«Agora não param de enviar-me charutos!»
Carlo Ancelotti, treinador do Real Madrid, falou das alegrias e tristezas na carreira, das dificuldades, do seu modo de liderar, de CR7 e outras estrelas em conferência no México. E abriu a porta sobre aspetos da vida privada
Quem conhece mais de perto Carlo Ancelotti sabe que o treinador italiano do Real Madrid é um homem que leva o trabalho muito a sério, mas que também sabe ser bem disposto, espirituoso e jovial. Isso mesmo ficou evidenciado durante a participação numa conferência sobre liderança, a México Siglo XXI, da Fundação Telmex, propriedade do magnata mexicano Carlos Slim, na qual Don Carletto fez um balanço da carreira, falou das alegrias e das dificuldades, de Cristiano Ronaldo e de aspetos mais privados da sua vida. Uma delas a envolver charutos e pastilhas...
«Gosto de dançar, cantar e divertir-me com família e amigos. É importante escolher o momento certo para cantar. Eu só canto quando ganhamos títulos e só no estádio. Acho que fumei um charuto apenas uma vez na minha vida, quando estava a celebrar no autocarro com os jogadores [noutra ocasião, Ancelotti explicou que nem fumou, só simulou o ato para a foto, que aqui publicamos]. Eu nunca fumo charutos, mas agora tenho a casa cheia de charutos, de presente. Assim como pastilhas. As pessoas não param de enviar-me e eu só as uso nos jogos», contou Ancelotti.
O técnico de 65 anos, que, após uma primeira passagem pelo Real entre 2013 e 2015, está ao leme dos merengues desde 2021, é conhecido pela sua tranquilidade e calma no banco. Mas será mesmo assim?
«É preciso ser sempre positivo no banco, porque é preciso falar com os jogadores. Não é verdade que eu esteja sempre calmo. Raramente me irrito, mas, quando me irrito, fico bastante zangado. O cavalo tem duas maneiras de saltar: com o chicote ou com a cenoura. Ele salta das duas maneiras. É preciso escolher. Se lhe bateres com o chicote, ele pode atirar-te para trás, se lhe deres a cenoura, ele ajuda-te», atirou o treinador, numa curiosa analogia.
Confessando que nem sempre pensou em ser treinador, Ancelotti mencionou que foram nomes como Sven-Goran Eriksson ou Arrigo Sacchi a levá-lo à carreira atual. «Um dia, no Milan [Ancelotti foi jogador rossonero de 1987 a 1992], Sacchi disse-me: "No dia em que parares de jogar, gostaria que fosses meu adjunto». Ele era um génio. Ele mudou a metodologia. foi um ótimo professor e deu-me muito, como Eriksson», confessa o técnico que, além de Real Madrid, orientou Parma, Juventus, Milan, PSG, Chelsea e Bayern, e que, juntando a carreira de futebolista e técnico, conquistou 45 troféus, entre eles sete Ligas dos Campeões!
Sendo o tema principal da conferência a liderança, Ancelotti explicou o seu modo de comandar: «É muito mais importante convencer do que impor. Um líder deve ter a capacidade de ouvir os que trabalham com ele. Eles podem sempre dar-lhe ideias que podem ajudar. É importante ouvir e não pensar que se sabe tudo só porque se é o chefe.»
Admitindo que encontra dificuldades «todos os dias» e que «as derrotas servem para crescer», o treinador italiano falou, por fim, de Cristiano Ronaldo e Mbappé, agora seu jogador. «Ronaldo continua a ser um grande profissional. Um dos melhores de sempre. Uma lenda, um grande profissional e um exemplo. Mbappé está a adaptar-se bem, sabendo que, no Real, há que dar tudo do primeiro ao último minuto. Sempre!».