Sporting Desviado de Benfica, FC Porto e Barcelona: um craque diferente que marcou 200 golos na lama

Guarda o mesmo drible de corpo, a ginga no pé, o estilo e a afinidade com a bola de futebol que tinha quando era uma criança e jogava em Lamego. Afonso Moreira, 18 anos, garantem-nos, era mesmo um jogador diferenciado. E toda a história que levou este extremo à equipa principal, tornando-se numa das apostas fortes e esperança para o futuro do leão, é prova de força, resistência e determinação.

E foi esse o ponto de partida para esta viagem no tempo que A BOLA procura contar. E, para tal, recuou alguns anos. Aos primeiros pontapés no Cracks Clube Lamego, histórico clube formador (que já se sagrou campeão nacional de juvenis), que já tem Afonso Moreira como um verdadeiro ídolo. Por tudo o que representa. E pela história feliz de um filho da terra visto como exemplo por todos.

A história em Lamego até começa com o irmão de Afonso, o Rafael. Jogou no Cracks (acabou por não seguir carreira) e na altura era insistente com Rui Santos, coordenador do futebol: «O meu irmão é um craque, acredita. Vai ser craque…», mensagem espalhada pela estrutura do clube.

Com 8 anos, e sem idade para entrar no clube (que ainda não tinha escalão sub-10), Afonso Moreira brincou um pouco numa escolinha de Arouca, que pertencia ao antigo jogador João Manuel Pinto. Apenas um ano. No seguinte, após muita insistência (e resistência do pai que não via com bons olhos o filho a evoluir num relvado pelado…), Afonso entrou para o Cracks. E a partir daqui…

«Era um matador. Pegava na bola e era um espetáculo. A jogar na lama! Sempre em pelado. Fez 200 golos a jogar na lama. A palavra que o define é diferenciado. Somos uma academia campeã nacional de juvenis, só temos formação, passam aqui muitos jogadores, mas deste calibre é um de longe em longe. Era uma maravilha vê-lo jogar», começa por dizer Marco Rodrigues, atual presidente do clube, reforçando os elogios: «Era um miúdo cinco estrelas. E não é por agora ele estar ali que estou a dizer isto para ficar bem. Humilde, de famílias com posses, nunca faltava a um treino. Muito raçudo! O que ele é agora, em miúdo ainda se notava mais, pois tinha aqueles cabelos compridos e parecia que voava [risos].»

Máquina de fazer golos

A ligação de Afonso Moreira a Lamego é muito forte. Foi ali nascido e criado. Onde mantém muitos amigos de infância. Que hoje o veem como uma referência.

«Tem uma ligação forte à terra. Ainda agora, antes de ir para o estágio com o Sporting para o Algarve, esteve cá. Para os miúdos daqui é um ídolo. Antes dele, só o Gonçalo Santos, que passou pelo Estoril, teve alguma projeção, pois jogou Champions… É um exemplo para os miúdos», sublinha o dirigente que se encontra ligado ao clube desde 2013.

As recordações são todas positivas. Só tem pena de não ter vivido mais de perto o crescimento. «No balneário nunca entrei. Isso é local sagrado. Lembro-me perfeitamente de ter chegado aos 100 golos, depois os 200… era uma máquina de fazer golos. Pegava na bola, conseguia fintar todos, e tinha uma equipa que jogava para ele. Que depois fazia o resto…»

A terminar, Marco Rodrigues fez questão de deixar uma mensagem através de A BOLA. «Se estiver com ele… diga-lhe que temos aqui quase 300 pessoas por dia a lutar e a torcer para que ele vença. Por ele e por nós», finaliza.

Desviado de Benfica, FC Porto e… Barcelona

Os golos de Afonso Moreira em Lamego depressa despertaram o interesse de vários clubes nacionais e internacionais. Porém, o Sporting foi mais ágil e garantiu o talentoso avançado. Mesmo resistindo às exigências do Cracks.
«Apareceram o Benfica e o FC Porto a apertar um bocadinho, mas o Sporting se calhar foi a melhor opção. Quando eles chegam lá acima é sempre a melhor opção. Mas com o Sporting chegou-se a um acordo para adiar a sua ida para lá. Ele fazia muito a diferença. Depois acabou por ficar aqui a treinar durante a semana e nos fins de semana ia jogar os torneios com o Sporting», conta Rui Santos.

Além de Benfica e FC Porto, também outros emblemas, como o Barcelona, estiveram atentos à sua evolução.  «Era impossível ficar indiferente a quem assistia aos jogos dele. Sabíamos que estava ali uma pérola e após uma concorrência forte acabou por ser o Sporting a levar a melhor», diz Marco Rodrigues.