Quinto triunfo seguido do sucessor de Schmidt, que bateu registo (4V) da primeira passagem. Seis pontos em dois jogos e receção ao Feyenoord a seguir abrem ótimas perspetivas para o 'top-24' antes de virem os 'tubarões'. Terceira maior vitória na Champions
Este (novo) Benfica está (bem) vivo e recomenda-se. Ao quinto jogo da era-Bruno Lage, versão 2.0, e frente ao adversário teoricamente mais complicado destes primeiros meses da época 2024/2025, no primeiro teste do algodão para Bruno Lage — os próximos serão frente a Bayern (6/11), na Alemanha, e FC Porto (10/11), na Luz —, as águias venceram com goleada (4-0) e exibição muito convincente, que reacendeu o inferno da Luz e ressuscitou verdadeiramente a esperança dos adeptos numa época à Benfica.
Há várias maneiras de ganhar na Champions: com mais ou menos sofrimento, ou a controlar o resultado, por exemplo. O Benfica preferiu iluminar a Luz com fogo de artifício e os 4-0 souberam a pouco…
Haverá sempre quem possa (e queira...) dizer que este Atlético de Madrid que Diego Simeone trouxe esta quarta-feira à Luz estava à mão de semear dos encarnados — esquecendo-se do empate (1-1) do último domingo com o Real Madrid — mas, convenhamos, depois dos últimos meses (juntando boa parte de 2023/24 e o início de 2024/25) de agonia futebolística (em termos de resultados e qualidade) vividos com Roger Schmidt, o terceiro anel viveu noite europeia como há algum tempo não se via.
Pelo que, sem sobrevalorizar em demasia aquilo a que se assistiu, também não será justo retirar o enorme mérito das águias, que dobram as primeiras duas jornadas da fase de liga da Champions com seis pontos — juntando-se a Dormund, Brest, Leverkusen, Liverpool, Aston Villa e Juventus.
Com a receção ao Feyenoord à vista, os encarnados têm legítimas esperanças em arrecadar mais três pontos, para passarem a totalizar então nove, que desde logo garantiriam o top-24 e o acesso ao play-off, podendo ainda colocar a equipa na discussão pelo top-8 no caso de lograr triunfos ante Bolonha e Mónaco. Mas é cedo para fazer contas numa altura em que as águias ocupam o pódio da classificação, posicionadas no 3.º lugar (Brest tem mais golos marcados fora de casa).
Futurologia à parte, uma coisa é certa: os mais de 62 mil adeptos presentes nas bancadas da Luz deram por muito bem empregue o seu tempo.
Aursnes em todas, Florentino em todo o lado, Carreras entusiasma, a batuta de Kokçu, a magia de Di María e Akturkoglu
Assistiram à terceira maior vitória encarnada na Liga dos Campeões (desde o novo formato, a partir de 1992/93), apenas atrás dos 6-1 ao Maccabi Haifa (fase de grupos de 2022/23) e dos 5-1 ao Club Brugge (também em 2022/23, mas na 2.ª mão dos oitavos de final), e viram Bruno Lage melhorar o registo inicial da primeira passagem pelo Benfica, com a obtenção da quinta vitória consecutiva em outros tantos jogos — em 2018/19, recorde-se, Lage obteve quatro vitórias seguidas, mas ao quinto jogo recebeu o FC Porto nas meias-finais da Taça da Liga e foi eliminado após derrota por 1-3.
Técnico das águias satisfeito com vitória frente ao Atl. Madrid
Parece, também, indesmentível que o dedo de Bruno Lage neste renovado Benfica salta à vista e não apenas pelos muitos golos que está a marcar.
Em cinco jogos, venceu três por quatro ou mais golos, fez Florentino marcar pela primeira vez dois golos numa só época e voltou a fazer com que a equipa tivesse nas bolas paradas uma arma (já lá vão cinco golos na sequência de pontapés de canto). Isto além de estar a capitalizar o talento de Akturkoglu (que facilmente parece ter convencido a fechar os flancos — à direita no jogo com o Estrela Vermelha, e à esquerda, diante dos colchoneros), que está a jorrar golos neste início de aventura na Luz — são já quatro em cinco jogos, mais duas assistências — o mesmo se aplicando a Kokçu, que com Lage marcou três golos nas últimas quatro partidas e até disparou farpas, ontem, na direção de Roger Schmidt [ver pág. 8].
Esta está a ser, então, uma segunda lua-de-mel de sonho para Bruno Lage, que arrancou esta Champions com duas vitórias seguidas, algo que o Benfica só tinha conseguido por duas vezes (apenas contabilizando jogos da fase de grupos), em 2015 e 2022.
Pode não jogar o dobro, mas já marca... o triplo!
E vão 18 golos em apenas cinco jogos. Bruno Lage abriu o frasco de ketchup e esse dado sustentado pelos números foi fundamental na descoberta desta rota vitoriosa. Talvez seja ainda cedo para dizer que este Benfica está a jogar o dobro em relação ao passado recente — em abono da verdade, nem seria assim um feito daqueles... —, mas uma coisa é inegável: não marca o dobro, mas quase o triplo!
Com Lage, o Benfica apresenta agora impressionante média de 3,6 golos por partida, isto depois de o técnico de 48 anos ter herdado uma equipa com apenas cinco golos apontados em quatro jogos, à média de 1,25 golos. Há, pois, motivos a justificar, para já, o acerto da decisão em repescar Lage para o comando técnico das águias, mas manda a prudência que também no Seixal ninguém embandeire em arco, porque ainda há muita estrada para andar...