Benfica Neres rende mais a titular ou a sair do banco? Os números que desfazem o mito

OS 58 mil adeptos presentes na Luz no jogo de anteontem com o Estoril renderam-se à exibição de David Neres e brindaram o criativo brasileiro com uma ovação de pé no momento da substituição deste por Gonçalo Guedes, ao minuto 84.

Autor da assistência para o único golo do jogo, marcado por Otamendi, aos 44’, mas protagonista de vários momentos de desequilíbrio, o brasileiro de 26 anos quebrou jejum de seis jogos sem qualquer golo ou passe para golo, num momento de intermitência em termos de presença regular no onze e que abrangeu o ciclo de maus resultados quebrado pelo regresso aos triunfos na jornada deste fim de semana.

Neres voltou a ser Neres na hora H e a demonstrar as particularidades que fazem dele um jogador único no seio do plantel de Roger Schmidt, no qual não abundam criativos e extremos desequilibradores, difíceis de parar no um contra um, com ginga e genica e enorme capacidade de drible.

Poderá muito bem ter voltado a conquistar lugar cativo no onze para ajudar as águias neste momento crítico e decisivo da época. E a realidade dos números é clara à entrada para estas últimas semanas de Liga: Neres rende muito mais como titular do que a saltar do banco.

Com presença em 43 partidas oficiais esta época, no conjunto de todas as competições, foi titular em 30 e suplente utilizado nas restantes 13. A jogar de início, logrou 10 golos e onze assistências, que distribuiu por 18 dos tais 30 jogos. Como suplente utilizado, obteve apenas dois golos e duas assistências, e apenas deixou marca em quatro dessas 13 partidas. Ou seja, como titular foi influente em 60 por cento dos jogos que fez, ao passo que na condição de suplente utilizado só conseguiu ser influente em 30 por cento dos jogos.

Seja como titular ou suplente utilizado, o que é certo é que David Neres é sem sobra de dúvidas um dos jogadores mais importantes na manobra ofensiva de Roger Schmidt, posicionando-se no pódio da construção de golos nesta temporada no seio do plantel.

Já se envolveu em 25 (12 golos/13 assistências) dos 118 golos totalizados em 2022/2023 pelos encarnados, só ficando atrás de João Mário, que está em 35 golos (23 golos/12 assistências) e de Gonçalo Ramos, diretamente ligado a 30 (25 golos/5 assistências).

Dados que também suportam os argumentos dos que defendem o regresso sem restrições de Neres à titularidade, para mais numa altura de menor fulgor de João Mário, Gonçalo Ramos e ainda Rafa Silva [ver pág. 14]. Com cinco jogos até ao cair do pano sobre a temporada, David Neres ainda pode fixar o melhor registo da carreira na construção de golos, suplantando os 26 golos (14 golos/2 assistências) em que esteve envolvido na segunda temporada ao serviço do Ajax, em 2017/2018.