Como o Antuérpia chegou até aqui: aquele golo aos 94…

Adeptos esperaram 66 anos para voltarem a ser campeões da Bélgica. A festa foi rija e garantiu a primeira presença na fase de grupos da Liga dos Campeões, onde vão agora defrontar o FC Porto

Um pontapé fora da área de Toby Alderweireld deu ao Antuérpia o empate mais celebrado de sempre. Corria o minuto 94 do jogo contra o Genk, no dia 4 de junho, quando o internacional belga marcou o golo que deu ao Antuérpia o título de campeão da Bélgica, que lhe fugia há… 66 anos.

Era a última jornada da época 2022/23 da liga belga e três clubes ainda podiam ser campeões. O Antuérpia estava em 1.º lugar, mas tinha uma difícil deslocação ao terreno do Genk, que também tinha hipóteses de conquistar o título. Havia ainda que contar com o Union Saint Gilloise, que defrontava o Club Brugge.

De calculadoras na mão e ouvidos e olhos entre as duas partidas, os adeptos viveram uma tarde de emoções, com as três equipas a serem virtualmente campeãs em algum momento.

Ao minuto 88, tudo corria melhor ao Union Saint Gilliose, que vencia por 1-0 e beneficiava da derrota do Antuérpia. Só que os visitantes do Club Brugge fizeram três golos de rajada nos últimos minutos. 

Festejava então o Genk, que lá ia ganhando por 2-1 ao Antuérpia e só esperava pelo apito final para se sagrar campeão. Faltavam pouco mais de dois minutos para o tempo que o árbitro tinha dado de compensação, o Antuérpia ia bombeando a bola para a frente como podia e esta acabou por sobrar para Toby Alderweireld. O resto foi… festa.

«Foi uma última jornada louca! 15 minutos antes dos jogos acabarem, o Antuérpia estava em terceiro lugar…», recorda o jornalista belga Diederik Geypen, do jornal Gazet van Antwerpen, que estava no estádio nesse dia: «Ao minuto 93, os adeptos do Genk já estavam a preparar-se para invadir o campo e festejar o título… No estádio do Antuérpia, havia 15 mil adeptos a ver o jogo no ecrã gigante, afinal a invasão de campo foi lá».

66 anos depois, o Antuérpia foi campeão da Bélgica e garantiu assim a presença na edição desta época da Liga dos Campeões. Uma estreia, mas também um reencontro, uma vez que em 1957/58 o clube tinha chegado à primeira eliminatória da Taça dos Campeões Europeus. Memória que os adeptos talvez não queiram recordar, uma vez que foram ‘despachados’ em duas mãos pelo Real Madrid, com um agregado de 8-1.

Desta vez, a sorte ditou-lhes que teriam pela frente Barcelona, FC Porto e Shakhtar Donetsk. Esta quarta-feira, após duas derrotas nos dois primeiros jogos, defrontam os dragões, em casa, à procura dos primeiros pontos na prova.