Burnley-Benfica: A crónica e o positivo e negativo

Benfica Burnley-Benfica: A crónica e o positivo e negativo

NACIONAL26.07.202300:15

PEDRINHAS DE GELO NUM PEITO INCHADO FAZEM SEMPRE BEM

Primeiro desaire serve para alertar Schmidt que nem tudo brilha na constelação encarnada. É a altura ideal para as imperfeições surgirem

O regresso de Di María empolgou os benfiquistas. Percebe-se porquê: contratar um campeão do Mundo com a qualidade do argentino, mesmo com 35 anos, encanta qualquer adepto. Somem-se as contratações de Kokçu e Jurásek aos resultados dos jogos de pré-época (quatro triunfos e 11-2 em golos) e estavam reunidos quase todos os ingredientes necessários para o sonho encarnado ser rasgado para 2023/2024.

O adversário no Restelo, da Premier League e acabadinho de se sagrar campeão da Premiership, criava água na boca. O onze inicial de Schmidt deixava (e deixa) entender que andará muito perto daquele que, dentro de duas semanas, defrontará o FC Porto, na Supertaça e os primeiros minutos frente ao Burnley, talvez mesmo a primeira meia hora, mostraram a capacidade que este Benfica tem para encantar. Imensas trocas de bola entre setores, pressão sobre os médios adversários de forma a chegar rapidamente a situações de potencial golo, virtuosismo da maioria dos jogadores. Quase um mimo. E a palavra quase surge porque, para que tudo fosse quase perfeito, era preciso aparecer um pouco de sal e umas pitadinhas de pimenta. Ou seja: golos.

Houve oportunidades, sim, como naquele duplo lance seguidinho em que João Mário e Gonçalo Ramos obrigaram Muric a duas defesas por instinto. O Benfica merecia um golo, merecia aquele golo, merecia ir para o intervalo em vantagem, até porque, sejamos sinceros, o Burnley jogava muito pouco. Impetuosidade e pouco mais.

O intervalo chegou sem golos e, como já se esperava, os treinadores, sobretudo Schmidt, mudaram muito. O alemão, aliás, mudou tudo: outros 11 no relvado. É o normal em jogos de pré-época. Ótimo para os treinadores, que podem observar, analisar e escrutinar todos com detalhe superior. Mau para quem está de fora, sejam adeptos ou observadores, porque fica um espetáculo partido ao meio.

E a segunda parte, para lá de ser totalmente contrastante com a primeira, trouxe à tona um facto indiscutível: as segundas linhas do Benfica (excluindo os já bem conhecidos João Neves e Neres) não tiveram a qualidade, o entrosamento e o talento das primeiras. Passa-se o mesmo, excluindo equipas como o Manchester City, em que quase todos são iguais a quase todos, na esmagadora maioria das equipas.

A segunda metade, perante exibição tão frouxa dos encarnados, serviu para colocar umas pedrinhas de gelo na euforia dos adeptos. É a altura ideal para que tal aconteça. Daqui a duas semanas há a Supertaça e o peito inchado nunca fez bem a alguém. Pedrinhas de gelo, sim, mas também não há sinais verdadeiramente vermelhos.

O POSITIVO

De verdadeiramente positivo para RogerSchmidt apenas talvez o (inesperado?) bem superior rendimento de Ristic na esquerda, quando comparado com o contratado Jurásek.

O NEGATIVO

Grande diferença de andamento e qualidade entre os dois onzes do Benfica. É assim em todas as equipas, mas o desnível (com João Neves a lateral-direito!) foi gritante.