Rio Ave deitou areia na engrenagem do Sporting: a crónica de Vila do Conde
Foto: IMAGO

Rio Ave-Sporting, 3-3 Rio Ave deitou areia na engrenagem do Sporting: a crónica de Vila do Conde

NACIONAL25.02.202423:52

Houve de tudo, de erros infantis a grandes golos. Vilacondenses personalizados travaram máquina de Amorim. Emoção até ao fim...

O estádio do Rio Ave não recebeu ontem a melhor versão do Sporting. Longe disso. A bitola média, nesta época, da equipa de Rúben Amorim tem sido bem mais alta do que se viu em Vila do Conde. E o que faltou, se os jogadores foram os do costume, o sistema de jogo está mais do que enraizado, e o moral tem andado em alta?

Provavelmente, a principal causa própria (por houve uma causa alheia, chamada Rio Ave, que assinou uma exibição com muita personalidade) terá estado na ausência da frescura a que os leões nos habituaram, e que os levou a atropelar inúmeras equipas nesta temporada. É verdade que o Rio Ave, que tem feito do seu estádio a principal arma (ainda não conseguiu ganhar fora de portas), pode ter surpreendido os leões, especialmente na segunda parte, onde se apresentou desinibido e a pressionar alto, obrigando o adversário a esticar, com pouco critério, demasiadas vezes o jogo na frente.

Mas não se viu nos forasteiros um meio-campo fluido, e a inspiração andou demasiadas vezes de costas voltadas aos principais fantasistas verdes-e-brancos, Pedro Gonçalves e Marcus Edwards. Sendo certo que os leões podem queixar-se de uma grande penalidade sobre Trincão, não é menos certo que o resultado final traduz o que se passou em campo, uma igualdade prática entre estilos de jogo bem diferentes.

Ação e reação, ação e reação

Estavam jogados apenas três minutos quando Umaro Embaló tirou um coelho da cartola e bateu Adán (que fez uma partida sobre brasas) inapelavelmente. Esta foi a primeira ação, a que se seguiu a reação do Sporting que deu a volta ao resultado ainda antes do intervalo, contando com a ingenuidade de Amine (2-1). Depois foi a vez do Rio Ave dizer de sua justiça, virando o marcador para 3-2, ambas dos onze metros.

Finalmente, Amorim regressou a uma fórmula conhecida, e acabou por ser o ponta-de-lança Coates a empatar tudo a três. Mas, realmente, apesar do Sporting ter passado a 4x4x2 (Gyokeres e Coates no eixo do ataque), o Rio Ave, que teve banco de qualidade para refrescar o meio-campo com Adrien Silva e Vítor Gomes, e nunca perdeu o norte, ou seja, manteve constantemente, em contra-ataque, a defesa leonina em alerta.

Poder-se-ia pensar que o 5x4x1 de Luís Freire tinha sido sinónimo de autocarro à frente de Jhonatan. Não foi. A equipa quis ter bola e só depois da expulsão de Pantalón (90+1) se submeteu ao ataque aéreo dos leões. Mas nesse assédio final não houve cruzamentos de qualidade para Coates voltar a fazer um dos seus milagres.

O Sporting, que perdeu Trincão, por lesão, e abdicou de Nuno Santos e Gonçalo Inácio, pouco ou nada ganhou com as substituições operadas. Enquanto isso, Daniel Bragança, que poderia ter dado outra dinâmica, que o meio-campo bem precisava, não pisou as quatro linhas...

A propósito do vento

Normalmente tem-se a ideia de que é mais fácil jogar a favor do vento. O que não é verdade, exceção feita aos remates de meia-distância. Ontem, o melhor futebol de qualquer das equipas aconteceu contra o vento, quando foi sentida uma necessidade maior de trocar a bola para não perder o controlo das operações. E a hesitação de Adán, na saída da baliza, no lance que acabou em penálti, ter-se-à devido a uma má leitura da trajetória da bola, que travou no ar, levando-o a chegar atrasado ao lance e a derrubar Aziz.

Contas feitas, o Sporting deixou dois pontos em Vila do Conde ao não ser tão compacto como é hábito, e disso soube o Rio Ave tirar proveito e justificar o empate.