Seleção: já se pode concluir que há mesmo um problema?
Modric festeja primeiro golo no Estádio Nacional (RODRIGO ANTUNES/LUSA)

Análise Seleção: já se pode concluir que há mesmo um problema?

SELEÇÃO08.06.202421:11

Dificuldades dispararam; mais dois golos sofridos; pressionar assim faz sentido?

O resultado nunca é o mais importante, virá sempre quem diga que «a acontecer que seja agora» e a reclamar que quem critica não passa de um dos arautos da desgraça, mas é muito importante tentar desconstruir um mau ensaio. Esta Seleção continua pouco fiável no momento defensivo e, desta vez, não construiu o suficiente para expor o adversário e compensar o que concedeu à frente de Diogo Costa, que até salvou os colegas de resultado mais dilatado.

As ideias de Roberto Martínez para o Europeu começam a ficar mais claras. O selecionador quer estabilizar o triângulo do meio-campo nos vértices João Palhinha, Vitinha e Bruno Fernandes, aponta para uma pressão e uma reação à perda bem altas e agressivas, e pretende, obviamente, dominar os encontros com uma posse de bola fluida. Só que do outro lado, esteve sobretudo um excelente teste: uma Croácia envelhecida, porém tremendamente esclarecida, capaz de baixar ritmos, resistir à pressão - é das melhores a ligar a primeira fase de construção a um trio de centrocampistas que se conhece há muito e mantém entre si uma química extraordinária - e sair em velocidade.

Ao mesmo tempo, no momento sem a bola, o conjunto de Zlatko Dalic soube tornar a partida desconfortável para os pupilos de Martínez. Pressionou e tornou muito complicado receber de costas para a baliza de Livakovic. Aconstrução lusa foi tudo menos fluida.

Não há Croácias na fase de grupos é verdade, todavia, o teste será útil para a Alemanha. Não só porque há algumas probabilidades de reencontro como também porque o Euro 2024 trará adversários com semelhante capacidade, sobretudo no momento da construção.

Pressionar, sim ou não?

A pressão alta é sempre um jogo do gato e do rato. Ou seja, ter ganhos com a estratégia dependerá sempre do que o adversário conseguir fazer com a bola nos pés a partir da sua baliza. Talvez diante da Croácia, pelo que se escreveu acima, baixar para um bloco médio fosse solução mais aconselhável. No entanto, também é verdade que pode ser útil afinar para checos, turcos e georgianos.

Decidir rápido e melhor

Mais preocupantes foram as facilidades dadas por Portugal perto da sua área. Diogo Costa pareceu o único ligado à corrente. À sua frente, ficou-se a ver jogar. E, do outro lado do campo, também não foi muito melhor. Hesitou-se quando não se devia. Perdeu-se tempo a decidir ou definiu-se mal. A corrigir depressa.