás Araújo nunca seria solução a longo prazo para o lugar, até porque se apresenta, nesta altura, como o central de melhor rendimento na equipa. Espreita agora a estreia pela Seleção, onde António Silva vai recuperando a confiança perdida na última época. Caso o jovem de Penalva do Castelo consiga aproximar-se do registo de 2022/2023, então o lugar cativo de Otamendi pode estar seriamente em risco. O argentino vai acumulando erros a uma cadência cada vez maior, inclusive na sua seleção, e até já os adeptos do River Plate torcem o nariz a um regresso. Embora a entrega da braçadeira das águias tenha sido precoce, Nico tem uma influência inquestionável no balneário e isso pesa nas decisões, mas a SAD liderada por Rui Costa tem de antecipar problemas e perceber quando é que a presença do capitão se tornará um peso. De preferência em sintonia com o próprio Otamendi.