Espanha volta a beber De La Fuente da juventude (crónica)
De la Fuente, selecionador de Espanha, e Lamine Yamal (IMAGO)
Foto: IMAGO

Espanha-França, 2-1 Espanha volta a beber De La Fuente da juventude (crónica)

INTERNACIONAL09.07.202422:38

Lamine Yamal fez, aos 16 anos, 'o golo' do Euro 2024 e já é o mais jovem de sempre a marcar em fases finais de grandes provas de seleções; 'nuestros hermanos' estão na final às custas de França e à boleia do futebol moderno do seu selecionador

Espanha está na final do Euro 2024, 12 anos depois da última final (ganha) de um Europeu, Espanha estabeleceu recorde de seis vitórias em seis jogos num Campeonato da Europa.

Espanha sobe ao palco no domingo e sobe muito bem, sustentada numa equipa que combina na perfeição juventude e experiência, irreverência e sobriedade, que ataca quando lhe apetece e defende quando é preciso, que acelera e trava conforme as necessidades, que gere impecavelmente talento e suor. Os jogadores brilhantes combinam direitinho com os gregários, como se diz no ciclismo em relação a quem trabalha na sombra para que outros possam sobressair.

A Espanha do Euro 2024 é uma equipa vincadamente jovem e moderna. A equipa onde brilha um adolescente chamado Lamine Yamal, que aos 16 anos (faz 17 na véspera da final de domingo) é um influenciador. Nas redes sociais e no relvado. Impressiona no tiki taka e no tik tok. Esta Espanha bebe De La Fuente da juventude, à boleia de um selecionador que passou quase dez anos a trabalhar na formação das seleções espanholas e que agora pode juntar o título de campeão europeu aos títulos europeus de sub-19 e sub-21.

O menino de ouro espanhol, sublinhe-se, levanta-se cedo. Ao minuto 5 já oferecia o golo a Fabián Ruiz, que este deitou fora, incrivelmente, com uma cabeçada deficiente. Lamine Yamal tinha mais para dar, muito mais, mas por vezes também se esquecia que o seu flanco, o direito, colidia com o jogador mais importante de França. E Mbappé, ao minuto 9, executou cópia perfeita do lance do espanhol e colocou a bola direitinha no segundo poste, onde estava Kolo Muani. 1-0, de cabeça, bola mesmo ao cantinho. Tão ao cantinho que por uns instante só quem estava atrás da baliza celebrou.

Estavam a tentar tirar o brilho a Lamine Yamal e o adolescente de 16 anos não gostou. A cena que se seguiu tranformou uma bola morna a meio campo num golo capaz de ser eleito o melhor do Europeu. Canhoto, finta de corpo para a direita, Rabiot e Saliba bem sintonizados a cair na simulação, finta de corpo para a esquerda e disparo em jeito, bola no ângulo superior direito da baliza de Mike Maignan. Minuto 21, 1-1.

Os espectadores ainda estavam a sentar-se na Arena de Munique quando Dani Olmo atraía uma bola perdida na área francesa, tirava Tchouameni do lance com uma habilidade e disparava na direção da baliza, com Koundé a errar o corte. A UEFA começou por dar autogolo, mais tarde concederia o golo a Dani Olmo. 2-1, ao minuto 25, ninguém sabia então, mas o jogo acabava ali.

França terminou melhor a primeira parte, fazendo recuar a Espanha, e entrou melhor na segunda. Tchouameni atirou à figura de Unai Simon, Mbappé também obrigou o guarda-redes a trabalhar, Dembélé ameaçou pela direita, logo a seguir foi Upamecano a tentar.

França puxava dos galões e do orgulho, não conseguia criar uma oportunidade flagrante, mas escostava Espanha às cordas, fazenzo lembrar o Espanha-Alemanha, quando a equipa de De La Fuente recuou tanto no segundo tempo, que acabou por sofrer o golo do empate e adiar a decisão (2-1) para o prolongamento.

A equipa de Didier Deschamps não jogava à grande e à francesa, mas quase, e Theo Hernández, com a baliza à mercê, atirava por cima. Era o minuto 76, sentia-se o nervosismo e o medo, de parte a parte.

Espanha seria vista a entrar para a segunda parte ao minuto 81 (!), Lamine Yamal, quem mais?, disparava em velocidade e em força, bola a raspar a trave. Mbappé responderia, mas errava. Errou aquele lance que faz 100 vezes por ano, fugindo para dentro e disparando. Só que errou a baliza. Caiu a máscara a Mbappé.

Espanha está justamente na final do Europeu, pois tem tudo: tem o 'tiki-taka' dos mais velhos e o 'Tik Tok' das jovens estrelas.