Sporting-FC Porto, 3-4 Felicidade no golo, elogios ao Sporting e o «manual de compromisso»: tudo o que disse Vítor Bruno

NACIONAL04.08.202400:48

Treinador do FC Porto feliz com a reviravolta da equipa

Vítor Bruno estava naturalmente feliz com a reviravolta do FC Porto contra o Sporting, que permitiu ao técnico conquistar a Supertaça Cândido Olvieira, o seu primeiro título na carreira como treinador principal e o primeiro título da época para os dragões. O treinador de 41 anos reconheceu, na conferência de imprensa, que os azuis e brancos tiveram alguma felicidade na forma como marcaram o quarto golo, mas frisou que a equipa foi atrás dessa felicidade, até pelas mexidas a partir do banco.

Deixou também uma mensagem para António Ribeiro, defesa-central da equipa B que teve de ser internado com um traumatismo crânio-encefálico este sábado, na Madeira, após um choque num jogo contra o Nacional.

— O que sentiu ao ver a equipa a perder por 3-0 e depois conseguir virar o jogo?

— Senti a equipa perdida em campo. Faltou voz ao treinador naquele momento para tentar serenar. Sofremos o 3-0 e depois aí, a seguir ao 3-0, o momento do jogo decisivo foi quando fizemos o 3-1. A equipa estabilizou, o momento no balneário foi importante. Tentámos corrigir o que estava a acontecer e que os jogadores agarrassem o que é a nossa ideia. Quem veio de fora acrescentou valor e essa é uma mensagem forte para dentro, para que todos percebam que são importantes, independentemente de quantos minutos joga. A segunda parte é nossa, temos um golo anulado, bolas a aterrar perto da baliza do Sporting. No prolongamento, com alguma felicidade, fizemos o 4-3 e depois foi sofrer juntos, agarrados ao que é o nosso espírito. Tentamos sempre encarnar os valores e desígnios desta gente que tanto trabalha, que é apaixonada e estoica e é este o nosso manual de compromisso aqui dentro. Para nós não é negociável e os jogadores sabem isso. Enquanto o jogo não for concluído agarramo-nos à esperança e uns aos outros.

O fantasma que pairou sobre o Sporting-FC Porto

4 agosto 2024, 00:55

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Como se explica que uma equipa que está a vencer por 3-0 antes da meia-hora se deixe perder por 4-3 já no prolongamento? Houve desconcentração coletiva ou faltou liderança?

— O que transmitiu aos jogadores para conseguir a reviravolta?

— Foi preciso fazer vários apelos. A vantagem de estar aqui há algum tempo é conhecê-los. Deu para validar as ideias do treinador que, pela primeira vez, está desta parte, mesmo assim percebendo que havia algum desconforto pela forma como o jogo se estava a desenrolar. Os jogadores conseguiram ir buscar muito daquilo que é nosso, mas, ao mesmo tempo, senti também alguma impotência na equipa. Mérito do Sporting, que é uma equipa excelente e que joga a um nível altíssimo, que tem várias formas de entrar no bloco adversário. Tem jogadores fortes, bom jogo interior, ataque à profundidade a partir de fora, houve dificuldade para controlá-los.

— Teve ali cinco minutos isolado no final do encontro, o que lhe passou pela cabeça?

— Sobre esses minutos finais, nem sei o que lhe diga, passam muitas coisas pela cabeça. É o início de uma carreira numa posição diferente, nem sempre vai correr bem, hoje fomos felizes em determinados momentos, mas quero dizer que quando me entregaram este cargo ninguém me deu uma coroa. Sou exatamente o mesmo treinador do passado. Fazê-los acreditar que tudo é possível. Neste clube, apenas é impossível pensar que não é possível. Aqui dentro não há estatutos, não há quem seja mais importante que outros, todos são importantes, todos vão ter os seus momentos, eles sabem isso. Caminhamos juntos para aquilo que for preciso.

— Vai ficar para a história esta reviravolta do FC Porto. Que sinais dá uma equipa que consegue virar o resultado contra este Sporting, campeão nacional?

— São sinais fortes, sobretudo no caráter. Mas em nenhum momento duvidei do que os jogadores me podem dar. Como disse antes, eu conheço-os muito bem, é a grande vantagem que tenho. Sei onde estão as raízes dele. Para mim não foi novidade como se reergueram, sobretudo porque sei aquilo que são capazes de ir buscar em momentos de dificuldade. Trabalhamos e fomentamos isso diariamente no Olival. Hoje fomos felizes, não podemos negá-lo. Podia ter caído para o lado do Sporting. O intervalo foi um momento importante, para falar com os jogadores, para apelar ao que é nosso. Foram à luta, foram bravos, corajosos, encarnaram os valores da massa Porto e, quando é assim, estaremos mais próximos de reverter algo que parece impossível.

— Falou de vários momentos aqui que foram importantes, o 3-2 foi o momento galvanizador? E queria um comentário sobre as entradas para o meio-campo.

— Ia tocar nesse ponto porque parece-me que não podemos desligar o momento do 3-2 com as entradas no meio-campo. Não quero puxar os louros para quem foi lançado, mas tiveram impacto no jogo, coincidiu com o nosso melhor momento. Fomos felizes na forma como fizemos o 3-2, que coincidiu com o momento em que eles entraram em campo. O Eustáquio conhece-me há muito tempo, saiu de competição há menos tempo, fez a Copa América quase até ao final; o Vasquinho tem 1,70m, mas é gigante no caráter e capacidade de trabalho e talento que tem. Quando o talento anda de mãos dados com o compromisso fico tranquilo. Entraram bem, empatámos, podíamos ter feito o quarto com o golo anulado, toda essa energia começou a sentir-se vinda de fora, os jogadores agarraram-se a isso, fruto dessa galvanização que é natural numa equipa que vai crescendo enquanto a outra vai ficando na dúvida. É futebol. Hoje tocou-nos a nós, nem sempre vai ser assim. Sporting é fortíssimo, tem uma qualidade de jogo impressionante. Chegam aos últimos 30 metros de várias formas, quando não estamos bem organizados corremos o risco de acontecer o que aconteceu hoje

Última nota, para o António, que sofreu um problema grave hoje no torneio da Madeira. Está em alguma dificuldade, aparentemente estabilizado agora. Da nossa parte, FC Porto e Equipa A, queremos transmitir e dar-lhe toda a força que necessitar. Estaremos aqui para ele porque no FC Porto não há equipa A ou equipa B, há unidade.