A BOLA perguntou a várias personalidades portuguesas quem escolheriam para o lugar de ponta de lança das águias contra o Sporting
A posição de ponta de lança no Benfica continua a fazer correr muita tinta. Sem que haja um verdadeiro indiscutível para a posição, A BOLA conversou com diferentes personalidades portuguesas, diretamente ligadas ao futebol ou apenas fãs dos encarnados e do desporto rei, para perceber quem deve ser o avançado titular contra o Sporting este sábado. Inesperadamente ou não, as opiniões sobre o tema dividem-se.
Vítor Manuel, treinador: Marcos Leonardo
«Não se sabe qual é a hierarquia dos pontas de lança, é sempre imprevisível. Não há uma continuidade, talvez porque Schmidt não está contente com nenhum. De todos os que já jogaram, penso que escolheria o Marcos Leonardo. Tengstedt tem alguma dificuldade na eficácia. Marcos é o que tem tido menos oportunidades para jogar de início, se calhar é altura de ter essa oportunidade, para ver como reage. É um jogador rápido, tem um potencial tremendo.»
«Também poderia jogar com dois pontas de lança, Arthur Cabral e Marcos Leonardo, ou Tengstedt e Arthur Cabral, por exemplo. Estou convencido que Schmidt vai manter Tengstedt, mas acho extraordinário quando dizem que um ponta de lança tem de defender bem… tem é de marcar golos! Di María também não defende, mas tem uma qualidade ofensiva extraordinária. A função do ponta de lança é marcar golos! Para isso, contratem um defesa para jogar a ponta de lança.»
António Simões, campeão europeu pelo Benfica: Tengstedt
«Tenho vontade de dizer que um bocadinho de cada um era fantástico. Os três juntos é que dava jeito. São três pontas de lança muito diferentes. Um é mais rápido e tem mais mobilidade dentro e fora da área, Tengstedt. O Arthur Cabral é um homem mais fixo, com mais possibilidade de segurar a bola e até fazer tabelas. O Marcos Leonardo também tem muita mobilidade, mas tem um perfil mais de jogador de área, onde faz os golos.»
«Para este jogo, onde haverá mais espaço na frente, talvez jogasse com o Tengstedt. Punha o Tengstedt outra vez, mas obviamente que não há verdades absolutas nisto. No Estádio da Luz talvez tivesse começado com o Arthur Cabral, em ataque apoiado. O Marcos parece estar entre os dois.»
Hugo Falcão, treinador: Rafa
«Colocava Rafa. Pela simples razão que o Rafa é um jogador que parece que tem sempre mais uma mudança, e um dos pontos mais vulneráveis do Sporting é o corredor central, quem costuma de jogar naquela zona defensiva não é tão rápido e a verticalidade do Rafa pode fazer a diferença. Mas também depende das dinâmicas do treinador. Não temos visto muito o Rafa a procurar a profundidade, tem procurado mais zonas interiores e bola no pé para depois acelerar.»
António Raminhos, comediante: Marcos Leonardo
«É uma pergunta difícil, porque o facto de Roger Schmidt andar sempre a trocar de avançado não permite a quem está a apreciar tirar ilações suficientes para escolher um ponta de lança. Mas eu escolheria, pela forma como tem entrado, o Marcos Leonardo. A jogar a avançado o Rafa não tende tanto, e o Benfica não tem um ponta de referência como teve durante tantos anos, como o Cardozo, o Jonas… até em épocas difíceis o Benfica tinha referências como o Pierre van Hooijdonk, Brian Deane, o João Tomás. Havia sempre algum jogador que, de alguma maneira, era o típico ponta de lança.»
«Acho que o Benfica agora tem avançados para jogar noutra tática, num 4x4x2 clássico por exemplo. Se jogasses com dois avançados como Arthur Cabral e Marcos Leonardo, se calhar já havia ali outras soluções. Agora, nesta tática que Roger Schmidt teima em usar, não há um ponta de referência, um homem que faça golos. Até o Martin Pringle marcaria mais!»
Manuel Machado, treinador: Arthur Cabral
«Rafa não me parece boa escolha para ser o jogador mais adiantado. É evidente que cada jogo tem características diferentes: em jogo posicional, tanto Arthur Cabral como Marcos Leonardo são adequados; se for para jogar com o bloco mais baixo e explorar a profundidade, o Tengstedt é quem tem mais caraterísticas para esse tipo de jogo.»
«Mas o Benfica normalmente joga com o bloco subido, como equipa grande, assume o jogo e o Arthur Cabral é o que me parece o mais consistente, saiu da equipa quando estava numa sequência de golos. Eu escolheria o Arthur Cabral para jogar.»
António Melo, ator: Tengstedt
«Arthur Cabral como jogador é o melhor ponta de lança do Benfica. Acho que para a forma como o Benfica joga, neste momento, Tengstedt parece-me ser o ponta ideal para voltar a fazer aquela pressão. Tengstedt, tendo em conta a forma como o Benfica joga, é neste momento quem faz o trabalho mais parecido com o Gonçalo Ramos, embora não tenha a mesma proeminência a marcar, é aquele que mais se aproxima do trabalho defensivo que Ramos fazia. Não sendo tecnicamente o melhor ponta de lança, é o que melhor serve o Benfica e a forma como a equipa joga.»
Álvaro Magalhães, treinador: Tengstedt
«É um jogador com muita mobilidade, e com alas como Neres num lado e Di María no outro, pode dar até criar espaços. Também é bom para Rafa, porque são os dois jogadores de grande mobilidade. O Arthur Cabral também está a trabalhar bem, mas apostava na mesma equipa porque é um jogo especial, Sporting tem uma equipa fortíssima.»
Se as duas equipas jogarem o seu normal desta época - o Sporting (bem) e o Benfica (mal) -, os leões ganham. Mas se o Benfica jogar bem – como ainda não fez esta temporada (e terá de ser mais do que na Luz) – os verdes e brancos terão MESMO de jogar o normal (bem, e bem é bem mais do que na Luz)
Diogo Luís, antigo lateral do Benfica: Arthur Cabral
«Percebo que Schmidt esteja satisfeito com o último jogo que Tengstedt fez, dá coisas que o treinador gosta, mas o Arthur Cabral tem aquele toque final que faz a diferença e marca golos. Numa equipa que assuma o jogo e esteja bem trabalhada, Arthur Cabral é uma mais-valia.»
«Tensgtedt tem a seu favor um bom trabalho defensivo, mais movimento, mas não tem golo. O Arthur Cabral tem golo, segura a bola, é referência. Acho que vai ser um jogo completamente diferente, mas tenho quase a certeza de que Tengstedt vai voltar a ser o titular.»
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Júlio Machado Vaz, psiquiatra: Tengstedt
«Não é fácil… Bom, estou de acordo com os que dizem que o Benfica fez uma boa exibição na meia-final, e acho que até podiam ter chegado só dois golos, pelo menos para prolongamento. Portanto, penso que para o Benfica estar por cima é indispensável haver uma pressão alta, se calhar começava o jogo com Tengstedt, e depois, como diz o povo, com o andar da carruagem… mas começava com a mesma formação.»
«O Tengstedt defende mais que os outros. Se as coisas correm de maneira diferente e Schmidt tem de fazer entrar alguém, aí provavelmente vai ser curioso ver como a bancada reage à escolha entre Marcos Leonardo e Arthur Cabral. Aí a coisa pode ser mais complicada, mas mantinha o onze da meia-final, porque o Benfica jogou bem melhor do que o que tem vindo a jogar.»