Duarte Gomes analisa a arbitragem do Liechtenstein-Portugal
Cristiano Ronaldo insatisfeito com decisão do árbitro sueco Mohammed Al-Hakim. Foto: Miguel Nunes/ASF

Duarte Gomes analisa a arbitragem do Liechtenstein-Portugal

INTERNACIONAL16.11.202323:51

Árbitro sueco pedagógico e bem no essencial

Mohammed Al-Hakim dirigiu o Liechtenstein- Portugal. O sueco foi auxiliado pelo dinamarquês Jonas Hansen (VAR). O deteriorar das condições do relvado e a tendência subtil para o antijogo por parte de alguns jogadores do Liechtenstein dificultaram o trabalho da equipa de arbitragem na etapa inicial. Al-Hakim tentou manter sempre abordagem pedagógica (mesmo em relação aos jogadores portugueses), sendo que felizmente a estratégia não se virou contra o próprio. Segue análise técnica aos lances mais relevantes do encontro:

12’ Hasler carregou João Cancelo, arriscando a advertência na forma e local que o fez. Valeu leitura bondosa do árbitro da partida.

24’ Luchinger derrubou Diogo Jota em falta, cortando ataque prometedor do português. Apesar de tocar na bola, o defesa do Liechtenstein foi negligente na abordagem ao lance. Foi bem advertido. 

28’ Cristiano Ronaldo rematou para defesa de Buechel, mas partindo de posição irregular. O jogo prosseguiu porque o guarda-redes ficou com a posse da bola.

32’ Niklas Beck acompanhou a movimentação de Ronaldo para o interior da sua área. O capitão português chocou lateralmente com o adversário ainda fora. Não houve infração. Apesar dos protestos, foi correta a decisão do árbitro ao nada assinalar.

34’  O internacional sueco avisou Buechel, guarda-redes do Liechtenstein, para não perder tempo na reposição de bola em jogo para a sua equipa. Fez bem.

42’ Beck derrubou Ronaldo com entrada por trás. Pontapé-livre bem assinalado para Portugal. Novo lance no limite da advertência, nova leitura simpática do árbitro do encontro.

46’ Golo de Portugal: quando Diogo Jota fez a assistência, Ronaldo (que finalizou com sucesso) estava atrás da cortina defensiva do Liechtenstein. Análise correta do árbitro assistente.

50’ Falta atacante mal assinalada a João Cancelo. O lateral português parece até ter sido derrubado perto da área adversária pelo jogador que, na opinião do árbitro, sofreu infração.

57’ João Cancelo marcou o segundo da Seleção, finalizando jogada legal.

61’ Salanovic isolou-se e ficou na cara de José Sá, depois de partir de posição legal. Decisão atenta do árbitro assistente.

64’ João Cancelo e Sele chocaram de cabeça, ao disputarem lance aéreo. Não houve falta de parte a parte. O árbitro esteve bem ao interromper de imediato a partida, para prestar assistência ao jogador que ficou mais queixoso.

Jota toca na bola e João Félix vai marcar em fora de jogo. Golo bem anulado

71’ No momento da assistência de João Cancelo, João Félix estava em jogo e parecia ter boas condições para prosseguir o lance. No entanto, Diogo Jota (também em posição legal) esticou a perna e tocou na bola com o pé esquerdo, numa altura em que o colega de equipa estava já adiantado. A bola entrou, mas não contou. Golo bem anulado.

Mais um golo bem anulado a Portugal, agora por fora de jogo de António Silva

82’ Lance interessante e muito bem resolvido pela equipa de arbitragem: quando Vitinha cruzou da esquerda, António Silva estava em posição irregular. Apesar da não ter tocado na bola — o golo, de carambola, foi da autoria de Gonçalo Ramos —, o central português tentou jogá-la de forma evidente, estando muito perto dos defesas e sobretudo do guarda-redes contrário. A sua movimentação teve impacto naquele e foi bem sancionada, após oportuna intervenção do VAR. Nota importante: nestes lances, de eventual fora de jogo «por interferência» sobre adversários, o árbitro está obrigado a ir aos ecrãs para tomar a decisão que melhor entender (trata-se de análise não factual).

António Silva deveria ter visto amarelo por este lance com Goppel

90’ Apesar do critério largo do árbitro, a abordagem de António Silva à disputa aérea com Goppel (atingiu o adversário com o braço direito na sua nuca/cabeça) tinha que ter valido um amarelo para o defesa português.

90+5’ Diogo Jota parece não ter entendido o motivo pelo qual viu (muito bem) o cartão amarelo das mãos do árbitro sueco. A verdade é que sua entrada sobre Malin foi despropositada, a destempo e negligente. Só o calor do momento terá impedido o avançado de perceber o que todos vimos.