Parecia um jogo sem surpresas e sem história, até que o FC Porto decidiu complicar o que era fácil; sexta vitória por margem mínima
Sexta vitória do FC Porto no campeonato e pela sexta vez por margem mínima. Apenas onze golos marcados em oito jogos, o que nos explica a rara imagem de um dragão magrinho que, vá lá entender-se porquê, continua a recusar-se a deixar uma estranha dieta de golos.
Depois de duas derrotas (Benfica e Barcelona), um adversário (Portimomense) que habitualmente não causa sobressaltos e que por isso parecia ser o visitante desejável numa fase em que as coisas têm estado longe de correrem bem à equipa de Sérgio Conceição, que, entretanto, perdera os seus pilares centrais, Marcano e Pepe, por lesão. Por isso, uma equipa remendada na defesa, o que provoca, mesmo que inconscientemente, uma sensação de insegurança.
A verdade é que poderia ter sido um jogo sem história. O domínio portista foi assumido desde o primeiro lance do jogo e o nem o sistema fechado de 5x4x1 que Paulo Sérgio criou para tentar controlar a esperada enxurrada ofensiva do FC Porto parecia suscetível de colocar as mais pequenas reservas a uma vitória clara e robusta do FC_Porto. E, no entanto, tudo o que parecia ser fácil se complicou.
Galeno e Eustáquio no banco
Sérgio Conceição surpreendeu na escolha do onze. Deixou Galeno e Eustáquio no banco, preferindo Nico González e Evanilson, fazendo a equipa regressar a um sistema de 4x4x2, com dois pontas de lança, talvez na expectativa de conseguir mais golos nas muitas oportunidades que cria.
Faltou acerto nas ocasiões (mais que suficentes) para noite tranquila. Pepê cresce na frente, Evanilson está de volta (para ser decisivo) e ainda há Zé Pedro. David Carmo sem perdão...
O balanço ofensivo do FC Porto foi avassalador. Com João Mário e Wendell muito adiantados nas laterais, a equipa ainda dispunha de Romário Baró e de Pepê como desequilibradores e principais criadores de situações de golo para Taremi e para Evanilson. Curiosamente, o único golo que o FC Porto viria a conseguir no jogo seria do brasileiro, mas num lance em que a bola ganhou um ressalto caprichoso e passou por cima de Vinícius. E foi golo único, não por se terem esgotado aí as oportunidades de marcar, não que o Portimonense tivesse descoberto uma fórmula mágica para conter o adversário, mas porque os jogadores do FC Porto continuam, perigosamente, a perder golos em série.
Guarda-redes contratado ao Palmeiras esteve em grande plano num jogo onde teve pouco descanso...
Um certo Instinto suicida
Apesar desse desperdício, a verdade é que a equipa de Sérgio Conceição não parecia correr riscos. Sobretudo depois de terem entrado Eustáquio e, pouco depois, Galeno, que vieram tornar o FC Porto mais consistente, mais compacto e mais criativo. É verdade que, à medida que o jogo avançava no tempo e se mantinha o resultado tangencial, Paulo Sérgio foi abrindo a sua equipa a um futebol cada vez mais ambicioso. Nada que verdadeiramente implicasse uma noção de que a história poderia vir a ser bem diferente.
Declarações do treinador do FC Porto após a vitória sobre o Portimonense
Não se contava, porém, que o FC Porto voltasse a sentir-se tentado por um estranho instinto de suicídio. E quando se pensava que a equipa já tinha esgotado todos os azares na zona central da sua defesa, com as lesões de Pepe e de Marcano e com o castigo de Fábio Cardoso, eis que, sem nada que o justificasse, nem sequer um lance de aparente perigo, David Carmo teve uma entrada intempestiva e viu o segundo cartão amarelo. A jogar com menos um jogador, o FC Porto assustou-se o suficiente para se preocupar mais em defender do que em atacar. Para mais, com uma defesa inventada, com Jorge Sánchez na direita, João Mário na esquerda e Zé Pedro e Wendell como centrais. O 2-0 esteve sempre mais perto do que o empate, mas a ideia de desastre pairou no Dragão.
Lembrou a inexperiência na equipa para relevar o que de bom viu frente ao FC Porto, num jogo «com resultado incerto até final»