Filão nórdico, azia de Nuno Santos e mais golos: tudo o que disse Amorim

Treinador do Sporting elogiou jogadores, mas realçou que a equipa pode melhorar. Analisou o desempenho dos novatos e deixou recados...

- Numa semana complicada com pouco tempo de treino e muitas lesões como avalia esta vitória? O que tem a dizer da exibição de Harder?  

- O Conrad fez um bom jogo, ainda está a 50 % do que pode fazer, ele não tem muito treino com a equipa e nota-se na fluidez do jogo, tentámos abrir o Dani [Daniel Bragança] para ele.. fez um bom jogo. Marcar e assistir é sempre bom e ele sentiu que o estádio está com ambiente muito bom, hoje viveu um sonho, mas amanhã acabou, temos outro jogo a seguir. Senti que podemos fazer melhor, com esta mudança tática perde-se fluidez, o Dani gosta mais de jogar por dentro, ganhámos alguma agressividade extra no ir para a baliza, não deixámos o Aves criar perigo, fomos fortes na reação à perda. Foi um jogo mais uma vez competente, temos de continuar a trabalhar para isso.

- Os futebolistas que vinham da Escandinávia eram altos, louros e toscos, o Sporting está a contrariar isso. Que filão é este?

- Não sou a pessoa indicada para dizer o porquê de nos virarmos para este mercado, é com o scouting e o [Hugo] Viana, simplesmente dei as característica que queremos. A verdade é que são cada vez mais limpos tecnicamente e a capacidade física é cada vez mais importante e isso eles têm. Mas o Morten [Hjulmand] já jogava num campeonato latino e ele não foi a minha primeira opção quando veio a lista... bendita a decisão do scouting, é um verdadeiro líder. O Viktor [Gyokeres] já não há palavras... melhorou muito, principalmente depois de ter tido a cirurgia no final do ano ajudou-o muito, não parecia, mas ele jogava com dificuldade. Conrad [Harder] tem coisas a trabalhar, tem 19 anos, tem de perceber melhor os colegas, a receção dele como abriu o corpo, parecia um golo do Viktor [risos], depois assistiu, num bom timing, é um miúdo com muita fome e é inteligente, tivemos sorte.

- São seis vitórias em seis jogos, o melhor arranque da Liga neste século. Isso deixa-o feliz?

- Ficamos sempre contentes e percebemos por essas marcas que não é fácil arrancar assim, mas são só três pontos. Temos os rivais perto de nós, vai haver muitos jogos, era importante hoje, na primeira vez que tivemos um jogo a meio da semana, vencer.

- Esta dupla Gyokeres/Harder pode igualar os números de Gyoleres/Paulinho na época passada, em que marcaram 44 golos no campeonato?

- É difícil porque os jogadores às vezes surpreendem. O Paulinho fazia muitas coisas… bastava dizer-lhe duas palavras e ele adaptava-se, o Conrad ainda esta longe disso. É difícil reproduzir a mesma dinâmica, o Conrad é mais forte fisicamente do que o Paulinho, ainda não tem o jogo de cabeça nem o entendimento do jogo, não faço estimativas, é cedo para pensar em comparações entre o que os outros fizeram.

- Há dinâmica de vitória, isso ajuda a quem entra perceber o ritmo?

- Sim, poque temos uma base boa ,que nos dá rotina de de jogo, nota-se na fluidez que não é a mesma coisa, mas ajuda, o dilatar do resultado ajuda-nos a arriscar um pouco mais. Mas a ganhar é tudo mais fácil, há menos pressão, principalmente com este ambiente.

- Esgaio fez os primeiros minutos da época. Qual é o papel dele?

- Começámos a época com o pensamento mais com extremos, ele pode ser mais defesa. Vai ter o mesmo papel: fora de campo é muito importante e vai ter o papel de todos, que é dar o máximo jogando um ou noventa minutos.

- Pode falar um pouco dos miúdos da equipa B que chamou a este jogo, apesar de não se terem estreado?

