«Dragão anda magrinho e recusa deixar a dieta», a crónica do FC Porto-Portimonense
Evanilson marcou o golo do triunfo do FC Porto diante do Portimonense (Foto: @guelbergoes/IMAGO)
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«Dragão anda magrinho e recusa deixar a dieta», a crónica do FC Porto-Portimonense

NACIONAL09.10.202300:10

Parecia um jogo sem surpresas e sem história, até que o FC Porto decidiu complicar o que era fácil; sexta vitória por margem mínima

Sexta vitória do FC Porto no campeonato e pela sexta vez por margem mínima. Apenas onze golos marcados em oito jogos, o que nos explica a rara imagem de um dragão magrinho que, vá lá entender-se porquê, continua a recusar-se a deixar uma estranha dieta de golos.

Depois de duas derrotas (Benfica e Barcelona), um adversário (Portimomense) que habitualmente não causa sobressaltos e que por isso parecia ser o visitante desejável numa fase em que as coisas têm estado longe de correrem bem à equipa de Sérgio Conceição, que, entretanto, perdera os seus pilares centrais, Marcano e Pepe, por lesão. Por isso, uma equipa remendada na defesa, o que provoca, mesmo que inconscientemente, uma sensação de insegurança.

A verdade é que poderia ter sido um jogo sem história. O domínio portista foi assumido desde o primeiro lance do jogo e o nem o sistema fechado de 5x4x1 que Paulo Sérgio criou para tentar controlar a esperada enxurrada ofensiva do FC Porto parecia suscetível de colocar as mais pequenas reservas a uma vitória clara e robusta do FC_Porto. E, no entanto, tudo o que parecia ser fácil se complicou.

Galeno e Eustáquio no banco

Sérgio Conceição surpreendeu na escolha do onze. Deixou Galeno e Eustáquio no banco, preferindo Nico González e Evanilson, fazendo a equipa regressar a um sistema de 4x4x2, com dois pontas de lança, talvez na expectativa de conseguir mais golos nas muitas oportunidades que cria.

O balanço ofensivo do FC Porto foi avassalador. Com João Mário e Wendell muito adiantados nas laterais, a equipa ainda dispunha de Romário Baró e de Pepê como desequilibradores e principais criadores de situações de golo para Taremi e para Evanilson. Curiosamente, o único golo que o FC Porto viria a conseguir no jogo seria do brasileiro, mas num lance em que a bola ganhou um ressalto caprichoso e passou por cima de Vinícius. E foi golo único, não por se terem esgotado aí as oportunidades de marcar, não que o Portimonense tivesse descoberto uma fórmula mágica para conter o adversário, mas porque os jogadores do FC Porto continuam, perigosamente, a perder golos em série.

Um certo Instinto suicida

Apesar desse desperdício, a verdade é que a equipa de Sérgio Conceição não parecia correr riscos. Sobretudo depois de terem entrado Eustáquio e, pouco depois, Galeno, que vieram tornar o FC Porto mais consistente, mais compacto e mais criativo. É verdade que, à medida que o jogo avançava no tempo e se mantinha o resultado tangencial, Paulo Sérgio foi abrindo a sua equipa a um futebol cada vez mais ambicioso. Nada que verdadeiramente implicasse uma noção de que a história poderia vir a ser bem diferente.

Não se contava, porém, que o FC Porto voltasse a sentir-se tentado por um estranho instinto de suicídio. E quando se pensava que a equipa já tinha esgotado todos os azares na zona central da sua defesa, com as lesões de Pepe e de Marcano e com o castigo de Fábio Cardoso, eis que, sem nada que o justificasse, nem sequer um lance de aparente perigo, David Carmo teve uma entrada intempestiva e viu o segundo cartão amarelo. A jogar com menos um jogador, o FC Porto assustou-se o suficiente para se preocupar mais em defender do que em atacar. Para mais, com uma defesa inventada, com Jorge Sánchez na direita, João Mário na esquerda e Zé Pedro e Wendell como centrais. O 2-0 esteve sempre mais perto do que o empate, mas a ideia de desastre pairou no Dragão.