«Tomás Araújo está numa fase fantástica»

NACIONAL19.11.202423:54

João Manuel Pinto, um dos sete centrais do Benfica que se estrearam na Seleção nos anos 2000, analisa o jovem dos encarnados. E também o aconselha

João Manuel Pinto saberá como poucos o que sentiu Tomás Araújo, anteontem, na Croácia. Foi um dos sete defesas-centrais do Benfica que se estrearam na Seleção principal depois de 2000. No caso de João Manuel Pinto foi há mais de 22 anos. Falou com A BOLA sobre o jovem formado nos encarnados. E até lhe dá um conselho.

«É um jogador que não está a deixar dúvidas», começa por dizer João Manuel Pinto, 51 anos, que esteve duas épocas no Benfica.

«Acompanho com atenção o que se passa não só no Benfica e gosto de ver, especialmente, quem joga na minha posição. Começou a época muito bem, concentrado, com muita vontade, e até saiu injustamente da equipa. Dentro do balneário estas coisas sentem-se. Sabemos que Otamendi é o capitão, um líder, é titularíssimo. António Silva esteve depois no jogo com o Moreirense e Schmidt foi despedido, para lá de ter feito um jogo que não lhe correu bem na Seleção. E o Tomás regressou muito bem», conta.

João Manuel Pinto vê em Tomás Araújo alguém que «defende muito bem» e, isso, «é a prioridade» de qualquer central. «É rápido, mais rápido que Otamendi, pode dobrá-lo. Depois é quase completo. Gosta muito de sair a jogar com bola. E fá-lo bem. Numa equipa como o Benfica, que passa quase 80 por cento dos jogos em Portugal no meio-campo adversário, é muito importante para criar desequilíbrios. Está ainda numa fase de crescimento. Ganhou a confiança de treinador e companheiros e os adeptos gostam muito dele. Por tudo isto foi, justamente, chamado à Seleção», analisa.

João Manuel Pinto acrescenta que Tomás Araújo «está a ganhar o respeito dos adversário». Algo que pode passar despercebido a quem está de fora, mas muito importante para quem está lá dentro. «Os adversários já têm respeito por Otamendi, um defesa-central duro e completo. E isso já se vai vendo com o Tomás», assinala.

Com 22 anos «Tomás já é um dos melhores da defesa do Benfica, se não o melhor» e «está numa fase fantástica». «Tem de agarrar e aproveitar estes momentos, não se desleixar, continuar concentrado e continuar a trabalhar mais», aconselha.

«O meu pai emoldurou a camisola»

João Manuel Pinto soma um jogo pela Seleção principal. Puxou a fita do filme atrás para recordar «um momento para a vida». Jogou a segunda parte do particular com Inglaterra (1-1) a 7 de setembro de 2002, em Birmingham.

Luís Boa Morte, Simão Sabrosa e João Manuel Pinto à partida para Inglaterra antes do particular de 2002. Foto: A BOLA

Os avançados ingleses eram Emile Heskey e Michael Owen, «os melhores do momento», e a seleção treinada por Sven-Goran Eriksson tinha, naquele jogo, entre outros, Rio Ferdinand, Ashley Cole, Steven Gerrard, Nicky Butt ou Joe Cole. «Estava recheada de grandes jogadores», recorda.

Agostinho Oliveira era o selecionador português, assegurou a transição entre António Oliveira e Luiz Felipe Scolari. «Era uma pessoa especial, sabia lidar e conversar com os jogadores. O ambiente na Seleção é fantástico, não há clubismo, é tudo mais tranquilo», partilha, antes de rematar: «Foi realmente o momento mais bonito. Podemos estar no melhor clube do mundo, mas quando se ouve o hino… Só quem lá está. É mesmo especial, todo o país a olhar para nós e a apoiar-nos. Fiquei com a camisola, sim. Quem a emoldurou foi o meu pai. Ele foi o meu fã número um.»