Sporting-Santa Clara, 0-1 Falta de eficácia, bloco baixo do Santa Clara e o pontapé de baliza: tudo o que disse João Pereira
Técnico do Sporting aborda derrota frente ao Santa Clara
Após a derrota frente ao Santa Clara, João Pereira, treinador do Sporting, lamentou a falta de eficácia dos leões. Diz o técnico que os verdes e brancos foram demasiado penalizados pelo golo sofrido cedo, num lance em que «falhou concentração».
O que é que falhou ao Sporting?
Na primeira parte, falhou velocidade na circulação de bola. Falhou concentração no pontapé de baliza que deu o golo. A partir daí, ficámos muito condicionados. Entrámos a perder. Na segunda parte, estivemos um pouco ansiosos na busca do golo. Queríamos muito ganhar, os jogadores queriam muito ganhar, queriam fazer as coisas bem, mas depressa. Às vezes, depressa não se faz as coisas da melhor maneira. Tivemos as nossas oportunidades, não conseguimos finalizá-las. O Santa Clara teve duas oportunidades, um golo e uma oportunidade de perigo.
Voltou a apostar em Edwards. Foi voto de confiança ou alguma teimosia?
Eu não sou teimoso. Achei que seria a melhor opção. Sabíamos que o Santa Clara ia jogar num bloco baixo, num 5x4x1. Ia haver poucos espaços, o Edwards é forte nos espaços curtos, consegue driblar. Não fez o melhor jogo, mas isso não abala a minha confiança nele.
O que é que aconteceu ao Sporting, que é visto como a melhor equipa do campeonato? Sente que tem um problema psicológico ou mental para resolver?
Foi uma grande mudança para todos. Foi o terceiro jogo seguido, viemos de um jogo da Liga dos Campeões que pode ter sido o pior da época e afetou a equipa psicologicamente. É normal, ninguém esperava aquela derrota com o Arsenal. Os jogadores quiseram muito reagir. Faltou um pouco dessa velocidade. Na segunda parte, já fomos mais rápidos, mas não fomos precisos no que queríamos fazer.
É exagerado dizer que pode haver uma crise de confiança ou até mesmo de identidade?
Tivemos oportunidades, não foram claras, mas é longe de ser uma crise. Dominámos o jogo completamente, penso que não há dúvidas disso. Sofremos, e volto a dizer, um golo que não podemos sofrer, e fomos penalizados por isso, mas crise... longe disso.
Os adeptos que aplaudiram na terça-feira, assobiaram a equipa, criticaram o treinador, o presidente. O que quer dizer aos adeptos após duas derrotas consecutivas?
Foram duas derrotas que em nada abalam o nosso espírito e vontade de cumprir os objetivos. Tenho plena confiança de que vamos dar a volta e que vamos ter uma resposta à altura.
Os adeptos também criticaram a arbitragem. O Sporting foi prejudicado?
Não comento arbitragem. Temos de ser frios na análise e de saber que temos de criar muitas mais ocasiões. Temos de ser mais consistentes e fazer golo.
Morita entrou para o lugar de Hjulmand. Qual foi o objetivo?
O Morten [Hjulmand] já fez muitos jogos seguidos. Jogou na seleção, jogou com o Amarante, com o Arsenal. Estava um pouco desgastado. O Santa Clara estava no 5x4x1 mas estava a apostar nas transições. Como o Morten é que encostava no avançado do Santa Clara, sentimos que, em qualquer transição, podia ser perigoso. O Morita entrou bem, lembro-me de parar duas ou três transições adversárias. O objetivo era esse, parar transições e dar velocidade ao jogo.
São já quatro jogos em que o Sporting dá a primeira parte 'de avanço' ao adversário. Como é que se corrige isso?
São jogos completamente diferentes. A verdade é que não entrámos mal no jogo, entrámos a controlar. Sabíamos que o Santa Clara ia dar-nos o controlo do jogo. Não conseguimos criar grandes oportunidades, até ao momento em que o pontapé de baliza dá o golo do adversário. A partir daí, tentámos, nem sempre da melhor maneira. Mudámos os centrais, para dar mais velocidade e frescura, e a bola começou a circular mais rápido. Começámos a ir mais vezes aos corredores, tirámos dois ou três cruzamentos perigosos, tivemos faltas. Faltou eficácia e criar oportunidades. Temos de criar muito mais oportunidades que criámos hoje.
O Sporting falhou muitos passes, o que é raro. Foi a tática do Santa Clara? Os jogadores queixaram-se muitas vezes do critério do árbitro. Sentiu que o critério não foi o ideal?
O que eu senti é que temos de fazer mais para ganhar o jogo. Não vou falar de arbitragem, já bastava quando era jogador, não vou voltar a cometer esses erros. Tentámos alguns passes entre linhas, às vezes a forçarmos o passe ali, falhámos alguns. Depois, quando começámos a jogar por fora, eles fizeram bem as coberturas. Defenderam bem, já sabíamos que o Santa Clara é uma equipa muito competente em termos defensivos. Falhámos alguns passes e algumas questões técnicas que temos de melhorar.
O que procurou com a alteração de dois centrais quando o líder do campeonato precisava de um golo?
Procurámos dar velocidade ao jogo. Dois centrais com bastante qualidade técnica. O Inácio fez o passe para o Maxi [Araújo] que podia ter dado penálti. Tentou meter algumas bolas entre linhas, conseguiu algumas. O St. Juste, rápido, para preparar a transição, e o Zeno [Debast] voltou agora de lesão, estava cansado.
Sente que o ambiente na bancada acabou por prejudicar a equipa?
Senti foi apoio. Tenho, na minha memória, bastante claro: aos 82 minutos, o estádio todo a cantar, todo a apoiar, a tentar que a equipa chegasse ao golo. Acho que os adeptos apoiaram a equipa de início ao fim. É normal que, com duas derrotas seguidas, os adeptos queiram manifestar o seu desagrado.
O Sporting teve problemas em quebrar as linhas defensivas do Santa Clara, já era um problema, contra equipas que defendem com cinco atrás. O que há a corrigir?
Não sei se era um problema. O Sporting leva 11 vitórias seguidas no campeonato e jogou contra blocos baixos. Lembro-me do jogo com o Casa Pia, que jogou com uma linha de seis e o Sporting conseguiu fazer golos. A verdade é que podíamos ter feito um ou dois golos. Lembro-me do remate do Gyokeres, do Matheus Reis, do Geny, foram perigosos. Se marcássemos antes do Santa Clara, tenho a certeza que a tranquilidade ia aparecer e, a partir daí, o Santa Clara tinha de abrir mais e, possivelmente, podíamos ter mais ocasiões de golo. Isso não aconteceu, sofremos primeiro. Agora é isso que temos de trabalhar. Contra um bloco baixo que não se abre, temos de conseguir penetrar nele e fazer golos.