Vítor Bruno: «Para ser honesto, vi o caso malparado»
Vítor Bruno conquistou o seu primeiro título como treinador principal do FC Porto. Foto: Grafislab

Sporting-FC Porto, 3-4 Vítor Bruno: «Para ser honesto, vi o caso malparado»

NACIONAL04.08.202400:18

Treinador do FC Porto admite que houve felicidade no momento em que fizeram o quarto golo

Vítor Bruno, treinador do FC Porto, mostrou-se satisfeito após a reviravolta dos dragões contra o Sporting, já no prolongamento, que permitiu aos azuis e brancos conquistar o primeiro troféu da época. Admitiu, ainda assim, que chegou a ficar preocupado.

«Pela forma como o jogo se desenrolou, para ser honesto, vi o caso malparado», começou por dizer o treinador dos dragões, à Sport Tv, na zona de entrevistas rápidas. E partilhou a sua leitura do jogo: «Apesar de termos entrado bem, nos primeiros dez minutos, a condicionar a saída da bola do Sporting, a tapar os canais de jogo interior, pressionámos alto, podíamos ter aberto o marcador e depois sofremos o 1-0 de bola parada, a seguir o 2-0. Faltou também uma ajuda minha se calhar, para tentar conduzi-los, acalmá-los. Depois, a perder, a tentação de correr atrás do resultado acabou por abrir espaços para o Sporting, que é fortíssimo a partir de trás e consegue ser letal. Quando fazemos o 3-1 a equipa estabilizou, o intervalo ajudou-nos a alavancar e depois a entrada na segunda parte é forte. Quem veio de fora acrescentou muito, mostrou-me posso contar com toda a gente. Na parte final do jogo podíamos ter feito o 4-3 com o golo anulado, depois no prolongamento foi sofrer, fizemos o 4-3 – com alguma felicidade, é verdade – logo a abrir e depois foi sofrer juntos. E conseguimos, também pela comunhão entre massa associativa, jogadores e toda a estrutura. Depois, no final, foi um jogo não tao bonito, tivemos de ser bravos e agarrar.»

Vítor Bruno reconheceu que «hoje as mudanças resultaram», mas frisou que não será sempre assim: «Há dias em que não vai correr bem. Isto é a vida de treinador, temos de arriscar, perceber como podemos abanar e levar o jogo para onde queremos. Há dias que correm assim, ninguém é genial por fazer isto, vai haver momentos em que me vão crucificar por alterações que possa fazer. Agora, os sinais que eles me deram, pela forma como alcançaram isto… agarraram-se ao que é nosso, à nossa mensagem, e o resultado demonstra a mensagem. Hoje correu bem, Sporting é um adversário fortíssimo. Temos um largo caminho pela frente ainda, mas temos uma base sólida e compromisso, que é o que nunca pode faltar ali dentro.

Os jogadores do FC Porto fizeram saber que, ao intervalo, Vítor Bruno deu o exemplo da famosa final da Liga dos Campeões em 2005 (reviravolta do Liverpool, que foi para o intervalo a perder por 3-0 contra o Milan e acabou por levantar o troféu). No entanto, o técnico não gostou que os seus atletas tenham partilhado a informação: «Eles falam muito, não têm de dizer tanto, têm de ser mais reservados. Foi algo que me veio à cabeça naquele momento. Não foi nada pensado nem programado. Veio-me à memória, foi uma final a que assisti e que ainda hoje me inspira muito, e foi lançado o desafio. Se o Sporting fizesse o 4-1 era complicado, mas não podíamos ter receio de fazer o 3-2, o jogo podia reabrir e depois, com toda a força e o motor que vem de fora, podíamos embalar para algo épico. Hoje correu bem, nem sempre vai ser assim.»

Por fim, quando questionado se, após um verão com muita polémica à mistura, se desejava dedicar o título a alguém, o técnico dos azuis e brancos garantiu que prefere não se «agarrar a isso» e que esse é «um capítulo encerrado». «Houve muitas coisas que me magoaram, mas é um capítulo encerrado. Houve muita gente que me deu a mão e me ajudou. Os jogadores têm sido fantásticos, na relação que tentamos construir. Hoje até acredito que pode ter ficado uma dúvida no ar para os adeptos, porque começamos a perder e nesse momento vamos buscar crenças, trocamos olhares e mensagens perto do banco e é preciso agarrar isso. Costumo de dizer que não é por estar neste cargo que sou diferente do que era antes, ninguém me deu uma coroa. A minha missão é inspirar os outros e levá-los a acreditar que é possível», concluiu.