Encarnados pretendem dar sequência à vitória europeia para manterem a firmeza na luta pelo título nacional; em caso de triunfo esta tarde, haverá subida provisória à liderança (o Sporting joga à noite); Tengstedt espreita o onze e poucas mais mexidas são expectáveis; casapianos olham para o regresso às vitórias
A 26.ª jornada da Liga passa pelo distrito de... Santarém. Não, não há nenhuma equipa ribatejana na elite nacional, mas é em Rio Maior que o Casa Pia realiza os seus jogos na condição de visitado. E esta tarde há jogo grande no recinto riomaiorense, que irá receber a visita do Benfica.
Uma partida que, em teoria, oferece claro favoritismo aos encarnados. A equipa orientada por Roger Schmidt luta pelo título, o conjunto liderado por Gonçalo Santos tem a permanência como grande objetivo. Os desequilíbrios são, a todos os níveis, gritantes, mas essas diferenças têm de ser plasmadas dentro das quatro linhas e, nesse caso, com incomparáveis responsabilidades acrescidas para as águias.
Algo que, recorde-se, não aconteceu no encontro da primeira volta. A 28 de outubro de 2023, aquando da 9.ª jornada, em pleno Estádio da Luz, o Casa Pia - então ainda orientado por Filipe Martins (que haveria, depois, de dar lugar a Pedro Moreira, técnico entretanto já substituído por Gonçalo Santos) - surpreendeu tudo e todos e Larrazabal, já dentro dos últimos 10 minutos, empatou a contenda - João Mário, na fase final da primeira parte, havia colocado as águias na frente.
Os momentos são, claro está, diferentes, esse duelo já se realizou há quase cinco meses, mas também pelo facto de o campeonato entrar na reta final obriga a que falhas dessas não aconteçam. Especialmente para o conjunto da Luz, que corre atrás da liderança - está a 1 ponto do Sporting, mas podem vir a ser 4, caso os leões ganhem o jogo que ainda têm em atraso, no reduto do Famalicão. E por falar em liderança, o embate desta tarde oferece ao Benfica mais um fator motivacional: em caso de triunfo diante do Casa Pia, os encarnados sobem, ainda que de forma provisória, ao topo da classificação. Isto porque o Sporting joga apenas mais logo, no caso, recebendo o Boavista.
As eleições já foram, mas os adeptos dos gansos estarão num período de... reflexão. Tudo porque, depois das duas vitórias consecutivas - Arouca (1-0) e Vitória de Guimarães (2-0) - conseguidas pela equipa após Gonçalo Santos ter sido escolhido para ser o terceiro treinador da época, a formação casapiana escorregou nos dois jogos seguintes - empate com o Gil Vicente (0-0) e derrota frente ao Estrela da Amadora (1-3).
É, pois, tempo de perceber o real estado do grupo de trabalho, sendo certo que a tarefa de hoje não promete ser nada fácil. No entanto, também não é menos verdade que há jogadores (e equipas) que gostam destes jogos diante de adversários de outro gabarito para se transcenderem...
A recente saída de Clayton - que era o melhor marcador da equipa e que rumou aos brasileiros do Vasco da Gama - deixou a equipa órfã do seu principal destaque, mas o coletivo casapiano tem outros jogadores de inegáveis méritos. Mesmo que noutras posições do terreno. Como é o caso de Leonardo Lelo, um lateral-esquerdo português que é um dos indiscutíveis no onze dos gansos. Apesar da sua juventude (completa 24 anos no próximo dia 30), o canhoto tem já uma experiência considerável e está na terceira temporada consecutiva como dono e senhor do lugar. Já ultrapassou a barreira dos 100 jogos com a camisola do Casa Pia - foi devidamente homenageado pelo clube na receção ao Gil Vicente - e continua em franco crescimento. Excelente sentido posicional quando a hora obriga a tarefas defensivas, qualidade de passe na primeira fase de construção quando a equipa está em posse e rapidez bastante para dar verticalidade ao jogo ofensivo pelo corredor. A tudo isto junta ainda uma caraterística muito própria, como é o caso da capacidade superior em cobrar os lances de bola parada. Está preparado para qualquer águia que lhe apareça pela frente, assim como está (mais) que preparado para dar um salto na carreira num futuro (muito) próximo...
