Contas feitas: cinco minutos à Benfica, a crónica do Benfica-Famalicão
Rafa remata para o segundo golo do Benfica. Foto: Miguel Nunes/ASF

Contas feitas: cinco minutos à Benfica, a crónica do Benfica-Famalicão

NACIONAL25.11.202323:58

Autogolo de Riccieli aos 72’, expulsão de Otávio aos 74’, golo de Rafa aos 77’ e tudo resolvido; Águia já sem o peso da pressão nas costas

O Benfica qualificou-se para os oitavos de final da Taça de Portugal, alimentou a convicção de estar, finalmente, no caminho certo, jogou sem o peso das consequências graves de falhar, já livre de pressão condicionante depois da vitória sobre o Sporting e subida ao primeiro lugar do campeonato, produziu por vezes futebol próximo do melhor que fez na época passada, reforçou a confiança de alguns jogadores como Morato ou Tengstedt, recuperou Orkun Kokçu para a competição. Mas mostrou, também, que a equipa é projeto longe de estar acabado, afinal continua a jogar com laterais adaptados, viveu sobressaltos por não conseguir controlar o jogo em muitas situações, especialmente os contra-ataques rápidos do Famalicão, e precisou de um autogolo e de uma expulsão para depois sentenciar o jogo com um grande golo de Rafa. Esses três episódios em cinco minutos — e, contas feitas, tudo se decidiu nesses cinco minutos à Benfica. 

Roger Schmidt só trocou Musa por Tengstedt em relação ao dérbi com os leões. E viu-se Benfica agora mais solto, a meter velocidade no jogo, em combinações curtas em progressão, a criar situações de finalização com vários jogadores na área, em passes longos a procurar diagonais de Tengstedt, com movimentos à Gonçalo Ramos, a recuperar depressa a bola, através de pressão intensa no meio-campo dos minhotos, a tirar proveito do génio de Di María, com alegria, energia, dinâmica e ritmo elevado. 

Na primeira parte construiu quatro situações muito boas para marcar, beneficiou de 10 cantos, rematou 13 vezes, foi equipa fiel à sua natureza ofensiva. 

Não obstante esses méritos, ainda tem fragilidades que o Famalicão expôs. Os minhotos, muito bem trabalhados por João Pedro Sousa e com jogadores para nível superior, não tiveram medo, como o treinador anunciou, e tiveram coragem e qualidade para também chegar à baliza do Benfica, através de saídas rápidas, mas também de lances a partir de trás, com a bola de pé para pé, só porque conseguiam iludir a pressão do Benfica. E aos encarnados valeu, nos primeiros 45 minutos, Trubin, em três lances de perigo do Famalicão. 

O jogo poderia, muito bem, ter chegado ao intervalo com 4-3 no marcador. Chegou a zeros. Logo no primeiro lance do segundo tempo Otamendi ameaçou de cabeça. O Famalicão ainda não se deixava abater, Puma Rodríguez ainda tinha forças e continuava uma fera difícil de domar. Já sem o ritmo da primeira parte, o Benfica só voltou a pegar no jogo aos 65’, com dois pontapés de cantos seguidos e um remate perigoso de Tengstedt. Voltou a cuidar melhor da bola, a envolver mais jogadores nos lances ofensivos e obrigou um Famalicão a perder as forças a recuar, com as linhas muitos juntas e, assim, a correr mais riscos. 

Manuel Oliveira expulsa Otávio Ataíde aos 74'. Foto: Miguel Nunes/ASF

Foi num lance com mais infelicidade do Famalicão que mérito do BenficaTengstedt cruzou da direita para a área, a bola desviou em Francisco Moura e Riccieli fez autogolo — que o jogo começou a ser decidido, aos 72’. Dois minutos depois, o avançado dinamarquês, quando se isolava depois de magistral passe de trivela de Di María, foi derrubado por Otávio Ataíde, que viu o cartão vermelho. Cinco minutos depois do primeiro golo, Rafa fechou a tampa do caixão dos minhotos, com um golo espetacular, num disparo em arco pouco depois de entrar na área. 

A eliminatória ficou, aí, sentenciada. Kokçu, recuperado de lesão, voltou, um mês depois, a jogar. O médio substituiu Florentino. E poderá estar, naquele momento, o próximo passo da evolução do Benfica. Porque Morato vai continuar na lateral — a solidez defensiva que a equipa ganhou com ele será, nesta altura, mais importante que a capacidade ofensiva que um lateral de raiz pode oferecer — e Bah ainda estará de fora mais duas semanas. 

Certo, ainda, é que a equipa, apesar do efeito emocional positivo das últimas vitórias, precisa de evoluir e não é seguro que o próximo jogo com o Inter, quarta-feira, na Luz, seja o mais apropriado para que isso aconteça.