Corrida a um pelo título na Liga? Para já, ainda não

Talvez daqui a uns meses olhemos para as cinco primeiras jornadas e digamos que a superioridade que o Sporting evidenciava já augurava o que veio a acontecer. Neste momento é cedo para o fazer

Cinco jornadas de Liga (falta o Estrela da Amadora-Boavista desta segunda-feira) permitem já traçar um cenário sobre as forças e fraquezas na corrida ao título. O campeão Sporting, claramente, assume-se como o principal candidato — tem mais do dobro dos golos de qualquer outra das 17 equipas... Já com três pontos de vantagem sobre o FC Porto (e sobre o Vitória de Guimarães, que pôs fim à invencibilidade do SC Braga) e cinco sobre o Benfica, pode então dizer-se que estamos perante uma corrida a um pela Liga? Não. Pelo menos por enquanto.

É verdade que este leão impressiona, até quando está longe de ser impressionante. Foi menos exuberante na sexta-feira, em Arouca, do que já tinha sido noutras deslocações (6-1 na Madeira contra o Nacional e 5-0 no Algarve contra o Farense). Mesmo assim, venceu 3-0. A capacidade de encontrar espaços e criar lances de perigo, mesmo quando o adversário parece ter a lição bem estudada, faz adivinhar que será difícil que a equipa de Rúben Amorim venha a perder muitos pontos nos jogos em que tem, teoricamente, a obrigação de vencer.

Apontado no início do campeonato (quando ainda não tinha qualquer reforço) como o menos forte dos três grandes, o FC Porto conseguiu ir vencendo enquanto formava o novo plantel e este domingo, contra o Farense, já mostrou duas pedras novas no onze: Nehuen Pérez e Francisco Moura. Adivinha-se que Samu e Fábio Vieira não tardem em lá chegar, talvez mesmo Tiago Djaló, atendendo a que Otávio continua a acumular erros. O 2-1 sobre o Farense esconde tarde de domínio impressionante. Pode não estar ao nível do Sporting, mas o FC Porto está bem e recomenda-se.

E o que se viu do Benfica na Luz, no sábado, no regresso de Bruno Lage ao banco, também augura boas perspetivas para os ânimos encarnados. É cedo para se achar que este já é o Benfica de Lage — vai precisar de dois meses, parece-me, para ter a equipa como a idealiza —, mas já não ser o Benfica de Schmidt é bom princípio...

Talvez, daqui a meio ano, olhemos para estas cinco primeiras jornadas e possamos dizer que a superioridade que o Sporting evidenciava já augurava o que veio a acontecer. Mas os campeonatos não se vencem em setembro, e dificilmente se perdem. Amanhã começa a fase a doer das competições europeias, este ano mais largas na Champions e na Liga Europa, ainda por cima, e o impacto que têm na competição nacional não pode ser menosprezado. A corrida ao título ainda é a três, sim — e pela qualidade exibicional, nem afastaria o Vitória de Guimarães...