Benfica-FC Porto: isto não lembra a ninguém
Uma nota para o que disse Ruben Amorim: a diferença entre os grandes e os outros. Os grandes não estão a ficar maiores, mas os pequenos talvez estejam a ficar mais pequenos
Foi um domingo de futebol com coisas extraordinárias. Se pensar bem, nós que seguimos o fenómeno temos a expectativa de, sempre que vamos a um estádio ou nos sentamos em frente a um televisor, de assistir a algo que nos agite. A verdade é esta: na grande maioria das vezes saímos todos desiludidos, pois nada de incrível sucede.
Há muito mais 0-0 chatos, ou mesmo 3-0 sem grande história, do que aquilo que se viveu ontem. Um domingo em que o Sporting mostrou que é mesmo a maior força do campeonato no momento e em que uma grande franja de pessoas viu o que nunca tinha visto: o Benfica marcar quatro golos ao FC Porto. Como pode ler n’A BOLA, é preciso recuar até 1972 para se ver uma equipa do Benfica fazer coisa semelhante. É uma geração inteira que nunca viu uma coisa assim, como provavelmente não tinha visto um presidente do FC Porto na tribuna presidencial da Luz.
É verdade que este pareceu ser o FC Porto mais frágil de que há memória na Luz, mas era o Benfica quem estava debaixo de enorme pressão, fruto do atraso no campeonato e, convenhamos, do que se viu em Munique. Sinceramente, não fosse o erro de Otamendi, precedido de ato que não lembra a ninguém que perceba o que está em jogo, e o Clássico podia ter pendido ainda de forma mais notória para o Benfica, que respondeu com um resultado do tamanho de 52 anos.
E já que a pirotécnica interrompeu o jogo, interromperá também este texto: uns poucos na Luz quiseram fazer uma festa, mas prejudicaram grandemente a equipa, que estava em cima do rival, com dinâmica, a pressionar e perto do golo. Aquela interrupção foi um absurdo desnecessário e só não causou maiores estragos porque este FC Porto não é o mesmo que se costuma apresentar na Luz (as consequências de certas coisas sempre chegam…).
Por fim, uma nota para o que disse Amorim: a diferença entre os grandes e os outros. Os grandes não estão a ficar maiores, mas os pequenos talvez estejam a ficar mais pequenos. Disse antes que este FC Porto é o mais frágil que se viu em muitos anos. Tem seis pontos perdidos no campeonato, e ‘apenas’ frente a Sporting e Benfica. O Sporting tem sido superior, mas este fosso contém sérios riscos para o leão, pois sem grande concorrência a vir ‘de baixo’, o campeonato pode muito bem decidir-se nos jogos entre os três maiores. E o Benfica voltou a encher-se de confiança com um resultado à antiga.