Estoril: êxito de Bernardo Vital é incentivo para a formação
Central é encarado como modelo a seguir para as camadas jovens dos canarinhos; responsável pelo seu ingresso no clube da Amoreira e antigo companheiro recordam o seu início e enaltecem as suas capacidades
Poucos se lembrarão que, na verdade, coabitam duas estruturas diferentes, paredes meias no Estoril - a Estoril SAD e o Grupo Desportivo Estoril Praia, que esta quarta-feira se uniram num só sentimento. Com efeito, apesar de as duas estruturas separarem o futebol profissional relativamente aos demais escalões de formação – a Estoril SAD gera equipa principal e sub-23, cabendo ao clube as restantes – a harmonia é praticamente absoluta.
Rodrigo Ferreira, coordenador para o futebol de onze da formação do Estoril e a satisfação por ver a estrutura profissional vingar é evidente e facilmente justificável: afinal, no final foi o Estoril quem ganhou.
«O facto de a nossa equipa profissional ter alcançado este tipo de feito na Taça da Liga valoriza, sem dúvida, a nossa forma de trabalhar. Os miúdos acabam por absorver muito estes feitos da equipa profissional porque todos eles alimentam o seu sonho», declara, após ter sido um jogador proveniente da formação estorilista, Bernardo Vital, a marcar o golo que apurou os canarinhos para a final da Taça da Liga.
Por este motivo, Rodrigo Ferreira considera que momentos como este constituem uma vitória para o Estoril, que continuará apostado em encontrar mais atletas com o perfil de Vital, apresentando o exemplo de Pedro Andrade, jovem de apenas 17 anos que alinha como titular nos sub-23 e poderá ser o próximo talento na forja. «É um atleta juvenil, a competir pela equipa sub-23, que poderia ser um atleta que quiséssemos ter cá em baixo», indicou.
Com apostas bem-sucedidas como Bernardo Vital e outras que poderá vir a sê-lo, como Pedro Andrade, o Estoril perspetiva continuar a dar seguimento ao trabalho de desenvolvimento de jovens atletas e, como consequência, continuar a promover a sua chegada a patamares profissionais. «É do nosso interesse conseguirmos jogadores que entrem na nossa academia e completem quatro, cinco, seis anos de formação connosco e consigam alcançar o profissionalismo e a equipa sub-23. A nossa lógica na formação surge nesse sentido: acima da nossa posição nos campeonatos está o desenvolvimento dos jogadores», explica.
Team manager dos sub-23 foi…companheiro de equipa nos sub-19
Hoje ambos trabalham no Estoril, mas em funções diferentes: enquanto Bernardo Vital é um dos ativos do plantel profissional, João Oliveira, um ano mais velho (24 anos), ocupa o cargo de team manager dos sub-23. No entanto, em 2017, foram companheiros de equipa nos juniores do Estoril e o agora dirigente recorda esses tempos com alegria. «Tinha uma excelente relação com ele, no balneário dos sub-19», recorda.
«Era já um jogador com muita personalidade, inteligente, que eu via que tinha aquele toque fino na bola, nunca foi um central de bater na bola, e depois no balneário era uma risota, era sempre uma risota com o Vital. Quando é para brincar, é um brincalhão», revela o responsável pelos sub-23 estorilistas que já nessa altura, há seis anos, as características que hoje lhe identifica já lá se encontravam e não se surpreende minimamente com o nível que o amigo e antigo companheiro de equipa atingiu.
«Sempre o vi com personalidade, um líder no balneário. Tivemos desde sempre uma excelente relação e depois, quando o reencontrei aqui, essa relação manteve-se. Naturalmente que é diferente sermos colegas de balneário ou estarmos em posições diferentes», constatou João Oliveira, hoje com a missão de trabalhar os valores emergentes do Estoril, o diretor não tem dúvidas de que Vital é um modelo a seguir pelos sub-23 dos canarinhos. «Se o Vital consegue, com trabalho, atingir este patamar, eles verão isso como uma ambição para eles e veem-no certamente como um exemplo», atestou, com orgulho.
«O Bernardo veio fazer treinos de captação e foi ficando»
Marco Nascimento já não trabalha no Estoril, mas não sairá da memória de Bernardo Vital. Afinal, foi este treinador quem deu o OK para que permanecesse na Amoreira…de onde não mais sairia até hoje, o que permitiu um momento histórico para o emblema da Linha de Cascais. Tudo poderia ter sido diferente, caso não tivesse sido escolhido para se juntar aos sub-16 dos canarinhos, com 15 anos.
O treinador lembra como tudo aconteceu. «Era, na verdade, um miúdo discreto e tranquilo, mas que dentro do campo se destacava pela sua eficiência e eficácia na abordagem a cada lance», define o responsável pelo aval à entrada do central nos quadros estorilistas «Na altura eu era o adjunto dos sub16, ele veio fazer treinos de captação, lembro me que deveriam ser à volta de 50 miúdos», recordou com um sorriso.
«Fomos descartando aqueles que achávamos não conseguirem entrar no plantel e o Bernardo foi ficando, a cada treino ele ia surpreendendo mais, com a sua leitura de jogo, o posicionamento defensivo, discreto mas sempre no sítio certo. Ficou como quarto central, mas rapidamente chegou a titular da equipa», conta Marco Nascimento, que hoje olha para o seu antigo pupilo como um dos capitães do Estoril e não se surpreende.
«Não me surpreende nada! Depois de entrar no Estoril, sempre teve uma voz activa e de liderança junto dos colegas. Tive no ano passado a oportunidade de falar com ele e constatei que está com um mindset incrível, um mindset de campeão», identificou, por fim, o antigo treinador de Vital.