FC Porto: Dragão com má defesa e ataque muito fraquinho
O onze inicial que jogou com o Gil Vicente
Foto: IMAGO

FC Porto: Dragão com má defesa e ataque muito fraquinho

FUTEBOL24.09.202310:43

Segundo melhor arranque de Conceição, sim, mas com números medíocres; menos golos marcados só há nove anos, com Lopetegui; sofrer golos em cinco das seis jornadas

O FC Porto continua no topo da Liga com 16 pontos em seis jornadas e apenas dois perdidos (1-1 no Dragão com o Arouca). Melhor, em termos práticos, era difícil. A não ser, claro, que tivesse batido os arouquenses. Mesmo assim, sem esses dois pontos da quarta jornada, é o segundo melhor arranque do FC Porto de Sérgio Conceição, apenas superado pelos 18 pontos nas mesmas seis jornadas de 2017/2018, primeira época de SC no Dragão.

Estes são os factos positivos. Que são os mais importantes para qualquer treinador. E ainda mais para Conceição. Se tivermos um olhar meramente analítico e racional para os números do FC Porto, sobretudo para a pontuação, é difícil encontrar defeitos. Em 18 pontos possíveis, 16 no bolso. Nada mau.

SOFRIMENTO

Porém, há mais para além dos números. Há a forma como os dragões chegaram a estes 16 pontos: vitória por 2-1 sobre o Farense aos 90+10 (Marcano), triunfo por 2-1 com o Rio Ave aos 90+4 (Galeno, 90+1; Marcano), empate 1-1 com o Arouca aos 90+19 (Evanilson) e agora vitória por 2-1 sobre o Gil Vicente aos 90+1 (Eustaquio). Um golo aos 90+19 ou 90+1 vale exatamente o mesmo que um golo ao minuto 1, 5, 10 ou 45. Verdade. Mas ganhar quase sempre nos últimos minutos implica muito sofrimento e, além disso, demonstra que o futebol praticado nem sempre tem sido o melhor.

Para já, excluindo os três pontos somados com Moreirense (2-1) e Estrela da Amadora (1-0), todos os jogos do FC Porto na Liga têm envolvido tremenda tenacidade dos seus jogadores. Revela que os jogadores azuis e brancos possuem muita resistência mental e psicológica para irem em busca de mais pontos até ao último segundo do último minuto, sim, mas mostra igualmente que algo está a correr mal ou, no mínimo, menos bem.

Vejamos: o FC Porto sofreu golos em cinco dos seis jogos da Liga. Excluindo o 1-0 na Amadora, baliza sempre violada. Só Arouca, Portimonense, Estrela da Amadora, Chaves e SC Braga estão nas mesmas circunstâncias. Os dragões têm, mesmo assim, uma das defesas menos batidas? Sim, é verdade. Cinco golos sofridos, sem nunca terem sofrido mais de um. A verdade é que nenhum treinador quer este registo: seis jornadas, cinco delas com golos sofridos. As saudades que os portistas terão, por exemplo, dos arranques de 2017/2018 (um golo sofrido nas primeiras seis jornadas), 2021/2022 (três) e até 2022/2023 (quatro).

SEM MARCANO

Sérgio Conceição já utilizou todos os defesas disponíveis: João Mário (5 jogos na Liga), Marcano (5), Wendell (5), Fábio Cardoso (4), Zaidu (2), Pepe (2) e David Carmo (2). Todos estavam no FC Porto na época passada. Ou seja, todos conhecem os processos de Sérgio Conceição e este conhece todas as qualidades e defeitos destes sete jogadores. Excluindo Pepe, que mesmo com 40 anos continua em bom plano sempre que joga, nenhum dos outros seis jogadores é de topo. João Mário poderá sê-lo um dia, mas ainda não é. Mas este retrato já poderia ser feito há um ano. O que talvez prove que a defesa e o processo defensivo necessitam de ser oleados e retocados. Até porque, até agora, sejamos justos, nenhum dos adversários foi de ponta: Moreirense, Farense, Rio Ave, Arouca, Estrela da Amadora e Gil Vicente. Nenhum está nos oito primeiros classificados da Liga. Não houve Benfica, Sporting, ou SC Braga, por exemplo. E a ideia de jogar com três defesas-centrais parece ter caído por terra a partir da grave lesão de Marcano.

OS DOIS BURACOS

Talvez parte deste quase inexplicável mau arranque do FC Porto em termos defensivos tenha a ver com dois nomes: Uribe e Otávio. Ambos saíram para o futebol árabe (Catar e Arábia Saudita) e deixaram ‘buracos’ por remendar nos processos do dragão. Nenhum guarda-redes defende sozinho a sua baliza, tal como nenhum defesa a defende sozinho. Por isso, as saídas daqueles dois médios (o colombiano realizou 50 jogos pelo FCP na época passada e o luso-brasileiro esteve em 43) ainda não terão sido devidamente colmatadas. Talvez Nico González, Iván Jaime e Alan Varela possam vir a formar um meio-campo de maior requinte. Para já, ainda não.

ATAQUE FRAQUINHO

Além disso, o ataque não está famoso: 10 golos em seis jogos. Golos de Marcano (2), Toni Martínez (2), Wendell, Eustaquio, Ivan Jaime, Taremi, Galeno e Evanilson, todos com um. O pior das últimas sete temporadas. Pior rendimento ofensivo só recuando a 2014/2015, com apenas oito golos marcados até à jornada seis e Julen Lopetegui na liderança. Foram-se embora diversos anéis no último ano e meio (Uribe, Otávio, Vitinha, Fábio Vieira, Corona, Luis Díaz) e foram contratados poucos dedos de verdadeira classe (Pepê e Galeno, sim, aguardemos por Nico González, Alan Varela, Iván Jaime e Fran Navarro…).

CONCEIÇÃO À SEXTA JORNADA NO FCP

ÉPOCA                       GOLOS           PTS

2017/2018              14-1               18

2018/2019              16-5               15       

2019/2020              15-4               15

2020/2021              15-9               10

2021/2022              14-3               14

2022/2023              15-4               15

2023/2024              10-5               16