«Miguel Nóbrega tem muito potencial, é muito inteligente»
Depois da grande exibição frente ao Sporting, A BOLA falou com dois ex-treinadores do jovem defesa central; João Tralhão revela que o jogador atuou em várias posições durante a formação; Renato Paiva realça as qualidades técnicas e a velocidade do número 3 do Rio Ave
A exibição de Miguel Nóbrega no último domingo, no Estádio dos Arcos, diante do Sporting, não passou despercebida, tanto é que o jovem defesa central, de 23 anos, foi eleito o melhor jogador em campo.
João Tralhão, que trabalhou com o atleta na formação do Benfica e atualmente ao serviço dos turcos do Antalyaspor, falou a A BOLA sobre o jogo memorável do central frente aos leões e acerca das características técnicas que o diferenciam de outros jogadores que ocupam a posição.
Quanto tempo trabalhou com o Miguel Nóbrega nas camadas jovens do Benfica?
«Trabalhei um ano e meio com ele, e foi um pilar na equipa de juniores que foi campeã (em 2017/18)»
Viu o jogo contra o Sporting?
«Vi o jogo, acompanho o campeonato português, e em especial os meninos com quem trabalhei. Estava curioso, não fiquei nada surpreendido pela exibição e por ter sido eleito o melhor em campo. Foi um jogo implacável, muito eficaz, onde apresentou muita segurança com bola, e sem bola esteve sempre no sítio certo. Foi um jogador decisivo no Rio Ave, fez uma exibição extraordinária.»
Que futuro perspetiva para o jogador?
«Honestamente acredito que o Miguel Nóbrega, que já tem alguma experiência na Primeira Liga e também na Suíça [foi cedido ao Grasshoppers em 2020/21], pode dar o salto brevemente, com todo o respeito que tenho pelo Rio Ave, que é um bom clube do futebol português. É um jogador com muito potencial, muito inteligente. Para a posição dele, se ele tiver o foco, pode chegar onde quiser. É extremamente rápido, e ofensivamente é muito evoluído tecnicamente. Cria desequilíbrios, tem muitas valências que o distinguem de outros defesas centrais. Acho que esta experiência tem ajudado a desenvolver os índices de agressividade, também nos duelos.»
Jogou sempre na posição de defesa central, ao longo da formação?
«Na formação, jogou em várias posições, fixou-se na posição de central nos sub-19. Defendo que os jogadores devem experimentar várias posições na formação, caso contrário ficam mais limitados. Isso ajudou-o a ver o jogo de outra forma, e a ganhar outras valências. Depois, no Benfica, tomámos a decisão certa, em conjunto com o jogador, em definir a posição de defesa central como a mais adequada para o Miguel Nóbrega.»
Renato Paiva, que trabalhou com o defesa em três escalões diferentes (sub-16, sub-17 e equipa B), destaca, em declarações a A BOLA, que Nóbrega «chamou a atenção pela sua qualidade técnica, e por ser muito rápido.»
«Depois foi evoluindo. Estive com ele nos sub-16, nos sub-17, e depois na equipa B. Para defesa central, tinha essas duas características. Super rápido e tecnicamente bom. Não era um central agressivo, não era um central de choque. Era um central muito mais técnico, muito mais de construção do que propriamente de destruição. Um miúdo, de certa forma, introvertido, não falava muito. Mas depois com os colegas era muito brincalhão. Em termos de características, era mais ou menos isto que o Miguel tinha. Perdia algumas coisas pela questão da agressividade defensiva, ganhava outras pela questão da construção ofensiva e pela sua velocidade», frisa o atual treinador dos mexicanos do Toluca.
Esta temporada, Miguel Nóbrega tem assumido um papel importante no trio defensivo do Rio Ave, geralmente como central pelo lado esquerdo no sistema de Luís Freire. Leva já 17 partidas e um golo de caravela ao peito, em mais de 1300 minutos.