- O Miguel [Alves] é central do lado esquerdo e nós não temos muitos centrais. O Bruno [Ramos], pé direito, não foi a nenhuma seleção na última paragem. Foi ele que foi o central do meio na nossa equipa. É um jogador muito rápido. Apesar de não estar a ser titular na equipa B, porque nota-se e o João falou comigo sobre isso, a sua forma de jogar com a bola e a ataque organizada ainda lhe falta qualquer coisa ou que tire algumas rotinas e temos jogadores com mais tempo de treino lá. O que eu gostei muito é que é muito forte, muito rápido. É um jogador que muitas vezes no treino apanha o Viktor e isso não é fácil [risos]. É forte fisicamente, é difícil de ultrapassar no um para um. Estamos, juntamente com o João [Pereira], a tentar trabalhar a sua forma de entender o jogo com a bola, porque sem bola acho que ele tem as características perfeitas para ser o central de uma equipa subida. O [João] Simões tem jogado a ala, mas acho que ele é médio centro. Vi-o na seleção de sub-17 e gosto de vê-lo a médio centro. Acho que é um jogador que tem uma grande capacidade física, não sendo muito rápido. É muito resistente. Acho que pode jogar como o João meteu a jogar de costas para a baliza. Acho que é um grande trabalho que ele está a fazer, porque o João se vier para aqui, poderá fazer a posição do Morita ou do Dani, que às vezes tem que jogar entre linhas e passa a vida a fazer isso na equipa B. Portanto, são jogadores que nós acreditamos. Temos lá outros. Não queria estar só a falar destes. Temos lá outros.

- Houve muitas mudanças no corredor esquerdo. Que outros desafios trouxe isso?

- O Maxi [Araújo] joga muitas vezes pela seleção por dentro, acho que o desafio é voltá-lo a por fora, que foi para ir voltar um bocadinho com o Nuno Santos. Tivemos algumas dúvidas, ele faz bem aquela posição em utilizá-lo por dentro, porque não quero confundi-lo com tão pouco treino e depois nunca mais acerta a posição. Mas aquela posição que ele jogou hoje é a posição que ele usa, que ele joga mais pela seleção. O Reis, porque também não temos mais nenhum, tem uma capacidade e uma ligação diferente, já desde o Rio Ave, com o Nuno Santos. E faltou-nos um jogador que para mim é mais difícil de substituir na equipa, obviamente que o Viktor tem um grande impacto, todos os jogadores, não gosto muito de estar a falar nisto, mas o Pote é um jogador especial. É pé direito, é extremo e médio ao mesmo tempo, é rápido, forte e faz golos. E, portanto, acho que é um grande desafio esta equipa jogar sem o Pote. Já estou a dar-lhe moral a mais e acho que isto é um erro [risos], mas na fluidez nota-se muito com o Pote.

- Nos minutos finais havia duas versões da equipa: a estava a tentar terminar o jogo apenas e outra, com Gyokeres à cabeça, que queria mais golos. Qual preferia?

- Claramente a de mais golos, mas eu percebo, acho que o Debast estava um bocadinho cansado, o Ousmane também e queria ficar com a bola, portanto, gosto muito mais da outra, da fome. Porque nós podemos fazer mais golos, porque encostámos o adversário e porque é isso que nos alimenta como equipa. Portanto, diria claramente aquela parte da fome, porque eu senti que o jogo estava controlado.

- Falemos de dois jogadores: Nuno Santos e Trincão ficaram um pouco na sombra, mas foram muito importantes nesta vitória.

- O Trincão acho que está num grande momento de forma, está forte fisicamente, e quando ele está feliz a jogar nota-se é muito bom para qualquer adepto. Acho é que ele pode ser ainda mais objetivo, pode ainda ser melhor a fazer as coisas e digo-lhe isso todas as semanas. Da mesma maneira que o defendi naquela altura que ele não estava tão inspirado. Agora, mesmo inspirado acho que ainda há ali tanto espaço para crescer como jogador e ir para uma dimensão diferente. O Nuno Santos tem sido um dos jogadores mais importantes desde que estamos cá e o Nuno Santos continua com a sua intensidade, também tem muita fome, mas continua com o seu grande problema que é o Nuno Santos joga este jogo, joga o jogo passado, que não jogou, e ainda está mais chateado e acabou este jogo e, de certeza, que já está a pensar no próximo jogo se vai jogar e depois se vai jogar a Liga dos Campeões, e isso é um grande problema para o Nuno porque o afeta na semana. Digo aqui diretamente porque já o disse muitas vezes e, portanto, isto é só para dizer que estou muito satisfeito com eles, são muito importantes para nós, principalmente para mim e nota-se pela forma como são sempre utilizados, mas há espaço para crescer e eles têm que ainda crescer mais.