Treinador de Tengstedt no Rosenborg, Kjetil Rekdal, fala do que poucos sabem; acredita que pode ser titular no Benfica
– Era treinador do Rosenborg quando o Benfica contratou Tengstedt. Conte-nos como era ele nos treinos e nos jogos?
– Casper marcava golos e fazia assistências todos os dias. Veio da Dinamarca[Horsens] e surpreendeu toda a gente, adaptou-se muito rapidamente. Marcou quinze golos e fez sete assistências, em resumo, 22 pontos no campeonato. E precisava de um pouco mais de tempo... Sofreu uma lesão antes de vir para o Rosenborg, teve alguns problemas musculares, por isso precisámos de calma e cuidado com ele. Penso que ele precisava de um pouco de tempo para se adaptar, mas foi fantástico nos jogos. É um goleador nato e um jogador de equipa.
– Como é o perfil social dele? É um jovem determinado, extrovertido, calmo?
– É muito profissional, um grande colega de equipa, sempre bem-disposto, sempre a dar o seu melhor, muito leal para com todos. É um tipo fantástico.
Não é o jogador mais rápido, mas é mais rápido do que podemos pensar
– Quais são as características, físicas, técnicas ou táticas, que o distinguem?
– É um avançado muito talentoso, tecnicamente forte, sabe passar muito bem, vê os seus companheiros e passa, e é um grande finalizador, tanto com o pé esquerdo como com o direita. Não é o jogador mais rápido, mas é mais rápido do que podemos pensar. Lê o jogo muito bem e finaliza muito bem. É preciso compreender que sair da segunda divisão dinamarquesa, subir para a primeira e fazer apenas três jogos na primeira divisão, e depois ir para o Rosenborg e de seguida para o Benfica é um grande feito.
E ele só tem 23 anos, tem muitos anos para fazer a diferença no Benfica
– Começou no Midtjylland, foi para o Horsens e depois para o Rosenborg e, agora, está no Benfica. Como viu a evolução dele? Esperava que ele chegasse a este nível?
– Deu um grande passo do Horsens, que é um clube pequeno na Dinamarca, para o Rosenborg, que é um grande clube na Noruega. Não me surpreende que ele tenha precisado de tempo para se adaptar ao Benfica. Se nos lembrarmos do Benfica do ano passado, era muito bom, foi aos quartos de final da Liga dos Campeões. Foi um grande passo para ele, do Rosenborg para o Benfica. Vejo que está a jogar mais minutos agora, também marcou um golo importante no último jogo. Parece que está a ter mais minutos e, se estiver em campo, vai marcar golos de certeza. Mande-lhe um abraço.
A BOLA conta como companheiros e Benfica olham para o avançado dinamarquês; clubes turcos, espanhóis, neerlandeses e italianos manifestaram interesse em contratá-lo em janeiro
– Tengstedt não teve muitas oportunidades, mas foi decisivo duas vezes esta época. Deveria ter mais oportunidades?
– Para mim é difícil dizer, não conheço a equipa do Benfica, vi alguns jogos no ano passado e pensei que ele iria ter dificuldades em entrar logo na equipa, porque a equipa era realmente muito boa. Quando se entra a meio de uma época é sempre difícil. Não se tem rotinas, não se conhece a língua, não se tem amigos. O que vi e ouvi foi que o Benfica o comprou para o futuro, não para o presente. E ele só tem 23 anos, tem muitos anos para fazer a diferença no Benfica.
– Mantém contacto com ele?
– Às vezes falamos, sim, ele está muito feliz e, como digo, é um tipo muito inteligente. Tem sido paciente, tem trabalhado arduamente para atingir o nível físico, o nível técnico e a intensidade que a equipa do Benfica exige, e parece que está a jogar mais minutos. Se ele conseguir dar mais passos em frente, pode ser um jogador regular no onze, é possível.
– E quanto a Schjelderup, seu compatriota, o que pensa da decisão dele regressar de regressar ao Nordsjaelland? Fez bem em fazê-lo ou devia ter esperado por uma oportunidade no Benfica?
– Não sei, sinceramente. Só tem 18 ou 19 anos [tem 19 anos, n.d.r] e talvez seja mais difícil ter paciência nessa idade do que aos 23 anos. É impossível para mim dizer muito mais. Foi também um grande passo para ele. Não se pode esperar entrar diretamente na equipa, o Benfica é uma grande equipa que foi aos quartos de final da Liga dos Campeões. A situação dele é parecida com a do Tengstedt, foram comprados para o futuro.
– E o que é que pensa do desempenho de Aursnes, que também é seu compatriota?
– Tenho de ser sincero, não vejo os jogos do Benfica, só vou lendo os jornais e vejo quando ele joga pela seleção. Ele está a jogar muito bem na seleção. Não sei se está melhor este ano ou no ano passado, mas o Benfica está fora da Liga dos Campeões e no ano passado chegou aos quartos de final. Não sei o que se passa, mas ele jogou muito bem na época passada contra o Inter. O futebol português não passa na televisão norueguesa, é difícil ver o futebol português na televisão aqui, vemos mais a Premier League.