Benfica: Rui Costa, Luís Filipe Vieira, Soares de Oliveira e Paulo Gonçalves suspeitos de alegado esquema para desvio de dinheiro da SAD

Atual presidente do Benfica e antigos dirigentes implicados em alegado esquema que lesou a SAD em quase €6 M

Rui Costa, atual presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, antigo presidente, Domingos Soares de Oliveira, durante vários anos o co-CEO da SAD, e Paulo Gonçalves, antigo assessor jurídico do clube, estão indiciados pelos crimes de recebimento indevido de vantagem e fraude fiscal qualificada.

Segundo notícia do Observador, o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) e a Polícia Judiciária (PJ) acusam os quatro de um alegado plano, desenhado entre 2014 e 2020, que desviou cerca de seis milhões de euros dos cofres do clube, através de falsos contratos de intermediação de compra e venda de jogadores.

No âmbito deste processo, Rui Costa foi recentemente ouvido, algo que o Benfica confirmou em comunicado.

14 maio 2024, 13:37

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Em causa «uma imputação de oferta indevida de vantagem e uma imputação de fraude fiscal»

Segundo noticia o Observador, o esquema era feito através da saída de dinheiro das contas bancárias da Benfica SAD para intermediação de contratação de jogadores que, na prática, nunca existiu. As faturas, falsas, recebidas através dos empresários, por sua vez, dariam origem a uma burla tributária, uma vez que a SAD encarnada apresentava-as como custos, diminuindo a coleta tributada em sede de IRC.

AS SUSPEITAS DO MP

DANIEL DOS ANJOS

O primeiro esquema está relacionado com Daniel dos Anjos, avançado que acabou por fazer apenas um jogo pela equipa principal do Benfica, jogando maioritariamente na equipa B. A acusação sustenta que, apesar de o avançado ter chegado a 'custo zero' à Luz após fim de contrato com o Flamengo, a SAD das águias pagou à empresa Olisports - detida por Adolfo Oliveira, filho de um antigo colaborador de scouting do Benfica - 1,25 milhões de euros de despesas de intermediação, mas a empresa só terá recebido, na prática, 450 mil euros por um serviço que não terá prestado.

MARCELO HERMES

Outra das contratações na mira do DCIAP e da PJ foi a de Marcelo Hermes, lateral esquerdo que assinou pelo Benfica no mercado de inverno de 2017, por 2,9 milhões de euros. Esse montante nunca constou dos relatórios e contas apresentados pela SAD e também não foi comunicado à CMVM, levantando a suspeita do MP. Hermes terminava contrato com o Grêmio dali a um mês, estranhando-se, por isso, a necessidade de investir quase €3 M, e o seu valor de mercado estava avaliado em apenas 500 mil euros. Novamente, é uma empresa de Adolfo Oliveira - Drible Gestão e Assessoria Desportiva - a suspeita de ter recebido dinheiro por uma intermediação que não fez. Hermes fez apenas um jogo pela equipa principal do Benfica.

LUÍS FELIPE

O negócio que trouxe Luís Felipe do Palmeiras para o Benfica no verão de 2014 terá levado os encarnados a pagarem mais três milhões de euros do que era suposto. O jogador foi transferido do Palmeiras para o Vitória da Baía por 570 mil euros, a 27 de junho de 2014, tendo o Benfica, quatro dias depois, pago 1,8 milhões de euros por metade do passe.

O DCIAP acredita que o jogador foi sobrevalorizado, de forma a promover mais uma saída de dinheiro dos cofres da SAD para fins ainda não conhecidos. Luís Felipe nunca vestiu a camisola do Benfica em jogos oficiais e, em 2017/18, rescindiu e assinou pelo Vitória de Setúbal, tendo sido notícia por ter provocado uma grande penalidade, no último minuto do jogo entre os sadinos e o Benfica, sobre Toto Salvio. Esse golo permitiu às águias vencerem por 2-1 e continuarem com vantagem de quatro pontos na frente do campeonato.

Também hoje, o Jornal de Notícias traz à luz mais alguns casos relacionados com este processo e sublinha que as transferências de Willyan Barbosa, Bruno Varela e João Amaral, sempre entre Benfica e Vitória de Setúbal, também estão a ser escrutinadas por DCIAP e PJ.

O Observador ressalva ainda que o DCIAP e a PJ querem concluir o inquérito e respetivas acusações a Rui Costa antes das férias judiciais, bem como em relação aos antigos dirigentes do clube sadino. A próxima diligência será com Luís Filipe Vieira e Domingos Soares Oliveira, a 12 de junho, avança o Observador.