Estoril, futuro, eleições, Diogo Costa e Evanilson: tudo o que disse Sérgio Conceição
Treinador do FC Porto fez a antevisão do encontro da 27.ª jornada da Liga, amanhã, às 20.30 horas, na Amoreira
-- É o quarto encontro entre FC Porto e Estoril. Há margem para surpresas?
-- Os jogos são todos diferentes e a prova disso são os 3 jogos que fizemos, tiveram sempre ingredientes diferentes. Jogo depois de uma pausa para as seleções onde o Estoril tem o seu objetivo de conseguir 3 pontos importantes e nós também temos o objetivo de ganhar.
-- Quer comentar a situação que ocorreu em Espanha? O jogo com o Estoril é importante e difícil, em que medida esta paragem dificultou a preparação. Estreia do filho Francisco como internacional A, quer analisar?
-- Sobre a primeira questão falei no dia 26 de março, está falado, não há mais comentários. Quanto à preparação do jogo, é sempre complicado dentro de um clube que liberta 12 jogadores para as seleções, há outros aspetos a trabalhar com os jogadores que ficam cá. Em relação às estreias, não só do Francisco mas também do Galeno [no Brasil], tem a ver com trabalho de todos cá no FC Porto. Mas temos de estar preparados para estas ausências, quando há jogos três vezes por semana há também uma preparação, por isso não estamos a pensar muito nesse pouco tempo e nas ausências, isso não será desculpa para não termos um resultado positivo na Amoreira.
-- Como chegaram os jogadores das seleções?
-- O Nico González teve a oportunidade de recuperar, há dois dias trabalhou de forma condicionada com a equipa, ontem praticamente sem queixas. Apto para ir a jogo. Os outros, tirando a fadiga normal, das viagens, estão bem. Nunca é o ideal, mas faz parte do nosso trabalho e da qualidade que existe para representarem a nossa seleção.
-- O Diogo Costa é o guarda-redes mais valioso do mundo neste momento, segundo o Transfermarkt. Como treinador, como avalia esta situação?
-- O Diogo? Fico feliz, mas mesmo se não saísse esse dado ele será sempre o nosso guarda-redes, que é valioso jogando no Dragão, na Amoreira... É reflexo do talento, da qualidade que ele tem, mas só isso não chega. A capacidade que eles têm para estar com disposição para todos os dias aprenderem. Todo o jogador, mesmo o Pepe com 41 anos, tem vontade de aprender, e é isso que os torna mais fortes.
-- Há duas épocas, a vitória suada no Estoril foi considerada o clique para o título. Vê este jogo como um possível clique?
-- Não dependemos de nós, temos de fazer o nosso trabalho. Não adianta fazer futurologia porque isso só prejudica. Olhar para uma equipa difícil, que fez golos em todos os jogos, uma equipa positiva, que joga a olhar a baliza do adversário.... Temos de nos focar no Estoril e em nós, para não termos qualquer dissabor.
-- Pinto da Costa e André Villas-Boas têm falado sobre o seu futuro no clube. O presidente diz mesmo que acredita que você vá continuar se ele ganhar as eleições. O que nos pode dizer sobre isso?
-- Como sócio estou atento a tudo o que se diz dos diferentes candidatos, às ideias de cada um deles. Mas estou aqui como treinador do FC Porto e a pensar no jogo de amanhã. A mim só isso importa.
-- A obra da Academia foi apresentada pelo presidente. O que acha do projeto?
-- Agradeço a questão, entronca na minha resposta anterior. Não há mais nada a acrescentar.
Evanilson disse que é difícil lidar com Sérgio Conceição. Que diferenças vê no jogador desde que ele veio para o clube, ele que é o brasileiro com mais golos na Europa neste momento?
-- Naturalmente que evoluiu, mas como todos os jogadores que vieram de realidades distintas da que é representar um clube como o FC Porto... É um processo que não é fácil por tudo o que somos como equipa técnica. Somos muito exigentes nos trabalhos diários, acredito que para os jogadores de início não é nada fácil, têm de sair da sua zona de conforto, daquilo que estão habituados. Depois, torna-se um hábito trabalharem dentro dessa exigência. Era preciso o Evanilson ter outro tipo de movimentos no ataque, para ser mais completo ainda. Perceber se jogamos em 4x4x2, com os dois alas ou com um homem na frente... Tudo isso leva o seu tempo, naturalmente os jogadores têm um trajeto na sua formação, têm alguma liberdade de acordo com o conforto de cada um e quando se pede algo diferente acredito que alguns consigam outros nem tanto. Os que conseguem, fico contente com a sua evolução. Já de caráter não sou pessoa de andar aqui às gargalhadas. Quando se fala de trabalho ainda mais... Eles contam a dificuldade que têm, não contam? Pronto. Todas as pessoas que nos acompanham, o trabalho que fazem antes do treino, pós treino, tudo isso é importante. Estamos muito atentos e somos muito rigorosos, de vez em quando sai uma ou outra dura no treino, uns aceitam bem outros menos bem... É capaz de ser um bocadinho chato, eu não gostava de ter um treinador como eu, mas isso sou eu...
-- Preferia que as eleições fossem noutra altura?
-- Não há preferência, as datas são o que são. Temos um calendário, não podemos olhar para situações que podem distrair a equipa e o nosso trabalho. Mas tenho de admitir que, sendo um ano de eleições, fora isso mexe sempre, principalmente para os sócios, os adeptos, a imprensa... O meu papel é bloquear ao máximo e concentrar a equipa em ganhar jogos.
-- Ainda sobre o caso em Espanha, pode explicar em concreto o que aconteceu?
-- Todos tiveram acesso ao que eu disse. Sendo o futebol o momento, este não é o momento para falar disso.