Nova pérola portista analisada por quem o conhece bem: «O Vasco já ia treinar, não ia apenas ao treino»

NACIONAL05.08.202419:00

Ricardo Malafaia foi o primeiro técnico de Vasco Sousa quando o jovem médio chegou aos sub-17 dos dragões. «Já na altura se via nele um perfil de profissional», assume; o que já tem e o que pode melhorar

O ouro da casa no Dragão tem, por estes dias, mais um nome na ribalta: Vasco Sousa. O jovem médio, de apenas 21 anos, está a ser uma das apostas de Vítor Bruno para a nova temporada e a forma como entrou no jogo da Supertaça, diante do Sporting, no passado sábado, não deixou margem para dúvidas: o camisola 15 é um verdadeiro… reforço.

Lançado aos 75 minutos no épico triunfo dos azuis e brancos sobre os leões (4-3, após prolongamento), Vasco Sousa teve nota 7 em A BOLA. «Encarna o verdadeiro espírito do FC Porto, é combativo, não dá uma bola por perdida, persiste, insiste e irrita o adversário. Massacrado com faltas, emprestou dinâmica brutal ao coletivo e ainda assistiu Fran Navarro para a melhor situação de golo do espanhol», escreveu, a propósito, Pascoal Sousa, jornalista desta casa, na apreciação individual ao craque portista. Além desse lance, foi também Vasco Sousa a libertar a bola para o golo de Iván Jaime, que bateu em Mateus Fernandes e criou efeito que ludibriou por completo o guarda-redes do Sporting, Kovacevic.

Os dados estão lançados e Vasco Sousa, que renovou recentemente contrato com o FC Porto até 2027, está no ponto para a época de afirmação. Mas A BOLA quis saber mais e foi ao início do percurso do internacional jovem português de dragão ao peito. Recuemos, pois, cinco anos e olhemos à época 2019/2020, quando o médio rumou aos sub-17 portistas. Teve Ricardo Malafaia como primeiro treinador e o técnico recorda esse ano.

«Desde que chegou para trabalhar connosco mostrou coisas diferentes. Tinha bastante qualidade e uma maturidade muito acima da média. O Vasco já ia treinar, não ia apenas ao treino. Ainda era muito novo e já na altura se via nele um perfil de profissional», nota.

Ricardo Malafaia orientou Vasco Sousa nos sub-17 dos dragões. (Foto: D. R.)

Depois, dentro de campo, vieram naturalmente ao de cima as caraterísticas individuais do jogador: «Posicionava-se muito bem, antecipava as jogadas e iniciava o processo de construção com imensa qualidade. Já conhecia quase tudo do jogo, nomeadamente ao nível coletivo, e basicamente o nosso principal trabalho direcionou-se para as questões individuais. Com tudo o que ele tinha por natureza, não era preciso muito mais…»

O tempo, claro está, foi um fiel escudeiro da evolução de Vasco Sousa e Ricardo Malafaia não está minimamente surpreendido com o sucesso alcançado pelo seu antigo jogador.

«Nós, equipa técnica, projetámos, desde a primeira hora, que o Vasco iria chegar ao plantel principal do FC Porto. Seria uma questão de tempo. A prova está aí e o que conseguiu foi por mérito próprio. É um médio completo, muito forte nos duelos e com uma fibra tremenda. Talvez apenas lhe falte mais chegada à área para ter mais golos e assistências, mas isso também é algo que vai acontecer com naturalidade porque ele é mesmo um jogador de excelência», reforça o técnico.

Vasco Sousa começou desde muito cedo a destacar-se na formação portista. (Foto: D. R.)

Alenichev é ‘culpado’ do número 15 no dorsal

Quando estendeu o vínculo com o FC Porto, Vasco Sousa confessou ter escolhido o número 15 por ‘culpa’ de Dmitri Alenichev, internacional russo que representou o FC Porto de 2000 a 2004, período de grande hegemonia portista a nível nacional e internacional.

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Instado a comentar as semelhanças que vê entre ambos, Ricardo Malafaia não tem dúvidas: «Vejo o Alenichev no Vasco

O antigo treinador do jovem craque azul e branco explica esta comparação. «O Alenichev era mais elaborado tecnicamente, mas o Vasco, sendo também muito bom na definição, junta ainda a questão defensiva, onde é mais incisivo. Tem muito jogo na cabeça e nos pés», assume o antigo técnico do agora… número 15 do FC Porto, ele que continua com as mesmas feições, mas que mudou de visual: o cabelo de há cinco anos já… desapareceu. Já a cara de menino e a qualidade futebolística… mantêm-se.

A farta cabeleira do craque já não existe, mas o talento continua todo lá. (Foto: D. R.)
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