Terceiro Anel optou pelo ‘colinho’
Bruno Lage no regresso ao banco do Benfica, frente ao Santa Clara (Miguel Nunes)

Terceiro Anel optou pelo ‘colinho’

OPINIÃO16.09.202410:45

Opositores de Rui Costa deverão ser responsáveis: há uma fronteira entre a crítica legítima e o escrutínio necessário, e a política de terra queimada

Estádio da Luz, sábado, 14 de setembro de 2024, 20.30, 60.145 espetadores (provavelmente 60.000 afetos ao clube da casa) para o Benfica-Santa Clara. Aos 24 segundos de jogo, os açorianos colocaram-se na frente do marcador, adensando o drama encarnado, que estava a fazer ‘all in’ na recente chicotada psicológica e na inclusão de alguns reforços de última hora.

Como reagiram os benfiquistas, apesar dos oito pontos de atraso com que entraram em campo para o Sporting, apesar dos movimentos opositores a Rui Costa, cada vez mais afoitos, apesar da feroz catilinária de Luís Filipe Vieira contra o seu sucessor, apesar do desconforto que a permanência de Roger Schmidt tinha criado entre os adeptos, e, há que dizê-lo, porque calá-lo seria mentir por omissão, apesar do desgaste evidente que tudo isto tem provocado na imagem do presidente do clube, e da delicada situação à qual procura dar resposta em várias frentes?

Pois bem, o sempre exigente e muitas vezes implacável Terceiro Anel esteve-se nas tintas, pura e simplesmente, para a política e as politiquices, para os casos e os casinhos, para as tricas e as intrigas, e nos 90 minutos seguintes aplicou a fórmula que no passado melhores resultados deu na relação adeptos/jogadores: o ‘colinho’. Exatamente.

Não obstante as amarras do passado recente, independentemente da angústia provocada pelo golo sofrido aos 24 segundos, a equipa do Benfica sentiu-se em casa e esse foi o ponto de partida para uma recuperação sólida, fruto de uma exibição personalizada – graças, em boa medida, e numa primeira observação, à largura atacante que foi recuperada – culminada com uma obra de arte de Ángel Di María. Foram 4-1, podiam ter sido mais, mas as sensações deixadas foram francamente positivas.

Porém, como o futebol é, em grande parte, momento, e como o que hoje é verdade amanhã pode ser mentira, haverá que aguardar pelos próximos jogos (a começar pela deslocação a Belgrado na quinta-feira, dois dias antes de uma Assembleia Geral) e deixar assentar a poeira para que possam ser feitas, sem demagogia, avaliações mais sólidas das transformações por que está a passar o futebol benfiquista. Não surpreenderá, porém, se num futuro muito próximo, à base que defrontou o Santa Clara, Bruno Lage juntar Zeki Amdouni  (em detrimento de Rollheiser) e se Aursnes, logo que estiver em condições, jogar na esquerda da defesa, ou na posição seis. Logo se verá.

Ao dia de hoje, o mais importante, que deve ficar registado na mente de todos, sobretudo no espírito dos que têm a tendência de tomar a nuvem por Juno, e tirar conclusões definitivas (quanto ao estado de alma de toda a nação benfiquista) a partir de situações relativas (por exemplo reuniões onde marcam presença 20 vezes menos sócios do que aqueles que estiveram no sábado na Luz), é que deve haver um grande sentido de responsabilidade entre o dever crítico e a sua necessária manifestação, a que acresce um escrutínio rigoroso, e a política de terra queimada, que só fortalece os rivais do Benfica.     

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