Primeira parte da entrevista com o treinador português do Al Orooba, que tem perto de 20 anos de experiência. Depois de ter conquistado títulos em diferentes países, agora está perto de subir à 1.ª divisão dos Emirados Árabes Unidos com uma época praticamente imaculada
- Como é que chegou ao Al Orooba?
- Na época passada o meu nome já andara em cima da mesa. Este ano o telefone voltou a tocar, pareceu-me um projeto atrativo, que previa como principal objetivo almejar a subida de divisão. E é outro projeto que me permite lutar por algo mais ambicioso que é algo que sempre procuro.
Segunda parte da entrevista com Bruno Pereira, que já treinou em cinco países asiáticos e teve experiências impensáveis, mas que o ajudaram na carreira
- E está a ser uma época a roçar a perfeição. 22 jornadas, apenas uma derrota e oito pontos de vantagem para o 2.º classificado. Estes resultados estão a exceder as suas expectativas?
- Não seria possível, no início da época, acreditar estar com a vantagem que temos. A verdade é que após os primeiros jogos, acreditei que podíamos aumentar a distância para os principais seguidores porque vi carácter e uma mentalidade vencedora na equipa, sobretudo em jogos em que estivemos a perder, que é um apanágio em equipas que conseguem títulos. E essa derrota, só foi após 21 jogos e se houvesse VAR o resultado seria outro. Mas não me vou desculpar com isso e vou-me já focar em conquistar o campeonato, que para mim, como treinador, seria fantástico.
- Se conseguir essa subida, pretende ficar no clube ou logo analisará outras propostas que possam surgir?
- Tal como na vida, no futebol tudo muda num instante. Quando me foi apresentado este projeto, o contrato ficou com uma cláusula de que, em caso de conseguirmos a subida, permite-me, caso eu queira, renovar o contrato com o clube. Já me abordaram no sentido de precipitar conversas para renovar já o vínculo contratual, mas fiz ver que é um pouco prematuro porque ainda não atingimos nenhum objetivo.
Conquistar três títulos em três diferentes países é um sinal de competência mais do que suficiente para trabalhar num bom projeto em Portugal.
- Como é que avalia os orçamentos das equipas da 2.ª divisão dos EAU – são equilibrados ou existe alguma disparidade?
- São 17 clubes, há seis a sete clubes com orçamentos semelhantes ao nosso, que não é o maior. O Al Dafhra e o Dibba Al Fujairah, que vieram da 1.ª divisão, têm os maiores orçamentos. Existe esse leque de seis, sete equipas, que têm um orçamento semelhante, ao redor de um milhão de euros, o nosso será quiçá o quarto maior.
Na terceira e última parte da entrevista com o treinador do Al Orooba, o português fala do seu estilo de jogo, da Liga portuguesa e das memórias que tem do futebol quando era uma criança madeirense
- Desde 2017 que não está em Portugal e por isso pergunto-lhe se sente que o seu trabalho é pouco reconhecido no nosso país?
- Sinceramente, esperava e espero que venha a ser mais reconhecido, porque se as pessoas analisarem o meu trajeto enquanto profissional, até já trabalhei na Liga 2 [no SC Braga B]. Emigrei e fruto dos projetos que escolho, já costumo lutar por troféus. Uma vez pode acontecer, agora conquistar títulos em três diferentes países é um sinal de competência mais do que suficiente para trabalhar num bom projeto em Portugal, só não é se as pessoas estiverem distraídas.
Uma das minhas metas é voltar à Europa, voltar a Portugal estaria no topo das minhas prioridades, mas teria de ser num projeto que valesse a pena. Vou continuar a trilhar o meu caminho e estou convencido que, a seu tempo, essa oportunidade surgirá.