A repetição de uma bela história
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A repetição de uma bela história

FUTSAL16.09.202419:50

Jorge Braz tinha pedido uma entrada «à Portugal». A equipa cumpriu e ofereceu uma entrada à campeão.

Lembrando uma história com oito anos, a seleção portuguesa voltou a fazer do Panamá um teste competitivo interessante, mas com um grau de exigência muito limitado, considerando as debilidades do conjunto centro-americano, que não evoluiu muito, em termos de concentração e capacidade defensiva, em relação ao encontro do Mundial da Colômbia, que marcava a vitória recorde de Portugal em fases finais de grandes competições. Porém, importa relevar a postura da equipa das “quinas”: competitiva, autoritária, muito solta nos movimentos ofensivos, com um jogo alegre e que inebriou o público da Humo Arena.

Era, também, um jogo de festa para dois portugueses. Pany Varela completou 100 internacionalizações, e comemorou com o décimo golo, quase a fechar o jogo. Fábio Cecílio celebrou 10 anos sobre a sua estreia na principal seleção das quinas. Com esse espírito alegre e solto, Portugal confirmou, na quadra, o que os seus jogadores vinham, em surdina, deixando escapar nos últimos dias: depois de muitos treinos e estágios, o que queriam, mesmo, era que a bola começasse a rolar a sério. Desse ponto de vista, o Panamá acabou por ser o adversário ideal, embora se candidate ao último lugar do grupo E, mesmo considerando a presença de Tadjiquistão e de Marrocos, que não são, propriamente, formações da primeira linha do futsal planetário.

O jogo da seleção nacional veio igualmente juntar Portugal ao lote dos favoritos que conseguiram impor-se inequivocamente na primeira apresentação na Ásia Central. O Brasil bateu Cuba por 10-0 e a Argentina venceu a Ucrânia por 7-1, ficando os campeões do mundo a pertencer a esta curtíssima elite que não deixou créditos por balizas alheias e arrancou em velocidade de cruzeiro para o Mundial 2024.

Com as habituais rotações efetuadas, Jorge Braz percebeu que todos os eleitos estão aptos e, essencialmente, com fome de competição. O que talvez continue a distinguir a equipa portuguesa é justamente a dimensão competitiva no jogo, a vontade de, a cada momento, fazer mais e melhor, a entreajuda entre os seus elementos e a motivação sem limites para conjugar um único verbo: ganhar. São predicados não técnicos mas com uma incontornável influência na permanente atitude, a cada segundo do encontro.

E, nesse particular, embora seja obviamente importante aguardar por testes bem mais sérios à capacidade coletiva portuguesa, talvez o atual campeão do mundo parta para este Mundial do Uzbequistão com uma ligeira vantagem sobre a concorrência direta, o que não acontecia há alguns, e foi finalmente estimulado pela conquista do título, há três anos, na Lituânia. Jorge Braz era o rosto da felicidade tranquila no final do encontro, e perguntava por retórica «que equipa vamos ser ao longo deste campeonato do mundo?». Como ele próprio respondeu, «hoje, fomos uma equipa e peras».