A antevisão de Gonçalo Santos (treinador do Casa Pia):
Gonçalo Santos não acredita que a águia sinta cansaço após a eliminatória europeia ante o Rangers e acredita num adversário na máxima força; mostrou ter a lição bem estudada e ambiciona vencer o seu primeiro contra um 'grande' enquanto treinador
A águia já despiu o kilt que tão bem lhe assentou na Escócia e que levou ao triunfo sobre o Rangers (1-0). A vitória permitiu ao Benfica garantir o apuramento para os quartos de final da Liga Europa, mas agora a vestimenta será outra.
A turma de Roger Schmidt troca a peça de vestuário tipicamente escocesa por uma roupagem mais nacional, sendo que, para o efeito, será preciso aguardar pelo desiderato da partida desta tarde para se perceber se a permuta será feita com base num fato de gala ou num... fato de macaco. Porque o jogo (ou a exibição da equipa...) é que definirá esse cenário.
A nível interno, o Benfica pretende dar sequência ao triunfo alcançado na última ronda, diante do Estoril (3-1), e que foi visto como a reação ao desastre sofrido uma semana antes, no terreno do FC Porto (0-5).
Em cima da mesa, e meramente por questão dos horários que foram destinados a esta jornada, os encarnados têm também a possibilidade de sair de Rio Maior como líderes da Liga. Afinal, o encontro no recinto ribatejano terminará perto das 20 horas e o Sporting só entrará em campo meia hora mais tarde. Vale o que vale, mas pode valer alguma coisa. Até porque, nesta fase da época, todos os fatores psicológicos podem ter os seus efeitos. Sejam eles positivos ou negativos. É a chamada pressão...
E olhando à equipa apresentada por Roger Schmidt no Ibrox, a meio da semana, não são de esperar muitas mexidas. Se o meio-campo parece estar definitivamente entregue a Florentino e João Neves - ainda para mais agora, depois da entrevista de Kokçu... -, o tridente de apoio ao ponta de lança deverá manter-se também inalterado e entregue aos fantasistas Di María, Rafa e David Neres. A grande dúvida persiste na frente de ataque, com Tengstedt a perfilar-se como principal candidato a ocupar o lugar do desgastado Marcos Leonardo. Mas também Arthur Cabral está à espreita...
Não é por acaso que os adeptos o apelidam carinhosamente de... Di Magia. O astro argentino é, de facto, de elite mundial. É um jogador que pode até nem estar a passar pelo melhor momento de forma ou que, eventualmente, pode parecer apagado dentro de um determinado jogo, mas que, de um momento para o outro, decide... resolver. Um lance de génio (ou, como se diz na gíria, um coelho da cartola) do camisola 11 pode aparecer enquanto o diabo esfrega um olho e quem ousava pensar que este regresso ao Benfica numa fase final da sua carreira já não daria para grandes brilharetes... equivocou-se. Porque os números contrariam essa tese. O internacional argentino leva 38 jogos na presente temporada (é o sétimo jogador com mais minutos somados), registo que eleva com os 15 tentos que já apontou e com as 9 assistências que já realizou - em todas as competições, sublinhe-se. Em termos de concretização, já igualou o terceiro melhor registo da carreira (que havia conseguido em 2015/2016, ao serviço do PSG - mais golos só mesmo em 2018/2019 (19) e em 2017/2018 (21), também em representação do emblema francês. E tudo isto com 36 anos. À boa maneira portuguesa, é caso para dizer que velhos são os trapos...
A antevisão de Roger Schmidt (treinador do Benfica):